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RESUMO DO LIVRO: “O QUE É IDEOLOGIA”

Por:   •  14/6/2018  •  1.665 Palavras (7 Páginas)  •  412 Visualizações

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No quarto capítulo, a autora dedica-se a citar Karl Marx. O qual foi veemente influenciado pela dialética Hegeliana, a qual possui como norte o espírito subjetivo que é o de cada indivíduo, e o espírito objetivo que é a manifestação da idéia na história: sua expressão máxima é constituída pelo estado, que realiza a razão universal humana, síntese do espírito subjetivo e do objetivo no espírito absoluto. Este alcança o máximo do conhecimento de si mesmo, de maneira cada vez mais perfeita na arte, na religião e na filosofia. Assim, a dialética se converte na manifestação da mudança continua da realidade e do vir a ser do espírito absoluto. Para Marx o materialismo dialético não se traduz apenas no âmbito das idéias ou dos conceitos, mas é um instrumento que permite a compreensão adequada dos fenômenos históricos, sociais e econômicos reais. Ele entende a contradição como mola do processo histórico, tensão que o propulsiona e o faz progredir, em constante mudança e transição. As condições históricas e sociais reis colocadas por Hegel, para Marx chama-se luta de classes. A matéria para ele é a matéria social, isto é, as relações sociais entendidas como relações de produção, ou seja, como o modo pelo qual os homens produzem e reproduzem suas condições materiais de existência e o modo como pensam e interpretam essas relações.

O núcleo do pensamento de Marx encontra-se na idéia de que o trabalho alienado é aquele no qual o produtor não se pode reconhecer no produto de seu trabalho porque as condições desse trabalho, suas finalidades reais e seu valor não depende do próprio trabalhador, mas do proprietário das condições do trabalho. O fato de o produtor não se reconhecer no seu próprio produto, não o ver como resultado de seu trabalho, faz com que o produto surja como um poder separado do produtor e como um poder que o domina e ameaça. Como efeito, o trabalhador passa a ser uma coisa denominada força de trabalho, que recebe uma coisa chamada salário. O produto trabalhado passa a ser chamado mercadoria, que possui uma outra coisa, um preço. O proprietário das condições de trabalho e dos produtos do trabalho passa a ser uma coisa chamada capital, que por sua vez possui a capacidade de ter lucro. Desaparecem os seres humanos, eles existem sob a forma de coisas. O Estado é para Marx a forma pela qual os interesses da parte mais forte e poderosa da sociedade, as classes dos proprietários ganham a aparência de interesses de toda a sociedade. Ele é a preservação dos interesses particulares da classe que domina a sociedade. Ele exprime na esfera da política as relações de exploração que existe na esfera econômica. O Estado é, segundo Marx, a expressão política da sociedade civil enquanto em classes. Enfim, ele aparece como um poder desligado dos homens, como um poder cuja origem e finalidade permanecem secretos e que dirige os homens. Em se tratando da relação entre alienação e ideologia, a autora cita Marx e Engels, os quais asseveram que a ideologia não é um processo subjetivo consciente, mas um fenômeno objetivo e subjetivo involuntário produzido pelas condições objetivas da existência social dos indivíduos. A partir do momento em que a relação do indivíduo com sua classe é a da submissão de vida e de trabalho pré-fixadas, essa submissão faz com que cada indivíduo se converte numa parte, quer queira, quer não. A classe começa a ser representada pelos indivíduos como algo natural, com um fato bruto que os domina, como uma coisa que vivem.

Decorrente de toda essa ideologia burguesa surgiu, como atualmente é conhecida, a ideologia da competência, ainda servindo para ocultar a realidade, porém, agora, com maior presença da ciência e da tecnologia na produção e no trabalho intelectual. A divisão e luta de classes continuam, no entanto não possuem seu enfoque apenas nos critérios da dominação do capital em si, passou-se a distinguir os que possuem o saber e os que não o possuem, os competentes – detentores de conhecimento científico – e os incompetentes – meros realizadores de tarefas. Nessa nova forma de mascarar a realidade, são conferidos prestígio e poder descomunais aos que dominam os meios de tecnologia e saber científico, tornando os dominados, mais uma vez, alheios a essa recente forma de camuflagem dos contextos histórico e social vigentes.

Tendo atingido plenamente o seu objetivo, Marilena Chauí conclui que a ideologia é uma forma de legitimar a dominação da classe dominante, pois os escravos, os servos, os negros, os camponeses, os trabalhadores vencidos, aparecem na história sob a ótica dos vencedores. A grandeza dos dominantes depende sempre da exploração e dominação dos pequenos. Assim, a ideologia pode manter a sua hegemonia de que não são sujeitos da história, mas apenas seus pacientes. Por isso é necessário, segundo a autora uma prática política diferenciada, ou uma crítica da ideologia em que as lacunas e os silêncios do pensamento e discurso ideológicos digam o que está implícito a fim de desfazer a exploração econômica, a desigualdade social, a dominação política e a exclusão cultural.

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- CONCLUSÃO

O livro é consistente na abordagem do tema proposto e no passadio dado ás questões concernentes ao papel da ideologia que vem funcionando como artefato articulador dos poderosos e dominadores ao longo dos séculos. Oferecendo um enfoque consistente e elucidativo que delineia o percurso das ideologias subjacentes desde os tempos mais longínquos até a atualidade, apresenta um amplo panorama que articula o fundo sócio histórico, os principais pensadores, vinculando-os também, constantemente, a nossa realidade. A autora revela o implícito e permite que os alunos e estudiosos do assunto se aprofundem

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