Resenha do Livro Eu Creio na Pregação de John Stott
Por: Sara • 20/11/2018 • 1.914 Palavras (8 Páginas) • 590 Visualizações
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Outra convicção que a pregação precisa é aquela a respeito das Escrituras. A Escritura é a Palavra de Deus escrita. Declarar isto é crer que Deus tem falado inspirando os profetas e os apóstolos para interpretar as suas ações. O fato da Palavra de Deus estar registrada dá a possibilidade de ela ser aplicada em todas as eras e lugares. Conhecemos Jesus e a sua obra por meio da palavra escrita e da ação do Espírito Santo que vivifica essa mensagem.
A convicção a respeito da igreja, parte da compreensão de que a Igreja é criada por Deus mediante a sua Palavra. Ele a mantém e a sustenta, a dirige, a santifica e a renova. Jesus governa a Igreja pela sua Palavra. O povo de Deus depende da Palavra de Deus. Do início ao fim das Escrituras, Deus se dirige ao seu povo para que andem com Ele e sempre se voltem a Ele. O povo de Deus vive e frutifica somente quando crê na sua palavra e a obedece. A história nos mostra que os períodos de decadência da igreja sempre estiveram ligados ao declínio da pregação da Palavra de Deus. Para o reavivamento da Igreja no mundo é necessária uma recuperação da pregação bíblica fiel e poderosa.
A convicção a respeito do pastorado é importante para enfrentar o fato de que a moral do clero sofreu perdas com o decorrer do tempo, pois existe um questionamento a respeito dele, ou seja, se um ministério profissional seria necessário. No entanto, é preciso reafirmar a doutrina neotestamentária de que Jesus Cristo ainda dá superintendentes à sua Igreja e deve-se resgatar a denominação também neotestamentária de “pastor”, como sendo o termo mais exato que traz à tona o modelo pastoral de Cristo, modelo permanente para todos os pastores. Neste compêndio, perceber que o aspecto do Ministério da Palavra é quádruplo – alimentar e guiar (as ovelhas se desgarram facilmente), guardar (contra lobos predatórios) e curar (atar as feridas das acidentadas).
Uma outra convicção de que o pregador necessita é aquela a respeito da própria pregação. Toda pregação genuína é expositiva, pois esta faz proveito de tudo o que já está no texto bíblico e quando o expõe, desvenda-o aos ouvintes. No que se refere ao tamanho do texto, isto é indiferente, contanto que a mensagem seja clara, compreensível e relevante.
Um dos benefícios da pregação expositiva é que ela impõe limites, pois restringe o pregador ao texto bíblico, invariavelmente tirado da Palavra de Deus. É importante lembrar que a mensagem não vem de nós, mas foi entregue e nós devemos transmiti-la. É um pecado grave adulterar a Palavra de Deus para os seus próprios interesses. A manipulação deliberada das Escrituras tem sido uma vergonha constante para a igreja. É um erro isolar textos e palavras para se falar de algo que não está nas Escrituras, provocando distorções terríveis da Palavra de Deus.
Resgatar os fundamentos teológicos da pregação possibilita a renovação do zelo e o ardor pela exposição da mensagem do evangelho. Os obstáculos e objeções contemporâneos não precisam para o pregador. A pregação expositiva traz confiança para quem prega e edificação para quem ouve, pois se um pregador está expondo a Palavra de Deus com integridade e respeito, ele pode ser muito corajoso e a igreja, ao ouvir a palavra divina fica convicta e humilhada, restaurada e revigorada, e transformada em instrumento para o uso e a glória de Deus.
Outro fator de dificuldade é abismo cultural, social e econômico existente entre os textos bíblicos e o momento contemporâneo. A pregação tem a tarefa de criar pontes entre esses dois mundos distinto, de modo que a realidade bíblica se torne sensível e prática no mundo nossos dias. Uma pregação eficaz é aquela que se atualiza para a cultura atual extraindo sua base nos pressupostos bíblicos, sendo capaz de tornar-se ponte de ligação entre os tempos bíblicos e a cultura contemporânea. No entanto, é necessário ter cuidado pois com a construção dessa ponte, as falhas deixam a Palavra distante da nossa realidade, e, por outro, pode-se partir para uma tentativa de construir uma relevância desprovida de base bíblica.
Um fator para a pregação é o preparo intelectual, o autor critica os pecados da preguiça, superespiritualidade e presunção por parte de pregadores na preparação de seus sermões. Faz-se necessário preparo pessoal para a realização da sua tarefa, trabalhando tanto a área do conhecimento acerca das várias matérias que devem ser conhecidas pelo pregador, como o modo de elaboração e construção do esboço do sermão, o que se enquadra dentro dos padrões e métodos tradicionais, de modo que pouca coisa ele acrescenta nesta área.
Outro aspecto importante está mais ligado à questão do caráter do pregador, o qual deve ser composto de sinceridade, zelo, coragem e humildade. Ele demonstra a necessidade do pregador em cultivar tais características no exercício do seu ministério, como um modo de evidenciar as palavras que são proferidas pelo sermão, e assim, confirmando-as.
Os pregadores contemporâneos precisam ter em mente a necessidade da coragem e humildade no exercício da prédica. “Mente humilde (submissa à palavra de Deus revelada) ambição humilde (que deseja o encontro entre Cristo e seu povo) e dependência humilde (confiança no poder do Espirito Santo)” – Stott, página 360.
Após este breve resumo, ao criticar a obra, vale salientar que para uma obra produzida na década de oitenta e que continua atual para os dias de hoje. Eu creio na pregação é um livro de conteúdo simples e compreensível, porém denso, profundo e desafiador.
John Stott falou da pregação com entusiasmo e amor e a ao passo que lemos o livro somo contagiados por ele, mas ao mesmo tempo somos compelidos a uma reflexão da forma como estamos lidando com a arte de pregar. Não é só a questão da comunicação da mensagem, mas de que forma estamos fazendo a propagação das Boas Novas de Jesus Cristo.
Foi de grande relevância para o meu ministério pessoal ter lido este livro e ter refletido sobre o que representa a pregação na história
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