A SAÚDE DO TRABALHADOR: O CUIDADO DA SAÚDE DE QUE CUIDA DA EDUCAÇÃO
Por: Carolina234 • 30/5/2018 • 1.975 Palavras (8 Páginas) • 322 Visualizações
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Diante de uma estrutura sólida e do respeito adquirido por toda a comunidade, a instituição amplia seu papel social, firmando um convênio com a Prefeitura Municipal de Juazeiro/Ba, dando origem à Escola Tereza D'Avila, que hoje possui 453 alunos matriculados, cuja idade varia entre 0 a 10 anos. Em contrapartida, o município auxilia a instituição enviando insumos alimentares que são preparados para que as crianças possam alimentar-se. Assim sendo, é oportuno ressaltar que a instituição é filantrópica, e que se mantêm por meio de convênios, doações e recursos oriundos de projetos sociais, isentando totalmente as famílias favorecidas de qualquer custo.
Para propiciar o bom funcionamento a instituição encontra-se estruturada com um conselho deliberativo ou superior, a direção, com o serviço da psicóloga servindo como “staff”, médico, coordenação administrativa e seu corpo de funcionários, coordenação pedagógica, uma brinquedista e 23 professores do ensino infantil e fundamental.
Durante a imersão na instituição, foi percebido que aquelas pessoas, professores, que deveriam cuidar das crianças, necessitavam de cuidados, visto que apresentavam queixas indicativas de um processo de adoecimento laboral, tais como cansaço físico e mental extremo e contínuo, rouquidão intermitente, dores musculares, irritação, perda da qualidade do sono, absenteísmo, entre outras.
Essas queixas sinalizaram a necessidade de aprofundar a observação da rotina institucional, particularmente das professoras, pois, buscando-se a ampliação da percepção e da compreensão do processo a que estavam sendo acometidas, e também da psicóloga, para que pudéssemos nos apropriar, por meio da observação da postura, conduta e manejo profissional diante do contexto citado, para que alicerçasse e contribuísse para a formação dos futuros profissionais da Psicologia, justificando então uma implicação maior no contexto institucional, sobre o tema, e na construção deste artigo.
Ao nos inserirmos neste contexto, nos implicarmos com a temática, e assistirmos à atuação da profissional de Psicologia, estamos falando de uma significativa contribuição para a formação do futuro Psicólogo, pois está havendo um entrelaçamento entre a fundamentação teórica com as experiências práticas, obtidas através do trabalho em campo, nas observações e vivências relacionadas à área de conhecimento, o que permitirá desenvolver uma postura crítica-reflexiva e comprometida, que promova no futuro práticas contextualizadas de intervenções de forma ética, que objetiva o bem-estar de cada indivíduo, o desenvolvimento humano, a consolidação da cidadania. Neste diapasão, adotamos como marco teórico-conceitual os textos de Gasparini, Barreto e Assunção (2005) que fala sobre o professor, as condições de trabalho e os efeitos sobre sua saúde, e Moreno-Jimenez et al. (2002) que versa sobre a avaliação da Síndrome de Burnout em professores. Ambos os trabalhos tratam sobre a saúde mental de professores, e que, todavia, sofrem em consequência das suas atividades laborais, trazendo consequências para si e para outros, sejam eles alunos, outros professores, efetivo administrativo, ou mesmo a própria gestão escolar.
Desenvolvimento
Metodologia
Assim, para que possa ser apresentado o percurso trilhado durante a inserção no campo cartográfica na instituição, será utilizada uma narrativa originada dos registros feitos nos Diários de Campo que possibilitará o compartilhamento das experiências vivenciadas durante aquele período.
Assim, a base da narrativa será permeada das percepções, das experiências e das vivências individuais e coletivas dos autores, norteadas não por uma pergunta constituída “ a priori”, mas quando da imersão e implicação naquele contexto, que foi sendo percebido a cada visita ao campo de imersão, a cada interação. Portanto, diante do contexto vivenciado elaboramos a pergunta norteadora: como está a saúde mental dos professores da Instituição Fundação Lar Feliz?
O início da coleta de dados, por assim dizer, foi bastante complicado, uma vez que a rotina institucional demanda muito do nosso público alvo: os professores, e além disso, não sabemos o que houve, mas provavelmente no início não havia tipo algum de vinculo, e olhando hoje, ainda não sabemos que tipo de vinculo que criamos, e se criamos, e vale ainda uma reflexão: criar vínculos é algo extremamente difícil.
Pensamos em aplicar um questionário qualitativo, elaborado pelo grupo, com base nos textos lidos, porém, ainda não parecia o momento certo. Até que surgiu a oportunidade da psicóloga da instituição nos convidar para uma intervenção com as professoras, algo que não fosse maçante e que as permitisse verbalizar suas angústias. Aceitamos de pronto, aquele dia foi nosso impulso e motivação de continuar o que outrora parecia tão distante.
Na intervenção, utilizamos primeiramente, dinâmicas de relaxamento e que instigasse a imaginação, que as pusesse ( as professoras) em outro lugar, as mesmas puderam falar de onde lhes era aprazível e o porquê, e tentávamos incitar reflexões com questionamentos. Utilizamos também uma outra dinâmica, onde as professoras colocavam dentro de um recipiente suas angústias laborais, as palavras eram sorteadas e redistribuídas, de modo que umas pegassem as palavras de suas colegas e tentassem ressignificar aquelas vivências.
Foi um momento muito rico para o grupo, uma vez, que fomos que assumimos de fato o papel de psicólogos, inclusive primeira vez para alguns de nós. E por esse motivo foi difícil também, porque, devíamos sair do papel de senso comum e achismo e guiar de forma mais robusta, contando com arcabouço teórico. Mas, acima de qualquer coisa, devíamos promover o encontro. Delas com elas mesmas, delas com as outras e por incrível que pareça, um encontro nosso tudo que já havia sido visto na academia, com nossas experiências e com nossas dificuldades em ouvir, de fato, o que o outro quer dizer.
Voltando à intervenção, elaboramos uma breve palestra que visava alertar acerca do que estresse, quais seriam os sinais que um corpo estressado manifesta, o que fazer com eles, e como evitar que o stress se torne patológico. Contamos com a participação de um Educador Físico, que as ensinou massagens rápidas, ginástica laboral, e que incentivou a práticas de exercícios, a atenção com a alimentação e algo interessante que ele citou, foi que elas deveriam reservar um momento delas, para se olhar, prestar atenção em si e se cuidar.
Além dessas atividades,
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