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Resenha do livro O Touro Encantado dos Lençóis

Por:   •  22/10/2018  •  1.100 Palavras (5 Páginas)  •  270 Visualizações

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respectivamente, se assemelham as descrições do Paraíso. E depois de uma digressão por mitos e lendas relacionadas, volta-se ao mito do touro, visualizando-se as relações de temor, medo e desejo de melhora de vida daqueles que vivem na ilha dos Lençóis, indagações sobre a provável relação entre o exílio, “encanto” do Rei em uma ilha remota com o que é dito na Odisseia, de Homero, traços da cultura brasileira que mostram a relação da narrativa mítica das histórias com a natureza, especialmente com animais, como o touro, visto principalmente no conto do Bumba-meu-boi e o seu sacrifício para que se satisfaça um desejo para evitar uma tragédia, semelhante a prática de Hebreus e Gregos antigos, que sacrificavam animais para se purificar e alcançar a redenção , e também é o eixo estrutural que liga a narrativa da Ilha dos Lençóis e a do Bumba-meu-boi, pois após a morte, há o renascimento, o velho dá lugar ao novo. Dom Sebastião também possui uma figura de “Pai”, de macho fecundante associada ao touro, pois contam moradores, que acreditam que Dom Sebastião se relacionou por fecundação telúrica com algumas mulheres, gerando filhos albinos. Há também a relação desta figura com o fogo, pois é considerado um elemento de purificação, castigo e vidência, esta última, que também possui um outro elemento, a estrela de cinco pontas, que além de possuir relação com fogo, é um símbolo diretamente ligado ao messianismo judaico.

Também é mostrada a questão da bicorporalidade (humano e touro), com o rebaixamento, retaliação do corpo, que é uma visão que remonta à muito antes da Idade Média, a relação da metamorfose e identidade, com a transformação da natureza mágica, uma evolução, e a ligação do corpo e da reprodução (fertilidade) com o alimento, através de banquetes rituais e de ofertas, comunitárias ou de heranças, que aparecem de modo nítido na mitologia messiânica na sua versão sebastianista da Ilha dos Lençóis.

O autor conclui a obra citando como a força que o imaginário dos habitantes da Ilha dos Lençóis, com uma grande riqueza simbólica gerada por esse mito do monarca português, com a imagem de guardião, de uma aliança entre o mundo terrestre e o mundo cósmico, com relações de preservação e de fecundação, alivia as frustrações que uma realidade pobre, miserável, lhes impõe surpreendentemente em um lugar tão belo e fantástico como esta Ilha, e como uma utopia supera o real, mascarando todos os problemas, e criando uma expectativa de melhora, uma esperança alimentada, que ajuda a viver enquanto o Messias não retorna...

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