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Hibridismo religioso em imagens nipo-brasileiras de Maringá

Por:   •  5/4/2018  •  3.356 Palavras (14 Páginas)  •  387 Visualizações

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A cidade de Maringá foi colonizada pela Companhia de Melhoramentos do Norte do Paraná. A região foi beneficiada devido às vias de comunicação com São Paulo e a construção da estrada de ferro que se estende até Guaíra, que foi responsável por promover a alta expansão agrícola e povoamento da região (DIAS, 1999).

Na área da Diocese de Maringá, segundo dados da revista Missão Católica (2008), famílias japonesas concentravam-se, com maior intensidade, nos municípios de Maringá, Marialva, Floresta, Nova Esperança e Paranavaí. Em relatório a nunciatura apostólica, o Bispo Dom Jaime Luiz Coelho informava, no ano de 1960, a existência de uma colônia japonesa composta por aproximadamente 20.500 pessoas, mas somente 12.500 tinham sido batizadas e apenas 1000 eram católicos praticantes. Destes, 40 famílias concentravam-se em Floresta, onde representava 20% das 200 famílias, algumas descendentes dos mártires de Nagasaki de 1597 (MISSÃO NIPO-BRASILEIRA, 2008).

Devido às dificuldades na comunicação entre o padre e o colono japonês, Dom Jaime solicita ao Japão o envio de missionários japoneses para ajudar na conversão dos imigrantes que aqui estavam localizados, pois o maior problema para Igreja era a comunicação entre padres e fiéis.

Com a cessão pelo bispo de Fukuoka, o padre Miguel Yoshimi Kimura chegou ao Brasil em 25 de junho de 1958, passando a morar na residência episcopal, ao mesmo tempo em que iniciava o aprendizado da língua Portuguesa. Kimura espalhou desenvolveu trabalho missionário por toda diocese de Maringá que, na época, incluía a de Paranavaí (HERRERO, 2013).

É importante ressaltar que as atividades católicas feitas pelo padre Miguel Kimura não atentavam apenas para a questão religiosa da conversão do colono japonês. O padre, ao se deparar com as complicações geradas pela dificuldade de comunicação, idealiza a construção de instituições para auxiliar com mais qualidade os colonos e seus filhos (HERRERO, 2013, p.17).

Em 1967, chegou ao Brasil o padre Ryo Tanaka, que vinha da diocese de Sapporo (HERRERO 2013). Sob a coordenação do padre Tanaka, o trabalho de evangelização da Igreja Católica para converter japoneses adquire novos espaços como núcleos de catequese, grupos de reflexão, orientação psicológica para casais, evangelização de feirantes e atuação sistemática junto ao cemitério municipal (HERREIRO, 2013).

Com ele, a missão Nipo-Brasileira expandiu-se para outras cidades atendendo outras colônias do Paraná como Ubiratã, Toledo, Assis Chateaubriand, Terra Roxa, Iporã, Guairá, Jesuítas, Nova aurora, Foz do Iguaçu, Paraíso do Norte, Diamante do Norte e mesmo para outros estados como Mato Grosso do Sul e Bahia. Sua ação estendeu-se, inclusive, até o Paraguai (HERRERO, 2013).

Em vista do trabalho feito para os descendentes de japoneses, o Arcebispo dom Murilo Krieger criou a paróquia pessoal São Francisco Xavier para Japoneses no ano 2000, designando o padre Ryo Tanaka como Pároco (REVISTA MISSAO NIPO BRASILEIRA, 2008).

Na paróquia São Francisco Xavier, estes retratos estão em uma gruta construída na igreja, um desejo de construção que o padre Ryo Tanaka almejava para a instituição e nelas mostra o foco do hibridismo religioso entre uma identidade japonesa e a fé católica.

IMAGENS MARIANAS NIPO-BRASILEIRAS

A globalização cultural envolve a hibridização. Por maiores que sejam as resistências, não conseguimos evitar a tendência global para a mistura e a hibridização (BURKE, 2006). Ela está presente em vários aspectos, como a música, a culinária e a própria miscigenação entre os povos.

É preciso ressaltar que trabalharemos com o conceito de hibridismo cultural e não sincretismo, crioulismo, entre outros, uma vez que esses termos remetem à existência de religiões não sincréticas que seriam superiores às sincretizadas. A terminologia hibridismo cultural, segundo Burke (2006), está ligada à apropriação ou à acomodação cultural de elementos de culturalmente diferentes, algo que acontece cotidianamente devido aos efeitos da globalização do mundo.

Além disso, não é possível afirmar que exista uma religião que não tenha se apropriado de outros bens simbólicos, como aponta Burke (2006), ou que não tenha se apropriado dos elementos culturais de outras religiões para a construção de uma religião. Como afirma Burke:

[...] embora ainda existam termos e conceitos demais em circulação para descrever e analisar os processos [...] precisamos de vários deles para fazer justiça tanto ao agente humano (como no caso da “apropriação” ou da “tradução cultura”) quanto as modificações das quais o agente não tem consciência (como no caso da “hibridização”). (BURKE, 2006)

As imagens, assim como textos e testemunhos orais, constituem-se numa forma importante de evidência histórica, como afirma Burke (2004). Estas imagens não possuem palavras para que possamos compreendê-las, cabe aqui a função do historiador para poder interpretá-las.

O que discutiremos aqui é a forma como uma religião que se desenvolveu no Ocidente influenciou a forma como os japoneses se converteram. As pinturas representam uma forte ligação e a mistura de elementos cristãos e de japoneses que resultaram nesta hibridização das imagens.

Imagem 1

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ANÔNIMO. A Virgem e o Menino Jesus Pintados em Estilo Nipônico. S.D. 2010. 1 fot.: colorida; 685 x 1024 Fotografia: Richard Gonçalves André.

Imagem 2

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ANÔNIMO. Nossa Senhora da Conceição em Estilo Nipônico. S.D. 2010. 1 fot.: colorida; 685 x 1024 Fotografia: Richard Gonçalves André.

Imagem 3

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ANÔNIMO. A Virgem e o Menino Jesus Pintados em Estilo Nipônico. S.D. 2010. 1 fot.: colorida; 685 x 1024 Fotografia: Richard Gonçalves André.

Imagem 4

[pic 4]

ANÔNIMO. A Virgem e o Menino Jesus Pintados em Estilo Nipônico. S.D. 2010. 1 fot.: colorida; 685 x 1024 Fotografia de Richard Gonçalves André.

As quatro imagens aqui mostradas são feitas à base de seda, provenientes de Taiwan, sem muitas informações sobre o autor ou o porquê de terem sido produzidas.

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