Artigo de profissão docente
Por: Hugo.bassi • 23/8/2017 • 2.440 Palavras (10 Páginas) • 636 Visualizações
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Independente da maneira com a qual pensamos a cidade, não pode deixar de lembrar que o espaço é produzido e pensado para o atendimento dos interesses das diversas classes sociais. Assim, podemos pensar o urbano como um todo subdividido em diferenças socioespaciais que tem como resultante um espaço dividido. Observamos essa divisão também no seio das feiras livres das mais variadas cidades. De uma forma mais clara, vemos nestas feiras, espaços onde quem os frequentam são pessoas mais abastadas economicamente, e noutras partes das feiras, vemos as classes menos favorecidas. Assim, compreendemos que as relações interpessoais também delimitam e forjam o espaço geográfico da feira.
A feira livre de são José da Tapera, assim como as demais, apresenta aspectos humanos que vão delineando o espaço geográfico onde se localiza a feira, forjando um sentimento de pertencimento e subjetividade que se dão a partir das relações interpessoais. Apesar de manter-se em constante evolução em todos os aspectos, a feira livre apresenta muitos problemas e desafios serem enfrentada, entre eles, será delimitado um problema que é comum não só na feira de Tapera, mas, na grande maioria das feiras livre do País.
- A FEIRA-LIVRE COMO REPRESENTANTE DAS RELAÇÕES DE PODER
A Geografia enquanto ciência tem suas dicotomias, e estas tem causado uma densa discussão ao longo do processo de instauração da Geografia enquanto ciência. No entanto, mesmo que tardiamente definida como área do conhecimento independente, a ciência geográfica tem um objeto de estudo maior, que está muito além das dicotomias que causam tantos discussões a respeito do que seja o objeto de estudo da Geografia, seja na parte da geografia física ou da humana, devemos ter em mente que essa ciência estuda o espaço.
No livro “Por uma geografia nova” (1978), o conceito de espaço está no centro e é compreendido como um conjunto de formas representativas de relações sociais do passado e do presente e por uma estrutura representada por relações que estão acontecendo e manifestam-se através de processos e funções. “O espaço é um verdadeiro campo de forças cuja formação é desigual. Eis a razão pela qual a evolução espacial não se apresenta de igual forma em todos os lugares”. (Santos, p.122).
(...) O espaço por suas características e por seu funcionamento, pelo que ele oferece a alguns e recusa a outros, pela seleção de localização feita entre as atividades e entre os homens, é o resultado de uma práxis coletiva que reproduz as relações sociais, (...) o espaço evolui pelo movimento da sociedade total. (SANTOS, 1978, p. 171).
Como está posto, o professor Milton Santos afirma, o espaço é um objeto de estudo que está para além das diversas dicotomias, o que podemos fazer é estudar as funções que este espaço proporciona à sociedade. As relações interpessoais ocorridas dentro do espaço geográfico, bem como as transformações que a mesma realiza naquele é objeto maior de estudo da Geografia.
Milton Santos diz que o espaço deve ser considerado em sua totalidade, pois, dentro dele estão inseridos vários contextos como as relações e as funções que são assumidas ao longo da história, sendo que o espaço apesar de ser originalmente o mesmo, ao longo do tempo vai sendo transformado para atender as necessidades das pessoas que habitam e transitam por seu entremeio. Nesse sentido o espaço é uma estrutura subordinada e que corresponde a organização feita pelo homem para atender as suas necessidades.
Milton Santos vai dizer em sua obra o espaço é fruto também das relações produtivas, com ênfase na circulação e distribuição. A funcionalidade do espaço, mais especificamente as funções de escoamento de produtos e entrada e saída de pessoas pode contribuir de forma positiva ou negativa para o desenvolvimento do município e mesmo do país. A urbanização é até certo ponto, fruto de uma organização espacial bem elaborada e certamente, com bons fluxos de entrada e saída de pessoas e produtos.
As produções de estudos sobre as feiras livres das diversas cidades do Brasil são importantes para entendermos um pouco porque algumas cidades são mais desenvolvidas em detrimento de outras. Estudar as feiras é de fundamental importância para nos subsidiar enquanto habitantes do espaço geográfico adjacente a estas feiras, que influenciamos e também somos influenciados pelas relações que se dão dentro das mesmas. Segundo Santos, os fluxos podem ser compreendidos através dos circuitos inferior e superior. O fluxo do sistema superior é composto de negócios bancários, comércio e indústria de exportação, indústria urbana moderna, serviços modernos, comércio atacadista e transporte. Já o sistema inferior é constituído por formas de fabricação sem a utilização intensiva de capital; por serviços não modernos, abastecidos pelo nível de venda a varejo e pelo comércio em pequena escala. Ambos os sistemas são levados em conta no estudo da organização espacial em países subdesenvolvidos.
Entender como se dão os fluxos de pessoas e produtos nos arredores e dentro das feiras é importante também para sabermos como está organizado o espaço em que a mesma se compõe, e ainda se este está organizado corretamente, e se algo pode ser feito para melhorar esses fluxos de acessibilidade à feira.
- A FEIRA-LIVRE DE SÃO JOSÉ DA TAPERA
[pic 1] Figura 1. Localização da cidade de São José Da Tapera.
Localizada no Alagoas, a 230 km da capital Maceió, o município de são José da tapera concentra umas população de 30.088 habitantes, dos quais aproximadamente de 11.000 estão situados na zona urbana, e os demais na zona rural. Com uma superfície de 675 km, dos quais 25 compõem a área urbana e 650 km, a zona rural. O município tem seus limites com os seguintes municípios: ao norte, Senador Rui Palmeira e Carneiros, ao sul, Pão de Açúcar, a Leste, Monteirópolis, e Oeste, Piranhas. O acesso ao município se dá por rodovia asfaltada, a AL 220, que liga Arapiraca ao Xingó e também a Delmiro Gouveia, o que confirma sua boa posição geográfica em relação aos centros consumidores de bens e serviços. Entretanto, as estradas locais que ligam a cidade aos sítios e povoados são extremamente precárias dificultando muito o acesso da população aos serviços básicos.
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Figura 2. Al 220 que dá acesso à cidade, e, a feira-livre.
O município de São José da Tapera, até o ano de 2002 apresentava
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