O ESPAÇO DE LEITURA E SENTIDOS
Por: kamys17 • 25/12/2018 • 4.212 Palavras (17 Páginas) • 503 Visualizações
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2 LEITURA E INTERAÇÃO
É inegável que a leitura e a escrita são elementos fundamentais para nossa formação intelectual e social. Muito se é discutido hodiernamente sobre o ato da leitura na formação do leitor. Para tanto, o processo de leitura pode apresentar diversas definições.
Uma definição mais geral tem a leitura como um processo de representação, onde a coisa vista é entendida muito mais além de seus aspectos físicos, podendo representar, por exemplo, parte da história da humanidade. Ou ainda, podemos citar o conceito de leitura segundo o Mini Aurélio (6ª ed. 2006), o qual a descreve como:
“Ato, arte ou hábito de ler. Aquilo que se lê. Operação de percorrer, em um meio físico, sequências de marcas codificadas que representam informações registradas, e reconvertê-las à forma anterior (como imagens, sons, dados para processamentos)”.
Esta definição de leitura proposta e divulgada através do dicionário é uma concepção comum entre os alunos, em que veem o ato de ler como uma decodificação e assimilação dos símbolos com as coisas que representam. No entanto diversos autores mostram que a concepção de leitura está muito além.
Alguns autores possuem conceitos mais amplos em que a leitura pode ser entendida, tendo em vista aspectos mais restritos, como um ato de extrair significado do texto, ou seja, com foco no texto. Em referência a isso, Koch (2010, p.10) diz:
Consequentemente, a leitura é uma atividade que exige do leitor o foco no texto, em sua linearidade, uma vez que “tudo está dito no dito” [...], nesta concepção, cabe-lhe o reconhecimento do sentido das palavras e estruturas do texto [...], o leitor é caracterizado por realizar uma atividade de reconhecimento, de reprodução.
Esta definição coloca em situação priorizada o texto como detentor de um significado preciso, exato e completo. No entanto esta definição ainda possui muitas limitações, pois engessa o leitor e sua capacidade interpretativa.
Em outra definição, podemos entender a leitura como um processo de interação, ou seja, uma leitura consciente, para que o aluno reflita, observe a função do que está lendo e relacione com o seu conhecimento, trabalhando tanto a denotação, quanto a conotação das palavras (sentidos). Neste sentido, Koch esclarece que:
A leitura é, pois, uma atividade interativa altamente complexa de produção de sentidos, que se realiza evidentemente com base nos elementos linguísticos presentes na superfície textual e na sua forma de organização, mas requer a mobilização de um vasto conjunto de saberes no interior do evento comunicativo. (KOCH, 2010, p. 11)
A autora diz que ler é interagir e atribuir significado ao texto. Assim, leitor e texto estão no mesmo patamar, onde o leitor usa seus conhecimentos prévios para interagir com a informação básica do texto em busca de uma interpretação dentro de um raio possível de compreensão que o texto possibilita. Em síntese, o ato de ler pressupõe a interação e contextualização, desde sua forma mais simples de leitura a mais elaborada e complexa.
Em função disso, a compreensão do texto e da palavra deve também ser precedida da leitura da realidade, do mundo como diz Paulo Freire (1986, p.2):
A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquela. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. “A compreensão de texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto”.
O autor esclarece que antes de uma leitura formal é necessário que o aluno entenda sua realidade ou realidades que implicam no sentido que o texto assumirá para quem o lê, como reforça Magalhães Neto (2004, p.50), “No processo de interação com o texto, o leitor executa um trabalho de atribuição de significados, a partir de sua história e de suas experiências”.
Ressalta-se ainda que a leitura deva ser trabalhada com afinco desde os primeiros anos de escola da criança para que, quando jovem, este aluno a aprimore e a desenvolva, considerando sempre os aspectos emocionais, intelectuais e culturais.
3 BIBLIOTECA E CRIAÇÃO DE SENTIDOS
O conceito e definição para a palavra biblioteca vêm se transformando ao longo do tempo e se ajustando por meio da própria história das bibliotecas. Para Fonseca (1992, p. 60), um novo conceito “é o de biblioteca menos como coleção de livros e outros documentos, devidamente classificados e catalogados do que como assembleia de usuários da informação”. Isso quer dizer que as bibliotecas não devem ser vistas como simples depósitos de livros. Elas devem ter seu foco voltado para as pessoas no uso que essas fazem da informação oferecendo meios para que esta circule da forma mais dinâmica possível.
A função da Biblioteca na sociedade é algo muito discutido entre os profissionais da área que buscam compreender as condições de produção de sentidos no espaço-tempo que a faz significar, de maneiras diferentes em diferentes momentos da história. E, ao mesmo tempo, refletir sobre a relação poder-saber em uma biblioteca e formação de leitores, ou seja, como a posição de sujeito leitor aí se constitui, procurando conhecer melhor a capacidade do homem de significar e significar-se no mundo.
Muitas vezes a biblioteca é imaginada como uma instituição das sociedades letradas centrada na memória coletiva, institucional. Ela, como os museus, por exemplo, é um lugar de guardar o que determinada sociedade considera como legítimo, verdadeiro, importante para a identidade e a cultura de um povo, de uma Nação. Ela ajuda a construir o memorável, o que não pode se perder no esquecimento. Mas, é também, um lugar de educação das novas gerações de um país. E se pensarmos no grande desenvolvimento do mundo digital, podemos observar que a biblioteca é o lugar de uma das várias modalidades da memória no âmbito das novas tecnologias.
Além da biblioteca pública existem outros tipos de biblioteca. Sob esta questão Barker e Escarpit (1975, p.675) ressaltam que:
Existem vários tipos de biblioteca: bibliotecas nacionais e públicas, nas quais o edifício e o estoque são pagos com verbas públicas, como também os salários do pessoal geralmente preparado em cursos especializados. Nelas a utilização de todo esse material é feita gratuitamente pelo público; bibliotecas universitárias, para uso de professores e estudantes; bibliotecas escolares;
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