Impactos da Constipação intestinal na alimentação e no trabalho

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Além disso, cabe verificar como a constipação intestinal interfere nos hábitos alimentares dos trabalhadores, principalmente quando inseridos naquele ambiente, partindo do pressuposto de que portadores de constipação intestinal, apesar de terem ciência da dieta adequada, não praticam hábitos alimentares salutares no local de trabalho, onde permanecem por expressivo período de tempo, de, pelo menos, quarenta horas semanais.

Diante dessas hipóteses, foram realizadas entrevistas e análises, com foco qualitativo, com pacientes crônicos constipados, de forma a determinar impactos da Constipação Intestinal nos hábitos alimentares e no estado psíquico dentro do ambiente de trabalho.

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Métodos

Após consolidado o objetivo do trabalho foi elaborada roteiro de perguntas, na intenção de se abordar a Constipação Intestinal e seus efeitos na atividade laboral dos entrevistados. As entrevistas foram realizadas mediante autorização da coordenação e dos profissionais que acompanham as pacientes, no CEASC (ambulatório da UNIFENAS – Belo Horizonte) e gravadas, com permissão das cinco entrevistadas, sem qualquer tipo de identificação. Os entrevistados foram estimulados a discorrer de forma livre e espontânea, diante de manifestações relacionadas à moléstia em análise, notadas durante o trabalho.

Os comentários dos pacientes foram selecionados pela equipe em citações diretas, de forma a preservar a oralidade de cada paciente entrevistado e com isso propiciar maior veracidade à fonte de dados. A partir da obtenção de dados, procedeu-se à análise da percepção subjetiva dos pacientes, relativa aos impactos da CI no dia a dia de trabalho, com ênfase na alimentação durante esses períodos.

Desse modo, foram selecionadas informações, que, nortearam o alcance dos objetivos estabelecidos neste projeto, a partir da discussão elaborada e resultados obtidos.

Resultados

Foram obtidos relatos de cinco pacientes com constipação crônica, sendo 100% do sexo feminino, com idades que variam de 22 e 63 anos, sendo a média etária de 41,2 anos.

Com relação às atividades de trabalho exercidas pelas entrevistadas foram obtidos relatos indicando rotinas de trabalho com duração de oito a dez horas diárias, descritas como atividades que demandam baixos níveis de esforços, porém alto grau de resistência, já que são extensos os períodos que permanecem de pé e em movimento.Com relação ao tipo de atividade exercida, quatro entrevistadas são diaristas domésticas e uma delas é auxiliar de dentista.

A partir das entrevistas, foi possível identificar que o incômodo da constipação intestinal interfere no humor das pacientes, gerando irritabilidade e, por conseguinte, prejuízo à produtividade no trabalho (figura 1). Fato estes, evidenciados nos seguintes trechos extraídos das entrevistas com pacientes portadores do distúrbio:: “é horrível, tenho dificuldades de fazer tarefas simples, ela me causa um peso. É muito difícil, porque as fezes ficam se acumulando. Muitas vezes eu até deixo de trabalhar. A constipação intestinal influencia negativamente no meu trabalho quando estou com ela." Acredita que o inchaço e dor causadas pela constipação influencia negativamente em meu trabalho, também sinto gases e fico mau humorada.”

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Figura 1: Indagadas se a constipação influencia no rendimento no trabalho, obteve-se um padrão majoritário (80%) de respostas positivas, no sentido de que, tal moléstia traz desconfortos abdominais e irritabilidade, dificultando ainda relacionamentos interpessoais naquele ambiente. A não interferência que foi relatada, conforme informação, estaria amparada por acompanhamento psicológico específico.

Também foram recorrentes as afirmativas das entrevistadas que indicam a consciência sobre a importância de uma alimentação equilibrada, composta de fibras, frutas, vegetais e água, de forma a prevenir pioras no quadro de constipação.

Por isso, foram unânimes em dizer que, em razão do problema gastro intestinal em estudo e conforme recomendação medica, procuram manter hábitos alimentares saudáveis, principalmente no trabalho, com ingestão regular de alimentos frescos líquidos, conforme assertivas extraídas das transcrições, sendo: “procuro alimentar sempre na hora certa; os médicos sempre falam que é para tomar água e comer frutas”; procuro comer mamão, ameixa preta, coisas com fibras”; Quando não bebo água fico muito ressecada e por isso sei a importância de tomar líquidos”.

Contudo, ressaltaram varias limitações inerentes à função exercida no trabalho, como excesso de tarefas, que comprometem a manutenção continua de hábitos alimentares saudáveis, tendo em vista uma rotina extenuante, que somada ao estresse que a constipação acarreta, gera uma espécie de retroalimentação positiva do problema, já que a constipação resulta em irritações e desequilíbrios que pioram ainda mais o quadro.

Fato este, extraído das entrevistas em trechos do tipo: “gosto muito de comer verdura de folha como couve e alface, além de legumes que soltam o intestino como beterraba e milho. Não é sempre, porque às vezes na correria do dia a dia não consigo comprar”. A gente come meio mal, porque é muito corrido o trabalho. Como só pão, biscoito, a prefeitura não fornece lanche e a gente que leva” ( figura 2).

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Figura 2: Apesar de a constipação intestinal trazer à consciência de 100% dos entrevistados sobre a necessidade de alimentações saudáveis que regulam a motilidade intestinal, o fato de estar no trabalho interfere negativamente para 60% dos entrevistado, que têm suas dietas afetadas em razão das limitações existente durante as atividades exercidas.

DISCUSSÃO

Inicialmente, conforme se esperava, foi encontrado predominância de entrevistados do sexo feminino, apontando maior prevalência de CI em mulheres. Isso pode ser atribuído ao fato de que Indivíduos do sexo feminino requerem uma menor demanda energética e, portanto, tendem a ingerir uma menor quantidade de alimentos e fibras podendo este fato estar associado à constipação intestinal, visto que, este nutriente proporciona benefícios ao funcionamento do intestino.1

Conforme observado, a maioria dos casos de constipação intestinal, é consequência de uma alimentação deficiente de fibras e ingestão insuficiente de água, sendo esta carência nutricional