A Importância dos Contos de Fadas
Por: eduardamaia17 • 13/4/2018 • 3.455 Palavras (14 Páginas) • 462 Visualizações
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Independente de tudo o que contamos ou ouvimos ser ou não verdade, os contos podem fazer extremamente bem aos seus pequenos ouvintes, pois nesses momentos em que a família se reúne para uma simples história a criança se sente acolhida, confortável e amiga de seus pais, e isso é muito valioso para o coração de uma criança.
Saber que seus pais trocam qualquer coisa para lhes dar um momento de carinho, um momento de histórias, um momento de conto, essa também é uma forma de amor; e não há melhor maneira de ensinar a uma criança o valor e significado de sua vida e de suas dúvidas, que não seja lhe contando uma velha e boa história.
Onde acaba a realidade?
Bruno Bettelheim diz que os contos de fadas têm efeitos terapêuticos, pois eles colaboram para que a criança solucione suas dúvidas, conheça seus medos e tirem suas próprias conclusões a respeito da vida, por isso que o mesmo conto pode ser contado diversas vezes para a mesma criança, a cada repetição ela extrai uma nova conclusão para o seu interior.
A sua realidade é essa e não há porque tomar isso delas, aos poucos elas próprias vão desapegando das “historinhas” e vendo nelas um significado para as suas vontades, estranhezas e para o seu mundo real. Elas mesmas separarão a verdade da mentira e encontrarão soluções para o seu dia a dia.
Os contos de Charles.
No inicio, quando os contos ainda nem eram contos, na verdade, não existiam fadas, nem final feliz, e sim histórias contadas oralmente pelos pais ou pessoas mais velhas das famílias que diziam ter visões sobrenaturais ou escutaram as mesmas de alguém que vivenciou, inventou ou simplesmente ouviu falar.
Assim como as lendas e as histórias que nossos pais e avós costumavam nos contar quando éramos crianças, hábitos estes que hoje em dia não são muito explorados pelos adultos.
Antigamente os contos não eram iguais aos de hoje, foram eles adaptados para melhor satisfazer a curiosidade e entendimento da infância. No entanto as primeiras histórias eram preenchidas por enredos assustadores e finais longe de serem tão felizes, que desrespeitariam os preceitos de nossas crianças, se contadas nos dias de hoje.
Em 1695, Charles Perrault, adaptou diversos contos fazendo com que assim eles pudessem ser mais aceitos pelas crianças e sociedade, as histórias registradas por ele eram aquelas que Charles ouvira de sua mãe ou nos salões parisienses. Seu primeiro livro fora publicado em 11 de janeiro de 1697 quando o escritor já estava com 70 anos de idade, com isso, foi nomeado o pai da literatura infantil e seu livro teve como título (o mais aceito) “contos da Mamãe Gansa”. Alguns de seus contos citamos aqui:
Chapeuzinho Vermelho;A Bela Adormecida;O Pequeno Polegar;Cinderela;Barba Azul;O Gato de Botas;As fadas;Riquet Topetudo;Pele de Asno; eDesejos Ridículos Grisélidis.
No ano de 1812, seguindo a ideia de mudança e adaptação de Perrault, os irmãos Grimm e o dinamarquês Hans Christian Andersen modificaram esses contos, transformando-os em narrativas mais suaves culminando na cabecinha da criançada a luta em que o bem sempre ganha o mal; obtendo durante a trama uma “moral da história”.
Um bom exemplo disto é o conto da Chapeuzinho Vermelho ou “Capuchinho Vermelho”, na história original após o lobo enganá-la e atraí-la para a casa da vovó, ele devora a velhinha e com as sobras faz uma sopa, a qual é servida para a menina que em seguida é devorada também. Em outras versões a chapeuzinho faz um strip-tease para o lobo, com isso consegue distraí-lo e foge pela janela do quarto.
Nesta versão, mesmo que chocante, ainda conseguimos analisar e “aceitar” alguns aprendizados para os leitores ou ouvintes:
O velho conselho da mãe pedindo para que a menina não atravessasse a floresta – orienta a não desobedecer aos pais, os mais velhos ou até mesmo uma ordem, uma lei.
O pedido por “não atravessar a floresta” – naquela época as crianças viviam sim com o perigo constante de serem atacadas por animais, sendo eles na maioria das vezes lobos. Então a desobediência poderia trazer consequência.
A conversa com o lobo no meio do caminho – implica em não conversar com estranhos.
Notamos então que nas duas versões, sendo a atual ou a antiga, o roteiro, a moral e as orientações são as mesmas, porém com algumas modificações no decorrer e no final das histórias. E se ouvidas diversas vezes, a criança, mesmo que demore entender o significado das palavras e dos conceitos do que lhe é contado, consegue captar sem interferência do adulto o seu conceito de certo e errado, “bem e mal”.
Entretanto a questão para a criança não é em decidir se irá ser boa ou má, os contos transmitem a ela que há diferentes tipos de pessoas e sentimentos, mas a criança quer mesmo é ser parecida com a personagem que lhe chama a atenção. Neste caso se a personagem que lhe encantou é muito bom ou muito legal a criança logo quer ser igual a ela.
Bruno Bettelheim.
A PSICANÁLISE DOS CONTOS DE FADAS.
Bruno Bettelheim, em seu livro “A psicanálise dos contos de fadas” expõe que os adultos naturalmente tratam seus filhos como se eles fossem capazes de entender o mundo da mesma forma que nós adultos, algo que jamais deveria ser feito de tal maneira.
A criança vive em um mundo interno cheio de fantasias, medos, traumas e sem saber o significado da própria vida, ou do que é exatamente viver.
“Apenas na idade adulta podemos obter uma compreensão inteligente do significado da própria existência neste mundo a partir da própria experiência nele vivida.”
(Bruno Bettelheim)
Neste trecho do seu livro está bem claro que para conhecermos a vida precisamos de experiência com ela, e mesmo assim um adulto na sua idade mais avançada ainda tem muito a aprender, pois vivemos e não conhecemos todos os nossos objetivos de vida.
O adulto como responsável pela criação de seus filhos tem o dever de ensiná-los a reconhecerem o significado da vida, de dá-los limites, amor e compreensão quando estes demoram a entender o que queremos transmitir. Assim como diz Bruno “a sabedoria é formada por pequenos passos desde o começo mais irracional”.
Esta tarefa torna-se demasiada difícil quando não temos
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