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ANÁLISE CULTURAL DA SOCIEDADE “VICKING”APRESENTADO NO FILME “COMO TREINAR O SEU DRAGÃO” Júnia

Por:   •  9/10/2018  •  4.672 Palavras (19 Páginas)  •  300 Visualizações

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2.Referencial Teórico

A cultura está inserida no meio da sociedade desde os tempos remotos. Definir o que é cultura limita-se muitas vezes no que temos de conhecimento adquirido ao longo da vida. Geertz em seu livro “A interpretação das culturas” acredita que descrever o termo cultura limita muito o seu real significado, pois sua importância vai além de uma análise.

Geertz (2011) ainda cita que Kluckhohn (1949) descreveu em 27 páginas o significado de cultura, em seu livro “Mirror of Man”e cita alguns conceitos: (1) “o modo de vida global de um povo”; (2) “o legado social que o indivíduo adquire do seu grupo”; (3) “uma forma de pensar, sentir e acreditar”; (4) “uma abstração do comportamento”; (5) “uma teoria, elaborada pelo antropólogo, sobre a forma pela qual um grupo de pessoas se comporta realmente”;(6) “um celeiro de aprendizagem em comum”; (7) “um conjunto de orientações padronizadas para os problemas recorrentes”; (8) “comportamento aprendido”; (9) “um mecanismo para a regulamentação normativa do comportamento”; (10) “um conjunto de técnicas para se ajustar tanto ao ambiente externo como em relação aos outros homens”; (11) “um precipitado da história”.

A cultura viking apresentada no filme “Como treinar o seu dragão” mostra diversos elementos que são utilizados para caracterizar a forma de vida levada pelos nórdicos. Os mitos, artefatos, rituais são símbolos característicos de determinada sociedade.

A palavra mito tem origem do grego mytos e conceitua-se como falar, contar. O mito muitas vezes é confundido com a lenda. A lenda relata fabulas e não são bem esclarecidas. Já o mito é uma definição dos acontecimentos ocorridos primariamente, ou seja, é um fato relatado de determinada cultura que ultrapassa as gerações através da fala. Na antropologia mito significa verdade, já na linguagem comum é visto como mentira.

O mito está inserido na cultura do povo, e está diretamente relacionado a sociedade em que está inserido criando uma identidade de terminado grupo. O mito tem a capacidade de incluir ou excluir algo de uma determinada sociedade. Ou seja, caracteriza como um sistema social baseado em diferenças e no conhecimento prévio acerca de determinado elemento.

Para as Ciências Sociais, o rito é um tipo de cerimônia na qual existem determinadas maneiras de agir, palavras, gestos ou símbolos sendo utilizados para produzir resultados desejados. Os ritos estão em todas as sociedades e fazem parte das mais variadas culturas.

Segalen (2002, p. 31) define rito e ritual como:

[...] um conjunto de atos formalizados, expressivos, portadores de uma dimensão simbólica. O rito é caracterizado por uma configuração espaço-temporal específica, pelo recurso a uma série de objetos, por sistemas de linguagem e comportamentos específicos e por signos emblemáticos cujo sentido codificado constitui um dos bens comuns do grupo. O uso do ritual é paralelo ao aparecimento da humanidade.

A cultura se renova por meio de ritos, ou rituais que são um conjunto de atos com uma dimensão simbólica. Os rituais caracterizam-se por estarem em um espaço-temporal específico, envolvendo objetos e discursos dotados de uma linguagem emblemática objetivando construir o bem comum de um grupo. O mito deve ser compreendido como uma tentativa de explicação da realidade.

Silva (2010) fala que nos diferentes grupos sociais, sempre existem os participantes e os excluídos, porém os símbolos ritualísticos como a música, o vestuário, são vistos como uma linguagem específica que serve para afirmar a identidade coletiva que identifica uma cultura própria e reafirma a estrutura social, mesmo com as desigualdades existentes.

Os símbolos são as maiores manifestações da cultura, e normalmente são objetos ou artefatos que apresentam diversos significados para a sociedade que estes representam. Podem ser objetos, atos, eventos, formações lingüísticas e servem para a preservação da identidade cultural da sociedade.

No filme observamos vários objetos que fazem referência à cultura Vicking, como a espada, o navio, dragões, o capacete e o martelo, entre outros aspectos como o modo de vestir, o tipo físico e a região onde se encontram.

A cultura viking é marcada pelo meio de transporte que possuem, e este normalmente se dá pelo mar em busca do ninho dos dragões. O meio de transporte que caracteriza os vikings são os navios. Existiam dois tipos de navios: o Drakkar, utilizado freqüentemente para fins bélicos, por seu formato longo e fino, permitindo navegação em águas rasas. O termo drakkar origina-se do antigo nórdico “drakar” (dragão). Em oposição a ele havia o Knorr, que era uma embarcação mais utilizada para exploração e comércio, graças ao formato curto e largo. Ambos os navios eram freqüentemente ornados com uma réplica da serpente Jormungand na proa (BRONDSTED, 2004, p. 121).

A classificação social escandinava se dá em três grupos sociais, sendo eles o servo, o camponês e o nobre. Acima de todos estava o chefe/rei (konungr), o chefe militar, religioso e administrativo, que no caso era o pai de soluço. O lugar mais baixo da pirâmide era ocupado pelos escravos (thrall). A profissão de ferreiro destaca-se entre os karls. Quanto ao seu armamento, qualquer homem livre poderia usá-lo, porém apenas os jarls recebiam o devido treinamento, sendo instruídos no manejo das armas desde crianças.

A espada era o principal instrumento bélico utilizado pelos escandinavos. Além da utilização constante no combate, ela é símbolo de poder e da classe social a qual seu dono pertencia (LANGER, 2009, p. 178). Outro instrumento utilizado pelos vikings eram as facas curtas de combate, não apenas sendo usadas como armas, mas também tendo uso freqüente no dia a dia, empregadas para pequenos afazeres domésticos. (BRONDSTED, 2004, p. 100). A arma mais associada ao guerreiro viking é o machado, porém seu uso é mais freqüente na pirataria à frente de batalha. (LANGER, 2009, p. 179). Uma razão apontada por Brondsted (2004) para o machado ser o item bélico de maior associação aos vikings é o fato de outras armas já caracterizarem outros povos europeus. Quanto à defesa, destaca-se o elmo (capacete), diferente dos apresentados normalmente na modernidade. Em oposição a isso, eram básicos e sem chifres. O escudo era feito com madeira e com uma saliência de metal no centro, medindo cerca de 1 metro de diâmetro (LANGER, 2009, p. 180).

Os ritos são gestos simbólicos expressando uma crença. Através dos ritos temos a

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