Resumo do livro Somos Todos Canalhas
Por: Carolina234 • 18/12/2018 • 2.933 Palavras (12 Páginas) • 315 Visualizações
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e. A liberdade política é tida como um baita valor. Valor pelo qual vale a pena matar e morrer. Valor sem o qual a vida não teria nenhum sentido. Mas a liberdade inaugurada pelo cristianismo aponta para o sentido existencial. A liberdade de poder existir de maneiras diferentes. A liberdade de não haver uma forma natural de existência e, portanto, uma única forma verdadeira de existência que excluiria todas as outras. O cristianismo inaugura uma espécie de eterno potencial revolucionário sobre a própria existência. Ninguém teria nascido para uma vida específica ou condenado a nenhuma existência. De tal maneira que nada impediria que Abelardo, materialista e impiedoso, se tornasse amanhã um espiritualista piedoso.
Se o valor das coisas tinha a ver, para os antigos, com a posição ocupada dentro de uma ordem hierárquica de valores, desaparecendo a ordem hierárquica, todos os lugares se equivalem. E desaparecendo a distinção desaparecem os valores. Assim você é obrigado a admitir que para atribuir valor às coisas o universo não serve mais de referência. Porque se antes as coisas valiam em função da participação no cosmos, com o seu desaparecimento, não há do que fazer parte. Ficamos, portanto, sem critério.
Com a mudança cósmica da modernidade, nascem também as representações da ordem social como consequência dos esforços individuais de cada um. Como somos de fato desiguais em talentos e esforços e como nos esforçamos por metas variadas, a ordem social propriamente dita é o resultado não de uma pré-concepção cósmica, mas de um embate de forças.
Kant acreditava que a única coisa boa em si mesma é a boa vontade. O que nos permite concluir que é essa vontade a matriz de toda atribuição adequada de valor. Essa vontade, por sua vez, diz respeito à capacidade racional para identificar o que é certo. E o que é certo fazer se converte num dever. A restrição da moralidade a esse juízo que advém do uso correto da razão quando trazido para o cotidiano, quando analisado no calor da vida, nos leva a conclusões pelo menos curiosas.
A proposta kantiana parte de uma premissa que é a possibilidade de estabelecer uma fronteira, um descolamento entre o que você sente e o que você pensa, entre os afetos e as avaliações racionais. Essa fronteira é de tal ordem que se presume a possibilidade de se ter consciência do tipo de causa das nossas condutas. Assim, agiríamos no mundo e teríamos consciência de que tal ação foi motivada pelo temor, pela esperança, pela alegria etc. Em contrapartida, teríamos a consciência de que outras condutas, a despeito dos nossos afetos, foram conduzidas pela razão. Segundo Kant, a certeza de que a ação teve como causa a razão, e não os afetos, é cristalina quando deliberamos pela razão uma conduta que contraria nossos apetites imediatos. A título de exemplo, vemo-nos poderosamente inclinados a uma abordagem física, a um dedilhar mamário em alguém que nos apeteça, mas não o fazemos. Claro, esse exemplo não vem de Kant. Sua biografia não autoriza. É meu mesmo. Neste caso, teríamos a certeza de que, dado um afeto que nos leva a agir num sentido e dada uma conduta em sentido contrário, houve uma deliberação racional soberana que nos levou a agir no sentido oposto àquele sugerido pela inclinação afetiva.
Para Kant, o valor de uma conduta nada tem a ver com as consequências da mesma. Muitas variáveis podem incidir sobre essas consequências que nada têm a ver com as intenções do agente. Você pode ter certa intenção e o resultado efetivamente alcançado ser completamente outro. A insistência do filósofo é compreensível. No calor das interações cotidianas, a tendência a julgar as ações pelas causas que supostamente as motivam é significativa
Mas Kant é enfático. A boa conduta nada tem a ver com conseguir um resultado vantajoso, e sim com fazer o que é devido. E todos sabemos quanto um não tem a ver com o outro. Assim, se você é dono de um comércio e age de maneira correta, pesando as mercadorias com exatidão, zelando pelo troco certo, oferecendo o melhor produto, não vendendo itens levemente passados do ponto etc., nenhum desses procedimentos garante por si um juízo moral positivo. É preciso saber por que você agiu desta forma.
Na terceira parte (Utilitarismo) o pensamento principal é do John Stuart Mill. Stuart Mill dirá que a única coisa que tem valor em si mesmo é a felicidade. Mill também propõe uma definição de felicidade que segundo ele é "máximo de prazer e mínimo de dor".
Filosofia moral que fundamenta suas conclusões numa importante reflexão sobre o valor. É sempre importante lembrar que quando falamos de moralidade nos referimos a um conjunto de princípios que escolhemos livremente respeitar. São princípios que definimos como norteadores de nossas vidas. Naturalmente, os valores são o que consideramos de mais importante na hora de agir, elementos da nossa conduta dos quais não aceitamos abrir mão, não aceitamos prescindir.
John Stuart Mill, representante maior deste pensamento, destaca dois tipos de valor. O primeiro deles é o que poderíamos chamar de valor instrumental. Por que denominá-lo assim? Porque a avaliação de quanto vale qualquer coisa dependeria do quanto ela nos permite obter outra que desejamos. Só esta última, uma vez alcançada, consagra seu valor.
Stuart Mill, chamava um outro tipo de valor de intrínseco. É o valor de tudo que vale por si mesmo, inerente às próprias coisas. Coisas, portanto, que se materializam como valor independente de outras. Sem instrumentalidade. Para falar como Aristóteles, coisas de valor intrínseco são fins em si mesmos. Quando um filósofo moral propõe uma teoria do valor, a discussão sobre as coisas de valor intrínseco constitui sua parte mais nobre. Porque, quase sempre, são essas coisas de valor intrínseco que servirão de referência para as obrigações morais que deliberamos respeitar.
Stuart Mill não deixa seus leitores na mão. Ele lhes propõe uma definição bastante clara: felicidade é presença de prazer e ausência de dor. Para dirimir qualquer dúvida, seguindo sadio didatismo dos autores ingleses, Mill explica que a felicidade é o contrário da infelicidade – presença de dor e ausência de prazer
A natureza humana para Mill é caracterizada por sensações de dor e prazer e a consciência moral organizada pela equação fuga da dor e busca do prazer. O argumento de perguntar às pessoas é interessante. Elas certamente apontariam como desejáveis coisas facilmente relacionáveis à redução de suas dores e aumento de seus prazeres. Mas é importante não confundir esse apelo à opinião pública, método sugerido
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