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A Igreja Étnica

Por:   •  13/7/2018  •  3.897 Palavras (16 Páginas)  •  293 Visualizações

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Para entendermos missão no contexto América latina, temos que retroceder para o século XV, quanto sua descoberta e colonização. A cultura religiosa nas Américas está diretamente ligada a sua colonização, em especial na América Latina, onde o predomínio da colonização se deu por portugueses e espanhóis, encabeçado pela igreja Católica. Já o protestante começou a tomar espaço em território sul americano por meio de sociedades de difusão bíblica, sendo a principal a Sociedade Bíblica Britânica, ou mesmo pela crise européia forçando imigrantes europeus a estabelecerem em toda a América:

Na América Latina, estes imigrantes chegavam muitas vezes iludidos de que aqui seria a terra da redenção, pois receberiam apoio dos governos e condições para reconstruir suas vidas. Isto normalmente não aconteceu. Os imigrantes tinham de se organizar para fazer frente a suas necessidades coletivas. Criaram associações e cooperativas, escolas e comunidades religiosas, na sua maior parte, autogestionárias. Só bem mais tarde, com a chegada de pastores formados em alguma faculdade ou seminário, puderam contar com líderes religiosos mais destacados. Estes por sua vez tiveram muitas dificuldades para se relacionar com as lideranças nascidas no seio das comunidades de imigrantes, sobretudo nos primeiros tempos, os mais duros e precários sob todos os pontos de vista. Comunidades imigrantes formaram igrejas como as evangélicas luteranas no Brasil, no Chile, na Argentina, a igreja valdense no Uruguai, igrejas batistas no cone sul, igrejas menonitas no Paraguai e Brasil, e assim também em outros países. [1]

A missão ainda torna-se um desafio quando a encaramos a partir de um ambiente bastante complexo como o Brasil, onde encontramos uma população formada por diversos povos e tradições. Existe muita leitura sobre missões em vindo de outros países, principalmente americanos ou europeus. Porém temos um déficit quando buscamos livros relatando o contexto brasileiro. Segundo Geodon Alencar:

Miscigenado desde seu início e com dimensões geográficas continentais, o Brasil é hoje o resultado de uma conjugação cultural imensa. A própria dimensão já é em si algo fenomenal. Enquanto a colonização espanhola nas Américas do Sul e Central se dividiu em mais de 20 nações, apesar de manter o mesmo idioma, a colonização portuguesa fincou raízes no Brasil. Temos algumas regiões, a predominância desta ou daquela etnia e/ou cultura (na Bahia, afro; em Santa Catarina, européia; Amazonas, indígena), mas no geral, é um país multicultural. [2]

Nesse contexto, em especial São Paulo, vem os maiores desafios e também muitas oportunidades para missão. São Paulo e suas cidades vizinhas formam a região metropolitana de São Paulo passando dos vinte milhões de habitantes. Por ser o maior pólo econômico do Brasil, essa região atrai muitos imigrantes, sejam de todas as partes do Brasil como também imigrantes de outros países com a tentativa de garimpar as riquezas que São Paulo gera. Temos em São Paulo pessoas que chegam sem nenhum estudo oferecendo mão de obra básica na construção civil, portaria, faxina ou trabalhos mais simples, até altos executivos quais sediam suas empresas em São Paulo para fazer negócios em escala global. São Paulo então se torna um centro multi-étnico, ao qual se concentra não apenas uma realidade, mas múltiplas comunidades com diferentes costumes e classes sociais, na maioria das vezes com centros de agrupamentos ou mesmo bairros que apontam para tal grupo de pessoas, como por exemplo, o bairro da Liberdade com os japoneses, Mooca com os italianos, Bela Vista com a cultura portuguesa, entre outros.

Em especial gostaria de citar os japoneses, que atualmente encontra-se com sua maior colônia fora do Japão situada no Brasil. Por ser descendente de japoneses e freqüentar uma igreja tradicional nipônica, gostaria de trazer meus relatos e pensamentos quanto à missão da igreja em povos específicos no Brasil, no caso, entre os japoneses.

Japoneses no Brasil.

No início do sec. XX, com um grande crescimento populacional no Japão ao qual não conseguia gerar empregos necessários para toda população, e no Brasil a falta de mão de obra no campo para cultivo do café fez com que esses dois países selassem um acordo migratório para suprir as necessidades dos dois países. Nos primeiros dez anos vieram para o Brasil aproximadamente quinze mil japoneses, porém por conta da Primeira Guerra Mundial (1914~1918) imigraram cerca de cento e sessenta mil japoneses para terras tupiniquins. A maioria ficou em São Paulo por já terem bairros e colônias japonesas formadas, enquanto outros ainda foram para o Paraná, Amazônia e Pará.

No início a imigração foi marcada por dificuldades e desafios para os japoneses, tanto quanto a diferença de língua, costumes, religião, clima e até mesmo alimentação foram alguns desafios encontrados no novo mundo. Em meio a promessas de ganhos altos com a possibilidade de juntar recursos rapidamente, fez com que os japoneses assinassem contratos de trabalhos, os quais eram somente favoráveis aos fazendeiros, os quais os acabavam tornando escravos em terras brasileiras, sendo impedidos de retornar para sua terra. Durante a Segunda Guerra Mundial, Brasil e Japão se tornaram adversários, Brasil estando do lado dos aliados e Japão compondo o eixo. Isso fez com que os japoneses fossem perseguidos dentro do Brasil e muitos presos, a língua japonesa foi proibida no Brasil, juntamente com qualquer manifestação cultural japonesa. Com o término da Segunda Guerra Mundial, as leis contrárias à migração japonesa foram canceladas e o fluxo de imigrantes voltou a crescer. Agora além das lavouras, indústrias, comercio e o setor de serviços atraíram os japoneses para o Brasil.

Igreja Metodista Livre e a chegada ao Brasil.

As inquietações dos séculos XVII e XVIII na Inglaterra, provocadas principalmente por uma nova inspiração no pensamento, o “iluminismo” e pela Revolução Industrial, fez com que surgisse um movimento posteriormente denominado Metodista, ao qual foi encabeçado por John Wesley (1703~1791), ao qual buscando retomar uma santidade perdida pela Igreja Anglicana, fundou um grupo de estudos os quais estudavam das Escrituras e acima de tudo procuravam viver uma vida em santidade. Conhecido como clube dos santos, clube religioso, traças da Bíblia, homens da superrogação, e metodistas ao qual adotou o nome dois anos depois.

O grupo adotou práticas missionárias ajudando os necessitados e a visitação a encarcerados, e à medida que o grupo foi crescendo foi desenvolvendo outras atividades beneficentes.

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