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PERSPECTIVAS DOS CÉTICOS E GLOBALISTAS SOBRE A GLOBALIZAÇÃO

Por:   •  17/5/2018  •  1.994 Palavras (8 Páginas)  •  482 Visualizações

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Nota-se que o círculo de informações que discorrem a respeito deste assunto é tão diverso e amplo que uma conceituação única e definitiva deste, ainda é uma realidade a ser construída. Entretanto, pode-se apontar uma questão em comum entre o conjunto desses conhecimentos: para eles, é inegável o fato de que as antigas limitações territoriais sofreram uma drástica diminuição, mitigadas através do aumento do fluxo de informações que minimizou a distância entre as comunidades e promoveu a intensificação do contato entre as pessoas.

A Globalização ampliou as possibilidades de crescimento, da reconstrução de subjetividades com o intuito de promover uma série de temas que dizem respeito à dignidade humana, permitiu a promoção de sistemas políticos mais igualitários; precisamente, suas contribuições foram inúmeras, assim como as suas consequências, moldando-se através de um processo que mutilou, agrediu e eliminou povos inteiros; caracteriza-se, portanto, como um elemento extremamente contraditório.

2 Debates entre Céticos e Globalistas: Perspectivas diferentes

Embora a complexidade de seu conteúdo impossibilite a construção de um conceito universalmente aceito, uma vez que os debates sobre sua veracidade são pungentes em todo o globo, há duas correntes de pensamentos que circulam pelas academias e que alcançaram, a partir de seus argumentos, certo nível de ortodoxia. Denominados como globalistas e céticos, os primeiros sustentam a ideia de que a Globalização é um processo real e profundamente transformador enquanto os segundos divergem quanto a essa concepção, dizendo que é a partir dela que surgem as dificuldades que impossibilitam uma definição clara sobre as forças que estão modelando a sociedade contemporânea (HELD; MCGREW, 2010).

Para os céticos, apesar do reconhecimento de que a globalização possui um caráter benéfico, a associação desse benefício é ligada a um conceito errôneo sobre democracia. Articula-se que o liberalismo não é a grande mola propulsora das democracias e que a globalização não é mais do que uma internacionalização das economias e sociedades distintas. Levando em consideração momentos históricos que demonstraram processo parecido de vinculação de suas unidades políticas, é dito que a globalização surge como um fato que tenta justificar e legitimar o processo global neoliberal. Associando-se a visão marxista sobre o assunto, criticam o fenômeno como um novo ressoar do imperialismo baseando-se na aparente hegemonia dos EUA, fortemente ligado a mecanismos de controle e vigilância multinacionais e capaz de exercer significativa influência sobre as decisões por eles tomadas, acusando o conjunto de transformações que ocorreram no cenário internacional como um processo de “americanização” (HELD; MCGREW, 2010).

Pelo viés de uma interpretação mais radical sobre o cenário internacional, há céticos que veem na globalização uma diminuição do bem-estar social, uma consequente ampliação das barreiras que dificultam a movimentação de pessoas pelo globo, ocasionadas pelo movimento diminuto de capitais gerados por um mercado financeiro intensamente poroso a crises descontroladas e, portanto, estabelecendo um cenário de instabilidade.

Assumindo uma postura mais ideológica e divergindo dos céticos quanto as transformações causadas pela globalização, os globalistas a entendem como um conjunto de alterações profundas e reais sobre as camadas da sociedade que promoveram a difusão de culturas, a expansão da preocupação quanto aos problemas ambientais, o surgimento de corporações com relevância internacional e de mercados financeiros. Para eles, é necessário focar (embora não unicamente) sobre as relações inter-regionais e intercontinentais que cristalizaram-se, desprendendo-se das limitações que permeiam as ideias de local e nacional, considerando-as fluídas e dinâmicas. Ao tomar a direção histórica, explicam que para entender a globalização é necessário compreender as fases de seu desenvolvimento e suas diferenças, localizando padrões de suas transformações no decorrer dos anos e a partir disto estabelecer aquilo que lhe é mais característico. Em seus estudos sobre o fenômeno globalizante, busca-se compreender essencialmente sobre a sua configuração, distribuição e impacto, vinculando-se as ideias de governança democrática e cidadania global (HELD; MCGREW, 2010; RIBEIRO, 2010).

Apesar de suas diferenças, os céticos e globalistas convergem em algumas interpretações da realidade sobre as consequências da globalização: segundo suas interpretações sobre o fenômeno, na medida em que houvera a intensificação da interconexão entre as diferentes economias, expandiram-se as desigualdades dentre as comunidades, surgiram novas formas de se pensar a política, a economia e as culturas; ampliaram-se as competições inter-regionais e globais que desafiam as velhas hierarquias e intensificam as diferenças de poder, conhecimento e privilégios; o surgimento de uma governança internacional que apresenta importantes questões normativas sobre a ordem mundial, construindo-a aos moldes de seus interesses.

3 Formas alternativas de globalização: globalização popular

A globalização tornou possível uma grande quantidade de novos recursos para ação local das sociedades, incluindo novos discursos, práticas e identidades (que inclui gêneros e estilos) que são internalizados e operacionalizados. O “lugares” são as cidades, vilas, tribos, regiões etc, onde a maioria das pessoas ainda vivem suas vidas. As estratégias sociais dependem do posicionamento particular de cada indivíduo (em termo de relações entre as classes sociais, as relações entre os gêneros e outros) dentro desses lugares (FAIRCLOUGH, 2004; RIBEIRO, 2010).

Segundo Fairclough (2004) há uma linha tênue entre os interesses, objetivos, estratégias e discursos individuais com os gerais (da sociedade como um todo), embora ainda haja um conflito entre eles. Mas é importante ressaltar que esse diálogo é o responsável pela criação de modelos de ação, que acabam permitindo a inserção dessas sociedades em um âmbito além de seu “habitat”, uma vez que a partir dessas lutas por um objetivo comum, elas podem entrar em contato com outros pensamentos comuns de outras sociedades, o que ajuda na formação de alianças entre diferentes lugares, entre grupos e organizações agindo em uma escala local, nacional, macro-regional ou até mesmo global. Esses contatos tornam possível o que é chamado de “ativismo transnacional” e organizações de escala global, como o Greenpeace. Esse autor debate

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