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Aprendizado Organizacional e Análise das Estratégias Empresariais

Por:   •  21/10/2017  •  2.785 Palavras (12 Páginas)  •  479 Visualizações

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- Revisão Bibliográfica:

O fenômeno da globalização tem como consequência mais evidente o acirramento da competição nos mercados mundiais e a necessidade de elevada capacidade de adaptação das empresas ás mudanças no cenário econômico. Esta capacidade de enfrentamento de novas formas de competição e de organização da produção sugere que as empresas que melhor se adaptam às mudanças ambientais apresentam melhor desempenho, expresso na capacidade de manter sua posição oligopolista, via crescentes mark-ups, market shares e nível de lucratividade. Há uma ampla bibliografia composta por diversos autores como Nelson & Winter, Veblen, Herbert Simon, Lane & Maxfield, Penrose, entre outros, que evidenciam que o aprendizado organizacional, expresso em rotinas empresarias, sejam elas traduzidas em estratégias de precificação, diversificação, controle da produção, etc, refletem a capacidade da empresa de se adaptar às mudanças no ambiente e, portanto, sobreviver, visando melhorar a posição da empresa no mercado e reproduzir suas rotinas por gerações de empresários e trabalhadores. A capacidade destas organizações de sobreviver e se reproduzir em um ambiente extremamente complexo e marcado por incerteza forte está traduzida no desenvolvimento de suas rotinas ou estratégias empresariais que são definidas por planos e ações.

O primeiro passo é a análise dos modelos ortodoxos comparados aos modelos evolucionistas. Os modelos ortodoxos se baseiam na capacidade da firma de adotar o cálculo maximizador como instrumento crucial que direciona o que a firma deve escolher. Para eles as empresas operam de acordo com conjuntos de regras específicas, buscando sempre maximizar seus lucros ou o valor presente e as ações feitas pelas firmas são os reflexos dessas escolhas maximizadoras. Além disso, há uma especificação nas atividades da firma.

Os modelos evolucionários rejeitam esse modelo maximizador apresentado pelos ortodoxos como explicação para as regras de decisão. (Nelson & Winter). Para os evolucionários, são as chamadas rotinas que regem o comportamento das firmas. Através dos estudos sobre o modelo evolucionista pretendo definir o conceito de rotina organizacional e processo de seleção, apresentando a relevância do modelo comportamental de definido por Herbert Simon (1983) para a compreensão do processo de aprendizagem organizacional e seleção de rotinas bem-sucedidas pelo mercado.

Na abordagem evolucionista as inovações são consideradas essenciais para o crescimento econômico. Uma das principais características das inovações é a incerteza e para diminuir efeito dessas incertezas, as firmas adotam rotinas bem definidas, tais como procedimentos para decisão sobre o nível de produção e ociosidade produtiva, decisões relacionadas a tecnologia, procedimentos de contratação e demissão etc. Tais rotinas expressão o conhecimento da firma e a melhoria dessas rotinas denotam a habilidade da firma para lidar com os problemas que surgem ao longo do tempo. Essas rotinas permitem que diferentes serviços sejam realizados e melhorados de forma progressiva através do conhecimento acumulado.

As firmas estabelecem essas rotinas, chamadas rotinas organizacionais através de processos que foram realizados periodicamente e proporcionaram certos padrões de desenvolvimento, garantindo certa estabilidade ao seu desenvolvimento mesmo na presença de complexidade e incerteza estrutural. “(…) vemos as firmas como possuidoras de rotinas que funcionam para modificar vários aspectos de suas características operacionais ao longo do tempo.” (Nelson & Winter).

Segundo os estudos realizados por Lane & Maxfield (1996), os agentes diante de problemas agem de acordo com sua própria conduta, focando nos precedentes, tentam recuperar situações passadas que tenham alguma relação com o contexto atual para que dessa forma consigam analisar as semelhanças entre o presente e passado.

Dessa forma, a teoria de escolha racional não condiz com o comportamento desses agentes, pois esta afirma que os agentes enfrentam problemas olhando somente para as consequências futuras e fazem um calculo de valor dessas consequências. Além disso, para que os agentes façam escolhas racionais é preciso que eles façam escolhas com julgamento e execução coerente e nada garante que assim eles o farão. Os agentes interagem entre si, gerando relações que não podem ser compreendidas através de uma teoria de escolha racional.

Através de experiências passadas, os agentes conseguem observar e analisar erros e acertos cometidos pela empresa e assim projetar um futuro análogo ao passado. Diferentemente do que a Teoria de Escolha Racional afirma, os agentes não tomam suas decisões olhando para as consequências no futuro e sim procuram analisar experiências passadas, a fim de tomar decisões que melhor se enquadrem no seu cenário atual.

Dessa forma as rotinas organizacionais podem ser vistas como expressões do conhecimento adquirido ao longo do tempo pelos agentes. Elas podem também ser mudadas e adaptadas conforme a necessidade da empresa, são flexíveis e por isso podem ser consideradas estruturas temporais, elas se alteram devido a fatores do ambiente externo e ambiente interno, segundo Nelson & Winter (1982).

As rotinas não vão impedir que os problemas ocorram e em muitos casos, as empresas terão que “sair de suas rotinas” para resolver impasses, porém muitos dos problemas que surgem podem ser analisados e comparados com situações já ocorridas. As rotinas desenvolvidas internamente tornam possível amenizar os efeitos da incerteza. Se os procedimentos que foram praticados no passado levaram a resultados satisfatórios, quando a empresa enfrenta um novo problema, similar ao que já se presenciou, uma nova ação, um novo planejamento é elaborado sob as mesmas bases, fundamentado em cima do que foi aprendido e assim formando novas rotinas. Isso não elimina que existem eventos aleatórios na determinação de decisões.

As rotinas organizacionais são pensadas como hábitos, como práticas diárias realizadas pelas empresas de forma a desenvolverem certo padrão de comportamento a fim de incorporar conhecimento e diminuir conflitos.

Essas rotinas organizacionais possuem grande importância no estudo das empresas, elas mostram de que forma as atividades são realizadas, como certos padrões levam a eficientes resultados. Não são limitadas a um único setor da empresa, englobam vários níveis da organização como gestão de recursos humanos, marketing, padrões de venda, políticas de pesquisa e desenvolvimento, assim como as inovações e estratégias

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