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O Fator Humano - Resumo Dejours

Por:   •  7/8/2018  •  1.480 Palavras (6 Páginas)  •  455 Visualizações

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Dá continuidade no terceiro capítulo apontando que a criação de um “espaço para discussão” é primordial que permite alcançar um consenso e, para que este possa funcionar, é necessário que os sujeitos envolvidos possam compreender uns aos outros, processo que não acontece naturalmente. Temos agora que a questão da comunicação desenvolve papel primordial neste espaço e suas três dimensões devem ser consideradas: a inteligibilidade, o sofrimento e as defesas contra o sofrimento e a autenticidade.

Finalizando a primeira parte da obra, Dejours aponta que o trabalho não pode nem deve ser admitido somente pelas categorias tradicionais de produção (poiésis), mas também nas categorias teóricas da ação (práxis), onde todos os elementos anteriormente citados (visibilidade, confiança, julgamento, reconhecimento, arbitragem, discussão, racionalidade comunicativa) são abordados.

Na segunda parte da obra e no que tange aos problemas epistemológicos da noção de fator humano, tem-se o questionamento: É possível analisar cientificamente o fator humano? Difícil questão, pois existem diferentes procedimentos para dar conta das condutas humanas. E prossegue, no primeiro capítulo, citando a Teoria da ação crítica da racionalidade, de Habermas, que distingue os três diferentes tipos de agir: instrumental ou teleológico, moral ou prático e o agir expressivo. A crítica da racionalidade consiste na crítica da avaliação da ação dos critérios de verdade, eficácia e utilidade e guia a uma nova questão: “Se a teoria da ação atribui à decisão o estatuto de um conceito, a deliberação pode ser suscetível de responder a uma exigência de racionalidade ou está aberta a qualquer outra possibilidade, sem recurso a nenhuma forma de ordem? ” Habermas explica que o “agir comunicativo” responde à questão da deliberação e da decisão.

Já no segundo capítulo, aborda as divisões das ciências humanas. Analisa a heterogeneidade dessas ciências que não são inteiramente histórico-hermenêuticas em sua totalidade, baseando-se no fato de que o mundo é heterogêneo sendo o homem um sujeito pertencente tanto ao mundo natural quanto ao mundo da ação. Afirma que o funcionamento humano (biológico e, em parte, comportamental) está sujeito a leis que são imutáveis, podendo essa parcela do homem que está submetido a leis, ser analisado cientificamente. Por outro lado, os homens e as sociedades (através da ação) tem uma história e, portanto, escapam parcialmente das leis da natureza. Esse escape é considerado anormal, extrapola os limites das leis naturais e decorre da liberdade (que se realmente existe está delimitada e em diálogo com a existência).

Dejours neste ponto da obra, propõe o que consideremos algumas abordagens com o objetivo de assinalar o que é atualmente aceito como fundamento epistemológico das ciências histórico-hermenêuticas, tais como a concepção de Ricoeur (o explicar é associado à linguística e não à matemática), a Sociologia da ciência (as leis não estão na natureza, são fruto da produção intelectual do cientista) a pesquisa sobre a verdade de Davidson (caracterização linguística das frases verdadeiras onde todos os enunciados tem uma propriedade de verdade) e Anscombe e a “verdade prática” (introduz a dimensão do desejo e da ideia de que o que dá sentido à ação está ligado a uma descrição de um terceiro ou do próprio agente sobre essa ação).

No Epílogo, assinala que as teorias do fator humano devem contemplar as três dimensões do funcionamento humano: biocognitiva, intersubjetiva e mobilização subjetiva. Conclui que não há, por hora, conhecimentos científicos que possam suprir a construção de um entendimento que considere essas três dimensões.

Finaliza assinalando que a noção de cooperação é importante pois abre novas perspectivas de pesquisa, estando em ruptura com o programa inicialmente proposto pela escola dos human factors, bem como permite ultrapassar o subjetivismo e o culturalismo característicos do conceito de “direitos humanos”.

CONSIDERAÇÕES PESSOAIS

Nesta obra, essencialmente crítica em sua totalidade, Dejours questiona as duas principais abordagens dentro da concepção de Fator Humano (falhas humanas e recursos humanos). Partindo de uma análise pessoal concisa e direta em relação à obra lida e em consonância com o autor, concluo que ambas concepções não possibilitam aos pesquisadores uma compreensão integral do funcionamento humano em todas as suas dimensões. De fato, construir uma base teórica com os pressupostos epistemológicos adequados para que seja possível analisar o cientificamente o fator humano é uma difícil tarefa devido à multiplicidade de compreensões acerca da conduta humana. No entanto, com todas as dificuldades epistemológicas (considerando que as algumas das teorias já existentes abrem precedentes para questionamentos em sua coerência), o olhar crítico sobre a concepção de fator humano abre possibilidade para avanços em direção a abordagens mais coesas e menos reducionistas.

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