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DESASTRE AMBIENTAL NO RIO DOS SINOS

Por:   •  25/3/2018  •  2.414 Palavras (10 Páginas)  •  443 Visualizações

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A elevada carga orgânica de origem industrial e cloacal, a estiagem ocorrida na região nos últimos anos, a temperatura elevada da água, a retirada excessiva de água do rio para fins agrícolas, a falta de mata ciliar e a baixa vazão do rio constituíram motivos determinantes para a queda do nível de Oxigênio Dissolvido, que atingiu níveis impróprios para a vida aquática, levando os peixes à morte.

Além dessas variáveis, deve-se ressaltar o esforço empreendido pelos animais durante a piracema e o grau de estresse nas condições ambientais e orgânicas prevalecentes, que acabaram por contribuir para as grandes proporções do desastre.

2 DESENVOLVIMENTO

Desastre ambiental mata quase 100 toneladas de peixes no Rio dos Sinos, um dos mais importantes da Região Metropolitana de Porto Alegre, sofreu um novo desastre ambiental no ano de 2006. Segundo estimativa da Fundação Estadual de Proteção ao Meio Ambiente do Rio Grande do Sul (FEPAM), entre 10 e 15 toneladas de peixes morreram. A nova mortandade foi descoberta sábado. Já é o terceiro caso desde o desastre ambiental de outubro quando morreram outras 80 toneladas de peixes de várias espécies. A reportagem é de Marco Aurélio Weissheimer e publicada pela Agência Carta Maior, 19-12-2006

Segundo o diretor técnico da FEPAM, Jackson Muller, a temperatura da água na faixa dos 30° (seis acima da média), o baixo nível de oxigênio e a reduzida vazão do rio contribuíram para que a poluição ficasse mais concentrada e provocasse a nova mortandade de peixes. Em alguns pontos, acrescentou, o nível do rio está mais de um metro abaixo do nível normal. Nesta segunda, a Fepam volta a ativar injetores de oxigênio em Sapucaia do Sul e São Leopoldo para tentar reduzir o estrago. A poluição que está matando o Rio dos Sinos é resultante de um conjunto de fatores: resíduos resultantes da intensa atividade industrial na região que é um polo produtor de couro e calçado, falta de tratamento adequado de esgotos domésticos e captação da água do rio para irrigar lavouras de arroz. O problema é crônico e só vem se agravando nos últimos anos.

“É o maior desastre ambiental no Rio dos Sinos em 40 anos”, segundo Muller. Foram recolhidas 100 toneladas de peixes de 16 espécies – Cascudo, Grumatã, Viola, Cará, Jundiá, Cará , Lambari, Piava, Traíra, Dourado, Branca, Mandi, Pintado, Biru, Biru (2), Voga – além de exemplares de outras duas espécies exóticas de peixes.

A mortandade foi causada por um conjunto de fatores coincidentes. O rio estava com o nível baixo em função das chuvas que foram insuficientes no inverno e da captação de água fora do normal para as lavouras de arroz. Fora isso, a água estava sendo represada pelo vento e, em alguns pontos, pelo assoreamento.

Para completar o quadro da tragédia, uma carga maior de efluentes tóxicos foi lançada por indústrias, fato bastante comum nos fins de semana. No ponto em que se concentrou essa carga, o oxigênio foi a zero, matando os cardumes que subiam em direção à nascente. “Esse episódio é um divisor de águas”, avalia Muller, lembrando que o problema é recorrente e cumulativo. “A situação do rio vem se deteriorando ano a ano”, diz. Na verdade, há meio século a mortandade de peixes no Rio dos Sinos já era preocupação do ecologista Henrique Luís Roessler, o primeiro a denunciar a transformação do rio num esgoto a céu aberto.

Nas considerações, igualmente, não se devem acrescentar elementos que não foram tratados no desenvolvimento.

Autoridades públicas e empresariais ficam jogando a culpa uns nos outros e a população também não se mobiliza para pedir medidas enérgicas que interrompam a morte do Rio dos Sinos. Agora, no final de 2006, a situação está chegando a um ponto crítico. O número de peixes mortos nos últimos meses já se aproxima de 100 toneladas. O baixo índice de chuvas registrado nas últimas semanas contribui para o agravamento do problema, uma que vez que causa – juntamente com a captação da água para irrigar lavouras – a diminuição da vazão do rio.

Ninguém assume responsabilidade no dia 23 de novembro, os conselhos de Infraestrutura e de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS) emitiram um parecer isentando as empresas da região pelo desastre ecológico no rio e atribuindo toda a culpa ao setor público que não teria investido o que deveria em saneamento básico. Na época, o coordenador do Grupo temático de Saneamento da FIERGS, Edgar Cândia, disse que o prejuízo causado pelas indústrias era "pouco acima do zero".

Segundo ele, as empresas têm plena consciência de seu papel e estão trabalhando para reduzir a poluição na região. Se estão trabalhando, a eficácia desse trabalho deixa muito a desejar pois a mortandade de peixes continua. Além de culpar o setor público, a FIERGS apontou como responsáveis pelo desastre ambiental a baixa vazão do rio, a piracema e a temperatura alta desta época do ano, que acelera o consumo de oxigênio.

O problema da falta de oxigênio do Rio dos Sinos, que resultou na mortandade de peixes, é causado pelo esgoto doméstico e pelos lixões. Esta é a principal conclusão do trabalho realizado pelo Grupo Temático de Saneamento do Conselho de Infraestrutura e pelo Conselho de Meio Ambiente da FIERGS divulgado na quinta-feira (23), na sede da entidade. Conforme o coordenador do Conselho de Infraestrutura, Ricardo Portella Nunes, das cargas poluidoras lançadas na bacia, 89% é de esgotos e apenas 11% são de resíduos industriais. Além disso, os resíduos das indústrias são tratados antes de serem despejados e estão dentro dos parâmetros permitidos pela FEPAM, lembrou. Ele destacou que do ano de 2000 para cá já houve novos investimentos das indústrias. O percentual deve estar em torno de 5% a 7%, concluiu. O estudo apresentado mostra que se as empresas inadimplentes devem arcar com suas responsabilidades e corrigir eventuais falhas, de outra parte não se justifica a tentativa de transferir responsabilidades a todo um setor industrial que vem atendendo, com imenso esforço, e elevados custos aos padrões ambientais estabelecidos. A FIERGS não compactua com quem não cumpre a lei. Esta casa é cristalina, afirmou o coordenador do Conselho de Meio Ambiente, Torvaldo Marzolla Filho. Ele salientou ainda que o Rio Grande do Sul está entre os cinco Estados com menos investimentos em saneamento básico.

O estudo mostra que o Poder Público tem que investir cerca de R$ 500 milhões na área de saneamento para atender a população superior a um milhão de habitantes da Bacia

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