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HISTÓRIA DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL: UM BALANÇO PRÉVIO E NECESSÁRIO

Por:   •  27/4/2018  •  7.928 Palavras (32 Páginas)  •  324 Visualizações

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Embora neste artigo os princípios a partir dos quais Naess define a abordagem da “ecologia profunda” sejam apresentados resumidamente, eles apontam para uma visão ecológica de mundo coesa e para algumas implicações éticas e políticas.

A “ecologia profunda” poderia significar:

[1] Que nosso mundo é ecológico, ou seja, relacional, por sua profundidade ontológica;

[2] E que nossa relação com a natureza tem que ser reinterpretada a luz disso.

Quando a “ecologia profunda” é compreendida desse modo, ela converge com uma corrente interdisciplinar de pensamento que foi desenvolvida por volta dos anos 80 e que foi algumas vezes descrita como constituindo um “novo paradigma”.

O “novo paradigma” foi em geral definido em contraste com o “paradigma dominante”, que foi basicamente o paradigma do “Iluminismo Europeu”.

O Iluminismo foi construído sobre a visão cientifica clássica da natureza e da visão liberal de sociedade. A partir da perspectiva do Iluminismo:

[a] O mundo físico foi compreendido em termos mecanicista, como consistindo de um reino inerte com um conjunto de partículas autônomas em movimento segundo as leis cegas da física.

[b] A sociedade humana foi compreendida como um agregado de indivíduos racionais autônomos dirigidos conjuntamente pela lei “cega” do auto-interesse (Mathews, 1991).

Princípio de Divisão

Fundamental para a visão Iluminista de mundo foi o principio de divisão.

Visão cientifica clássica da natureza

A matéria foi dividida em parcelas logicamente independentes e a sociedade em indivíduos logicamente independentes.

Em um mundo de unidades lógicas, atributos foram localizados em particulares específicos, mais do que em realidades difusas. Assim:

[a] Atributos moralmente significantes (tais como, mentes) poderiam ser dualisticamente separados de atributos moralmente insignificantes (tais como, materialidade);

[b] E particulares dotados de mente estavam acima de particulares não dotados de mente, criando assim uma hierarquia de valor moral.

Dessa maneira, seres humanos, como possuidores de mente, constituíam um conjunto a parte e acima do resto da natureza. A natureza, enquanto completa de materialidade, poderia ser propriamente subordinada aos propósitos humanos e desprovida de sua própria inteligência tornando-se transparente para a ciência humana, como um mero objeto de exploração e investigação.

Visão liberal de sociedade

Da pressuposição de que as coisas são em sua natureza fundamental dividas e separadas, somos rapidamente conduzidos ao mundo de oposições e hierarquias, no qual alguns grupos parecem estar justificados em tomar o controle sobre outros grupos e assim, a humanidade, em particular, parece estar justificada e capacitada de realizar a agressão a natureza.

O paradigma, baseado no principio de divisão da realidade na qual há partes ou unidades independentes, foi contrastado nos anos 80 por pensadores advindos do ramo da física, mais propriamente da teoria dos sistemas, cujo paradigma era relacional e mais holístico. Embora pensadores em diferentes disciplinas tenham elaborado esse último paradigma de diferentes modos, a realidade física era em geral representada por eles como dinâmica, indivisível ou em termos sistêmicos, com o indivíduo realizando sua identidade a partir de um amplo sistema dentro do qual ele estava inserido. Segue-se que em tal mundo os atributos de um indivíduo seriam uma função ampla do sistema ao qual ele pertence. Atributos privilegiados, tal como mente, não seriam considerados como exclusivamente pertencentes aos indivíduos, em particular os seres humanos, mas antes devem ser vistos como expandidos para a natureza mais ampla.

Dessa maneira, ao fazer do próprio sistema o lócus de todos os atributos, a justificação para classificar alguns indivíduos como “melhores” que outros, em razão dos seus “melhores” atributos, é eliminada no interior do paradigma relacional. A relacionalidade é assim um antídoto tanto para a organização dualista dos atributos, tais como, mentalidade e materialidade, quanto para a construção de hierarquias morais – hierarquias de “melhor” e “pior” na ordem dos seres.

(O mesmo modelo relacional pode ser aplicado à sociedade. A sociedade como âmbito de discursos lingüísticos e práticas culturais, tem primazia ontológica e os indivíduos alcançam sua realização de acordo com sua posição dentro desse âmbito. A partir desse ponto de vista, atributos pessoais privilegiados [tal como ‘talento’] seriam considerados em função de sociedades particulares mais do que a exclusiva preservação do individuo que o manifesta).

O primeiro dos princípios da ecologia profunda de Naess, isto é, sua “rejeição da imagem homem-no-meio-ambiente em favor da imagem relacional âmbito-total” (Naess, 1973) foi um anúncio de uma idéia que se tornou, nos anos 80, uma fronteira transdisciplinar, um “paradigma da mudança” no pensamento ocidental, para uma forma de conhecimento organizada em torno de princípios de relacionalidade mais do que de divisão, formas de conhecimento que já incluía um amplo comprometimento com o “igualitarismo” ontológico, como Naess tornou explicito no segundo principio de sua ecologia profunda, a saber, o principio de “igualitarismo biocêntrico”. Os outros cinco princípios seguem mais ou menos com naturalidade esse gênero de premissa.

Isso foi como uma nova visão “ecológica” de mundo.

A partir do “paradigma da mudança”, é que a “ecologia profunda” foi compreendida por alguns de seus interpretes e seguidores (Fox, 1984; Devall e Sessions, 1985). Todos concordaram que, embora Naess tenha desenvolvido sua própria versão dessa visão de mundo, o núcleo do “principio relacional” poderia ser elaborado em uma grande variedade de modos e com uma variedade de instrumentos culturais e conceituais, a partir da matemática, da ciência, da religião, da poética e da mitologia. Naess mesmo sofreu inúmeras influências filosóficas incluindo Espinosa, Gandhi e de certa forma a ontologia fenomenológica e a gestalt, ao desenvolver sua própria “ecosofia” como ele designa sua percepção

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