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Autismo e a Relação com o Comportamento Social

Por:   •  12/4/2018  •  1.287 Palavras (6 Páginas)  •  365 Visualizações

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Tendo explanado um pouco sobre o autismo ficamos então mais seguros a tentar estabelecer essa relação do espectro autista com a sociedade atual. Como sabemos a sociedade não é algo imutável, pelo contrário, ela está sempre em transformação, e essa transformação surge, principalmente, através de novos eventos, fenômenos, descobertas, e a partir da relação que o homem interage com eles.

Foi assim com o Autismo; se pensarmos o espectro autista em nossa sociedade a três ou quatro décadas atrás, certamente o mesmo não era percebido com o olhar que é hoje, se ainda nos dias atuais nossos olhares sobre o transtorno estão envoltos por dúvidas, preconceitos, medo e insegurança imagina há décadas atrás. O antropólogo Roy Grinker (2010, p.24) fala sobre isso, “o autismo – como todos os distúrbios – não existe fora da cultura. É a cultura que identifica algo anormal ou errado, lhe dá um nome e toma alguma atitude, e cada cultura reage de forma diferente. [...] a doença pode ser biológica, mas nunca é somente biológica”.

Daí a se afirmar que o espectro autista está diretamente ligado ao processo de construção social, e podemos enfatizar, com papel importante, haja vista estimarem que no Brasil existam mais de dois milhões de pessoas diagnosticadas com o transtorno e não olhar para uma realidade tão presente seria fechar os olhos para o óbvio; corroborando desse pensar Nogueira et. al. (2015, p.67) escreve “a emergência da visibilidade do autismo, expressa no aumento das taxas de prevalência e também nas mudanças na forma de ver, indica mudanças nos processos sociais”

E com isso surge a necessidade da inclusão do autista na escola, no mercado de trabalho, de políticas públicas voltadas para eles, de campanhas de esclarecimentos e até publicitárias tendo os mesmos como um bom nicho de consumo; assim o preconceito e o medo vão se transformando em informação, e aí o que era novo vira algo comum, e à medida que há essa interação um novo comportamento social pode ser observado.

É sabido que os autistas tendem a viver em um mundo próprio, contudo, hoje a sociedade não pode apenas vê-los isoladamente, e sim como sujeitos ativos de direitos e deveres em nosso meio, ou seja, como um cidadão normal; vale ressaltar que já possuímos uma legislação própria acerca do tema, a Lei 12.764/2012 ou Lei Berenice Piana que trata sobre a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, e temos avançado ainda mais em outras tantas políticas públicas.

Concluímos com o entendimento de Caminha et. al. (2016) “À sociedade, diante destes fatos, cabe proteger esta parcela, minoria não tão pequena assim, estabelecendo-se regras, condutas que minimizem a vulnerabilidade de seus membros”.

Sabemos ser esse um processo relativamente novo, ainda estamos engatinhando nesse novo comportamento social, mas as mudanças já são perceptíveis em nosso meio; personagens autísticos foram criados para desenhos e quadrinhos com forma de interação, nossa literatura sobre o tema se expande, novelas e filmes abordam cada vez mais essa temática, já possuímos uma política nacional de proteção, empresas buscam cumprir seu papel social contratando mais jovens autistas, modelos alternativos de escola começam a existir, dentre outros.

E cada vez mais a sociedade deve buscar se preparar para conviver com as diferenças, não de forma segregadora, mas sim igualitária e inclusiva, como defende Nogueira et. al. (2015, p.75) “a existência dessas pessoas nos lembra de que é preciso transformar o mundo. As perspectivas para o sujeito autista são as perspectivas que nossa sociedade, enquanto projeto coletivo em ação, conquistarem”.

REFERÊNCIAS:

CAMINHA, Vera Lúcia et. al. Autismo: Vivências e Caminhos. 3º edição, SP, Blucher, 2016.

GRINKER, R. Roy. Autismo: um mundo obscuro e conturbado. São Paulo: Larrousse do Brasil, 2010.

MELLO, Ana Maria S. Ros de. Autismo: guia prático. 7º edição, SP, AMA, 2009.

NOGUEIRA, Maria Luísa Magalhães et. al. Cadernos de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento. São Paulo. Mackenzie, 2015.

SILVA, Ana Beatriz Barbosa et. al. Mundo Singular: entenda o Autismo, 2° edição, SP; Fontanar, 2012.

SOUZA, Pedro; SANTOS, Isabel. Caracterização da Síndrome Autista. Psicologia.com.pt. Portal dos Psicólogos. Universidade de Coimbra, Portugal. Disponível em: . Acesso em: 05

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