O Desperdicio alimentar
Por: Salezio.Francisco • 16/6/2018 • 6.414 Palavras (26 Páginas) • 330 Visualizações
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Muitas vezes a falta de informação sobre o aproveitamento dos alimentos e seus princípios nutritivos ocasiona o desperdício de toneladas de recursos alimentares. Atualmente no mundo, segundo a FAO, são desperdiçados cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos por ano, porém 300 milhões de toneladas poderiam alimentar 870 milhões de pessoas segundo o Diretor Geral da FAO, José Graziano da Silva (PNUMA, 2013).
A Secretaria da Agricultura realizou uma pesquisa analisando o consumo de comida comprada por uma dona de casa e concluiu que 30% se destinam ao lixo. Dados de especialistas em coleta urbana estimam que cada morador de cidades produza um quilo de lixo por dia. Desse total, 50% a 70% seriam de alimentos (BRADACZ, 2003). Cerca de 60% dos alimentos adquiridos pelos consumidores para sua residência vão para o lixo (ROCHA, et al 2009).
2.2 Reaproveitamento de alimentos
Através do aproveitamento integral dos alimentos é possível reduzir o desperdício, diminuir os gastos com a alimentação e melhorar a qualidade nutricional das preparações com alimentos que não são de habitual consumo das pessoas como casca, folhas, talos e sementes (LELIS, 2013).
Mudar a realidade do desperdício de alimentos é mudar valores sociais, adicionando à prática da culinária, economia com sabor e qualidade (VILHENA et al., 2007).
O nutricionista tem o dever de conscientizar a população sobre o uso correto dos alimentos. O aproveitamento integral dos alimentos tem como foco principal complementar as refeições e reduzir os custos (GONÇALVES, 2009).
O desperdício de alimentos por longo prazo pode aumentar a problemática da fome. Com o crescimento desordenado da população, o reaproveitamento de talos, cascas, sementes e folhas vindos das verduras, legumes e frutas pode contribuir para a diminuição da prevalência da fome, incentivando uma alimentação saudável e econômica, beneficiando a todos.
Observa-se que, na população do sudeste o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) detectou a prevalência de inadequação da ingestão dos seguintes nutrientes em cálcio, magnésio, manganês, fósforo, vitamina A, vitamina D e vitamina E. Junto a estas deficiências, soma-se ao alto consumo de sódio, que no Brasil está em torno de 12g/dia, quanto na verdade deveria ser 5g ao dia, contribuindo desta forma para o aumento da prevalência da hipertensão arterial sistêmica na nossa população.
Este trabalho visa o levantamento, junto à população, da prevalência da inadequação/adequação de nutrientes e conhecimentos, atitudes e práticas sobre o aproveitamento de partes de alimentos não convencionalmente utilizadas. O projeto será composto da coleta de dados sobre o reaproveitamento dos alimentos nos domicílios do bairro Rosa Cruz, Mogi-Guaçu, SP e levantará os motivos pelos quais estes alimentos são desprezados. Ainda, proporá receitas para o reaproveitamento dos alimentos mais disponíveis nos domicílios a partir do levantamento feito junto aos domicílios.
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3 OBJETIVOS
3.1 Geral
O objetivo deste trabalho é avaliar a frequência do desperdício de alimentos que poderiam ser reaproveitados, nos domicílios do bairro Rosa Cruz localizado em Mogi Guaçu- SP e investigar o impacto do reaproveitamento na disponibilidade de nutrientes nos domicílios pesquisados.
3.2 Específicos
Elencar os alimentos frequentemente desprezados, avaliar o impacto nutricional deste desperdício e concomitante, orientar a população sobre a forma de aproveitamento destes alimentos no intuito de otimizar a disponibilidade e a biodisponibilidade de macro e micronutrientes, contribuindo desta forma para o aumento do aporte nutricional e tornar a alimentação destas pessoas mais saudável. A aplicação do questionário será no bairro Rosa Cruz localizado em Mogi Guaçu-SP.
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4 METODOLOGIA
4.1 Casuística
Dezenove mulheres e um homem foram entrevistados por meio de um questionário de múltipla escolha sobre o reaproveitamento de alimentos nos seus domicílios.
A faixa etária das mulheres variou entre 22 e 61 anos e eram todas responsáveis pela elaboração das refeições. O homem entrevistado tinha 54 anos e também era o responsável pela elaboração das refeições no seu domicílio.
Para analisar a ingestão alimentar, foi selecionado 50% dos entrevistados. O homem e nove mulheres com idade variando entre 22 e 61 anos.
4.2 Método
Este trabalho foi realizado por meio de um questionário auto aplicativo, contendo doze questões de múltipla escolha.
O questionário foi aplicado em 20 domicílios sendo que em 50% foi aplicado também o recordatório de 24h em dois dias não consecutivos com o intuito de levantar a prevalência de adequação/inadequação da ingestão de nutrientes.
Os dados obtidos foram tabulados e processados no software Excel 2007, da empresa Microsoft®.
A análise sobre a prevalência de adequação/inadequação da ingestão dos nutrientes foi realizada segundo a metodologia do Institute of Medicine dos Estados Unidos (IOM, 2006). Assim, para os nutrientes com valores de referência de Estimated Average Requirement (EAR) – Necessidade média estimada, foi calculada a probabilidade de ingestão adequada pela fórmula do z-escore abaixo.
.....(1)[pic 1]
onde: DP da necessidade=Desvio padrão da necessidade calculada como o coeficiente da variação (CV) vezes o EAR. DP da variação intrapessoal= Desvio Padrão (estimado nos relatórios das Dietary Reference Intakes (DRIs) originais utilizando os dados do Continuing Survey of Food Intakes by Individuals (CSFII)). AI= Ingestão Adequada. EAR= Necessidade Média Estimada. UL=Limite Superior Tolerável de Ingestão.
Para Adequate Intake (AI) – Ingestão adequada e o Tolerable Upper Intake Level (UL) – Limite superior tolerável de ingestão, o z-escore foi calculado utilizando-se as seguintes fórmulas:
......(2)[pic 2]
......(3)[pic 3]
onde:
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