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O USO DA RELEITURA DE CONTOS DE FADAS PARA PROMOÇÃO DA ALFABETIZAÇÃO E DA LEITURA: buscando melhorias para o ensino da língua francesa

Por:   •  14/11/2018  •  4.747 Palavras (19 Páginas)  •  360 Visualizações

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Nesse sentido, Martinez (2009, p. 15) postula que:

O ensino de língua estrangeira só pode, com efeito, ser examinado como uma forma de troca comunicativa: ensinar e pôr em contato, pelo próprio ato, sistemas linguísticos, e as variáveis da situação refletem se tanto sobre a psicologia do indivíduo falante quanto sobre o funcionamento social em geral.

Para Soares (2011), no processo de alfabetização as práticas devem ser fundamentadas nas dimensões da aprendizagem significativa e nas interações, uma vez que a alfabetização e letramento são processos distintos, mas complementares e essenciais no processo de construção do conhecimento.

Nota-se que os PCNs-LE (BRASIL, 1998) e estudiosos da área de aquisição de línguas (MARTINEZ, 2009; SOARES, 2011) orientam para uma metodologia sociointeracionista e sociocultural da alfabetização na perspectiva do letramento, englobando o uso da língua em interação, com atividades comunicativas e significativas. Assim, é preciso envolver os aprendizes nas práticas de leitura e escrita, levando-os ao desenvolvimento de habilidades que serão aprimoradas através das práticas sociais e dos seus conhecimentos enciclopédicos.

Para Soares (Op. cit,, p. 38), “aprender a ler e a escrever e fazer uso da leitura e da escrita transforma o indivíduo e o leva a um outro estado ou condição sob vários aspectos: social, cultural, cognitivo, linguístico”. Desta maneira, o educando torna-se um participante ativo, que adquire conhecimentos do mundo plural, através da leitura de textos diversificados, como fábulas, contos, cartas, crônicas, dentre outros. Campos (2016) salienta que não se pode, contudo, separar a leitura das outras habilidades linguísticas, pois o ato de ler está intimamente ligado à compreensão da linguagem oral, à conversação, ao processamento visual de informações transmitidas por ilustrações, pela imagem e à prática do escrever e do redigir.

A aprendizagem de uma língua estrangeira nessa perspectiva faz-se necessário, para desenvolver competências e habilidades linguísticas, comunicativas, referenciais e socioculturais através de uma formação cognitiva, socioafetiva, levando em conta crenças e valores culturais, para que o indivíduo possa exercer seu papel de ser social. (SOARES, 2011).

3 CONTOS DE FADAS: ferramentas para formação de leitores e escritores competentes

As orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais da Língua Estrangeira- PCN-LE (BRASIL, 1998, p. 78) preconizam abordagens do ensino de língua estrangeira alicerçadas em princípios de natureza variada: “sociointeracional da aprendizagem, cognitiva, afetiva e pedagógica”. Assim, esta pesquisa sugere o uso da leitura e releitura de contos de fadas para promover as práticas de alfabetização e letramento em língua estrangeira, mais especificamente em língua francesa, tomando como parâmetros estudos de Zilberman (2003), Bettelheim (2004), Gregorin (2009) e Jouve (2012).

De acordo com pesquisas de Zilberman (2003), desde os primeiros registros, os contos não eram para crianças, mas para ser contados em rodas ao redor de fogueiras para o entretenimento dos adultos. Muitos destes contos tinham traços de histórias macabras e assustadoras. A partir do século XVII, os contos passaram a ser adaptados para o contexto infantil, devido à nova forma de olhar a criança como um ser em desenvolvimento, e não um mini adulto como se fazia nos tempos antigos. Por esta razão que as releituras de contos de fadas foram construídas, para ensinar e transmitir valores. Os contos de fadas são narrativas que carregam marcas do tempo histórico e cultural.

Jouve (2012) acredita no papel imprescindível dos textos literários no ensino-aprendizagem de uma língua, pois através deles há o conhecimento da linguagem, o exercício de múltiplas linguagens e a formação do espírito crítico e sociocultural do aprendiz. Propõe também o uso de contos porque se faz relação com os conhecimentos prévios, com as experiências dos leitores para a construção do sentido do texto, em outras palavras, há engajamento discursivo pela sua motivação temática.

Bettelheim (2004) defende também que é viável o uso das estratégias de leitura por meio dos contos de fadas. Explica que são narrativas curtas, possuem conteúdos significativos, fazem sentido na vida pessoal do aluno, sua comunidade, sua cultura, trazem histórias que evocam recordações, que alegram e fazem sorrir ou entristecem o leitor, são histórias fabulosas que podem desafiar o intelecto. Trata-se de uma narrativa que mostra o mundo a ser descoberto.

Bettelheim (2004, p. 35) afirma que:

O conto de fadas é apresentado de um modo simples, caseiro; não fazem solicitações ao leitor. Isto evita que até a menor das crianças se sinta compelida a atuar de modo específico, e nunca a leva a se sentir inferior [...] o conto de fadas reassegura, dá esperança para o futuro, e oferece a promessa de um final feliz.

Dessa forma, Gregorin (2009) deixa claro o potencial da literatura em auxiliar o desenvolvimento cognitivo e socioafetivo da criança, podendo e devendo ser usadas nas escolas, não só com o intuito pedagógico, mas também na formação de leitores. Para ele é preciso “levar muitas crianças a ampliar e educar seus olhares para a literatura, e para a arte, a se transformarem em leitores plurais, e consequentemente em cidadãos mais preparados para a vida em sociedade”. (Ibid., p. 137).

Os autores de referência postulam que os contos de fadas permitem que a criança ou até mesmo o adulto despertem sentimentos ligados ao conto, gerando afetos pelos personagens de tal maneira provocando ao leitor/ouvinte impactos no psíquico, por se tratar de vivências semelhantes do dia-a-dia. Os sentimentos são diversos tanto bons como maus.

Ao analisar os pressupostos teóricos aqui retratados, os contos de fadas são textos bastante eficazes para a aptidão da leitura do aluno, pois apresentam uma variedade de temas sociais os quais o aluno vivencia no cotidiano, o que leva a despertar no leitor a vontade de ler e conhecer o começo, o meio e o fim da história, a se sentir mais aberto, a comentar, a refletir sobre o que leu. Os contos envolvem o leitor pela ação e favorecem múltiplas visões e leituras, possibilitando-o a reflexão e o despertar do senso crítico por meios dos possíveis questionamentos que a imaginação proporciona.

- PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

Este estudo foi desenvolvido em três fases, na primeira

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