Análise do artigo "Aspectos taxonômicos de Neoteredo reynei''
Por: SonSolimar • 13/2/2018 • 1.517 Palavras (7 Páginas) • 462 Visualizações
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servindo de base para uma boa discussão.
4. Resultados
Após os oito meses de coletas, verificou-se que 36 espécimes de Neoteredo reynei foram coletados, sendo a maior delas com aproximadamente 36 cm. Os organismos foram encontrados em troncos em estado de decomposição, isoladamente e não houve assentamento de teredinídeos nas placas de madeira durante os oito meses em que ficaram instaladas. A temperatura média foi de 24°C enquanto a salinidade variou entre 10 a 25 PSU.
Sobre as características morfológicas encontradas em N. reynei, temos o corpo vermiforme e delgado, manto espesso com coloração branca translúcida em indivíduos vivos. Quando fixados, essa coloração passa a ser amarelada. O manto é fechado em todo seu comprimento exceto na região anterior por onde se movimenta o pé e na porção posterior na região do colar do manto. Possui umbo anterior com depressão lisa.
Na face externa da concha no lobo anterior, há ornamentações contendo dentículos responsáveis por perfurar a madeira. A disposição da boca e dos músculos adutores segue a regra dos dimiários típicos. O músculo adutor anterior possui coloração esbranquiçada em espécimes vivos e acinzentada em espécimes fixados, já o músculo adutor posterior possui coloração avermelhada. O pé é discóide e ventral ao músculo adutor anterior. O coração é alongado e localizado na porção anterior, constituído de ventrículo anterior a aurícula. Em indivíduos vivos a coloração do ventrículo é avermelhada e das aurículas uma coloração escura. O canal anal é amplo, extenso e dorsal à massa visceral, ocupando mais da metade do corpo. O estômago é globular ou liso, constituído de um apêndice ventral ao canal anal.
Na porção posterior, próxima do colar do manto que circunda os sifões, há duas projeções denominadas lapelas dorsais. Os ctenídios são restritos a porção posterior do corpo ocupando um pouco menos que um terço do comprimento corporal. Um par de paletas calcárias circunda os sifões (inalante e exalante) e possui formato espatuliforme, com uma única lâmina calcária e sólida. O pedúnculo é cilíndrico e longo, podendo ter comprimento igual ou maior que a lâmina calcária.
5. Discussão
Neoteredo reynei é uma espécie exclusiva de ambientes estuarinos (Muller, 2004 apud De-Carli e Manzi-Decarli, 2012). No Brasil ela é encontrada principalmente nos estados de: Alagoas, Pará, São Paulo e Paraná.
No artigo analisado, em todas as coletas os indivíduos de N. reynei foram encontrados isolados de outras espécies, com tamanho corporal dos indivíduos variando entre 10 a 36 cm. No manguezal de Ubatuba (SP), em que foram realizadas as coletas, apenas foram encontrados indivíduos N. reynei. Lopes (1991) encontrou sete espécies de teredinídeos nesse mesmo manguezal de Ubatuba, sendo N. reynei a espécie com maior dominância no ambiente. Turner (1966) sugere que a temperatura, salinidade e a disponibilidade de madeira são os principais fatores que influenciam na distribuição dos teredinídeos.
No estudo da morfologia dos teredinídeos, foi contatado que o coração em algumas espécias localiza-se na porção mediana do corpo, como por exemplo na espécie B. gouldi analisada por Moraes (2003) e é formado de duas aurículas e um ventrículo, enquanto que em outras espécies como N. fusticula o coração situa-se na região posterior. Já o coração na espécie N. reynei, é localizado anteriormente e possui o ventrículo anteriormente as aurículas e possui também aspecto esbranquiçado.
O canal anal de diferentes espécies também foi comparado, na espécie B. gouldi apresentou diâmetro semelhante ao do estômago, enquanto que nos indivíduos da espécie N. reynei o canal anal é mais extenso e ocupa mais da metade da cavidade palial. Além do coração e canal anal, os ctenídios e sifões também foram comparados entre as espécies de B. gouldi e N. reynei. E ambas estruturas apresentam diâmetros diferentes nessas duas espécies de teredinídeos.
Na espécie B. golgi as paletas apresentam uma lâmina calcária formada de cones calcários próximos entre si, enquanto que na espécie analisada no artigo N. reynei possui uma lâmina calcária sólida sem cones. Nessa espécie a lâmina calcária pode chegar até 1,5 cm de comprimento.
6. Conclusão
O artigo, ao estudar a morfologia de indivíduos da espécie N. reynei, utilizou análises comparativas com as espécies de teredinídeos B. golgi e N. fusticula. Segundo Simone (2007) análises comparativas são necessárias, e imprescindíveis, para a sistemática e filogenia, contribuindo para a compreensão do caminho evolutivo dos organismos.
A salinidade, temperatura e pH da água do local de estudo foram medidos mensalmente e o estudo sugeriu que N. reynei tem preferência por águas salobras e estuarinas corroborando com Muller (2004).
Os autores sugerem também que a presença de ctenídos reduzidos e canal anal amplo mostra que N. reynei não são predominantemente filtradores, utilizando a madeira como principal fonte alimentar. Além das paletas - como já mencionado anteriormente e também mencionado nas aulas práticas da disciplina, são as principais estruturas em que baseiam-se os estudos taxonômicos dos teredinídeos - os autores realizaram análises comparativas com partes moles dos indivíduos, como estudo morfológico dos sifões, coração, ctenídeos e canal anal. Concluindo
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