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A PECUÁRIA NO MUNICÍPIO DE PARINTINS-AM: ESTAGNAÇÃO E EMPIRISMO NOS SEUS PROCESSOS.

Por:   •  23/11/2018  •  2.595 Palavras (11 Páginas)  •  314 Visualizações

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Os rebanhos são alimentados apenas com as pastagens naturais necessitando de complementos minerais que o capim não possui. O criador pensa que é suficiente para a sua nutrição. O resultado de todo esse processo empírico de criação é um boi pequeno, de pouco peso, e carne de segunda qualidade.

PASTAGENS INSUFICIENTES E DE BAIXO VALOR NUTRITIVO

Geralmente as pastagens também são feitas sem nenhum critério técnico derruba-se a mata ou capoeira, com aproximadamente um mês depois da derrubada coloca-se fogo queimando o solo. Os criadores acham que quanto mais for queimado o solo, mais adubada fica, propicia ao plantio, logo em seguida planta-se o capim não se usa sementes selecionadas, todo o plantio é feito com mudas de outras pastagens já existentes em outro local próximo ou distante. Com 5 a 6 meses coloca-se o rebanho sobre a nova pastagem como este processo não utiliza a análise e correção do solo, em 4 a 5 anos essa área deteoriza-se o capim, morrem e nascem muitas ervas prejudiciais sobre o pasto, eliminando o capim da área. Dessa forma derruba-se outra área e faz-se o mesmo procedimento causando assim desmatamento e degradação do solo de todo terreno do criador.

Nas fazendas observadas verificou-se áreas pequenas de pastagens para um número grande de rebanhos. O ideal seria 4 a 5 animais por equitare, ou seja, 100 m2 bem distribuídos. Pior que isso é que o capim também utilizado nos campos da terra firme possuem pouquíssimos nutrientes para a nutrição básica dos animais, são geralmente o Braquiarão (nome científico Brachiaria brizantha) e Quiquo ou Quiqua. Os campos de várzea são naturais. Há 4 décadas possuíam uma qualidade considerada boa e em quantidade suficiente para suprir a demanda do rebanho, porém, depois desse tempo as pastagens foram diminuindo e perdendo seu valor nutricional devido a 2 fatores específicos:

As grandes enchentes que causam muitas erosões e a correnteza dessas cheias arrancaram todo o pasto natural original que havia, isto fez surgir outras espécies de pastagens que muitos não servem para a alimentação bovina como: Artimija (nome científico Tanacetum parthenium), o Murí (Nome científico Paspalum fasciculatum). O gado não come com facilidade somente com a falta de outros pastos.

A compactação do solo causado pelo peso dos rebanhos impedem o nascimento de pastagens naturais, surgindo outras que o animal não se alimenta.

FENÔMENOS NATURAIS QUE DIFICULTAM A CRIAÇÃO

Nos últimos 7 anos ocorreram nesta região as maiores enchentes da história. Isto prejudica gravemente todo o setor primário principalmente a agricultura e pecuária é a causa principal da diminuição do rebanho parintinense como já foi abordado não há pastagens suficientes nas terras firmes para alimenta–los, durante o período que permanecem nessas áreas de 4 a 6 meses conforme a velocidade da vazante, se for lenta permanece por mais tempo em terra firme, se for rápido menos tempo permanece. Para completar o cenário de dificuldades, nesse intervalo começa também o verão amazônico entre os meses de agosto a outubro, diminuindo ainda mais o pasto, visto que o verão seca o capim vindo em seguida a morrer por falta de chuvas. Dessa forma o gado sem alimento emagrece vindo a seguir a enfraquecimento e a morte.

Também é comum encontrar nas capoeiras e pastagens da região algumas ervas e arbustos extremamente venenosos como o lacre (nome científico Vismia guianensis) e principalmente o cafezinho(Nome científico Policourea marcgravii), isto nas terras firmes.

Este último nas áreas próximas ao município de Barreirinha-AM visto que vários criadores colocam seus rebanhos nas épocas das cheias nesses locais como: Lago do Estácio, Moura, Lago Preto, Terra Preta.

Acontece que ao sair do cercado de pastagens os animais adentram nas capoeiras e com fome alimentam-se de tudo que tem pela frente entre elas essas plantas tóxicas que contem toxinas letais ao sistema nervoso dos animais que morrem no máximo em até 3 horas após o consumo. Em décadas passadas quando os criadores não conheciam esses vegetais os prejuízos eram imensos muitos deles perderam praticamente todo o rebanho. Depois de identifica-los começou a sua eliminação através do processo de arrancá-lo do solo, hoje os prejuízos acontecem, mas em pouca escala, não é possível elimina-las totalmente visto que as áreas de capoeiras são imensas.

Em muitas propriedades quando as pastagens dos campos acabam os criadores recorrem ao uso de farelo de soja para complementar a alimentação, porém sai muito caro manter o rebanho somente com ele, pois cada saca é comercializada ao preço de R$ 30,00 a saca de 20 Kg.

Também em décadas passada e até hoje alguns criadores colhem em suas canoas e barcos uma planta aquática denominada Canarana (nome científico Hymenachne amplexicaulis), que cresciam sobre as águas nas margens dos rios desta região era conhecido na época como corte de capim. A colheita e o transporte até a área onde o rebanho encontrava-se era feita através de canoas e barcos regionais.

A NECESSIDADE DE MUDANÇA

A realidade de pecuária local descrito neste estudo requer urgentemente a mudança para não prosseguir na contramão em relação a outros centros criadores do estado e do país e desenvolver este setor aliados a processos técnico-científicos e tecnológicos que são ferramentas únicas e necessárias que direcionarão um novo contexto de criação. Saindo do empirismo que causa a estagnação e retrocesso desta atividade.

Cabe um conjunto de atores promoverem esse objetivo: criadores, poder público e entidades científicas (Universidades). Cada um deverá contribuir com seus atributos. Os criadores com os seus rebanhos como meio de pesquisa e analises e principalmente com a real vontade de mudar seus processos e seu modo de agir. O poder público com a logística e suporte financeiro para essas análises e as universidades com os conhecimentos científicos aplicados nesses rebanhos.

A cidade de Parintins dispõem de duas universidades, UFAM (Universidade Federal do Amazonas) e UEA (Universidade Estadual do Amazonas), e um Instituto Federal IFAM (Instituto Federal de Ciência, tecnologia e educação do Amazonas) e todas elas possuem suporte e cursos técnicos direcionados ao setor primário. A UFAM possui o curso de zootecnia que forma os zootecnistas que poderão dar suporte no processo de modernização na criação de gado de corte nas fazendas regionais e na agricultura também.

Alguns esforços governamentais

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