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VIDA E OBRA DE CASTRO ALVES

Por:   •  26/2/2018  •  5.228 Palavras (21 Páginas)  •  540 Visualizações

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de Medicina de Salvador, e de Clélia Brasília da Silva Castro. No ano de 1853, vai com sua família morar em Salvador. Estudou no colégio de Abílio César Borges. Demonstrou vocação apaixonada e precoce pela poesia. Em 1859 perde sua mãe. Após o segundo casamento do pai, mudou-se para Recife em 1862, onde concluiu os preparatórios e, depois de duas vezes reprovado, matriculou-se finalmente na Faculdade de Direito em 1864. Cursou o 1º ano em 1865, na mesma turma que Tobias Barreto.

Em 1866, perdeu o pai e, pouco depois, iniciou apaixonada ligação amorosa com atriz portuguesa Eugênia Câmara, dez anos mais velha, que desempenhou importante papel em sua lírica e em sua vida. Teve fase de intensa produção literária e a do seu apostolado por duas grandes causas: uma, social e moral, a da abolição da escravatura; outra, a república, aspiração política dos liberais mais exaltados. Em 1868, transferiu-se em companhia da amada para São Paulo, onde concluiu a Faculdade de Direito, onde também fundou com os amigos, entre eles Rui Barbosa, uma sociedade abolicionista. Escreveu o drama Gonzaga ou Revoluções de Minas em que no fim do mesmo ano o drama é representado com êxito enorme, mas o seu espírito se abate pela ruptura com Eugênia Câmara. Continuou principalmente a produção intensa dos seus poemas líricos e heroicos, publicados nos jornais ou recitados nas festas literárias, que produziam a maior e mais arrebatadora repercussão. Tinha 21 anos e uma nomeada incomparável na sua geração, que deu entretanto os mais formosos talentos e capacidades literárias e políticas do Brasil.

Durante uma caçada, a descarga acidental de uma espingarda lhe feriu o pé esquerdo, que, sob ameaça de gangrena, foi, afinal, amputado no Rio, em meados de 1869. Sua saúde, que já se ressentira de hemoptises desde os dezessete anos, quando escreveu “Mocidade e Morte”, cujo primeiro título original era “O tísico”, ficou definitivamente comprometida. De volta à Bahia, passou grande parte do ano de 1870 em fazendas de parentes, à busca de melhoras para a tuberculose. Em novembro, saiu seu primeiro livro, Espumas flutuantes, único que chegou a publicar em vida, recebido muito favoravelmente pelos leitores.

Daí por diante, apesar do declínio físico, produziu alguns dos seus mais belos versos, animado por um derradeiro amor, este platônico, pela cantora italiana Agnese Trinci Murri. Faleceu em 1871, aos 24 anos, sem ter podido acabar a maior empresa a que se propusera, o poema Os escravos, uma série de poesias em torno do tema da escravidão. Ainda em 1870, numa das fazendas em que repousava, havia completado A Cachoeira de Paulo Afonso, que saiu em 1876, e que é parte do empreendimento, como se vê pelo esclarecimento do poeta: “Continuação do poema Os escravos, sob título de Manuscritos de Stênio.”

2. OBRAS

2.1 O Navio Negreiro – Tragédia No Mar

Escrito em São Paulo, no ano de 1869, o poema “Navio Negreiro”, que trás como subtítulo “ Tragédia no mar”, é uma das obras mais singulares e conhecidas da literatura brasileira. Poema épico do poeta Castro Alves, foi declamado nas escadarias da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em apelo à libertação dos escravos e em prol da Abolição da Escravatura, que ainda vigorava no Brasil do século XIX. O poema é composto de seis partes, que vão se alternado em métricas variadas para obter o efeito rítmico mais adequado a cada situação retratada no poema.Diferente de outros poemas da época, o Navio Negreiro é considerado o ícone do movimento condoreiro, ou 3ª. geração de poetas do romantismo brasileiro.

O Navio Negreiro descreve com imagens e expressões muito fortes e impactantes a situação dos africanos traficados de suas terras, separados de suas famílias e tratados como animais nos navios de contrabando que os traziam para ser propriedade de senhores e trabalhar como escravos. O poema se inicia com o eu-lírico descrevendo a imensidão do mar, cruzado por ousados veleiros. As viagens são longas; nada se vê além do mar e do céu, e muitos perigos cercam os viajantes. O poema ainda descreve a respeito dos bravos marinheiros que cantavam com glória à sua pátria. Os marinheiros de todas as nações amam o seu trabalho, pois todos cantam enquanto navegam os mares.

O eu-lírico, ao longo do poema, vai descrevendo as suas visões daquele momento, que é rompido com uma música fúnebre. Ele de repente, apresenta uma cena terrível: inúmeros escravos negros, entre homens, mulheres e crianças, estão acorrentados e sangrando, e são obrigados a dançar para diversão da cruel tripulação. O poeta clama aos céus para acabar com esta prática de horror e sofrimento.

Ao longo da narrativa épica, o poeta ainda questiona as razões pelas quais o Deus tão misericordioso não intervém naquela prática, ou, ainda, por que os astros e o belíssimo mar não eram capazes de abolir aquela lamentável imagem. E ainda pergunta-se sobre quem são aqueles homens, crianças e mulheres. Eles nasceram livres; mas foram capturados em África, trazidos acorrentados pelo vasto deserto até a costa, e embarcados nos porões fétidos dos navios negreiros. Muitos morrem durante a viagem e seus corpos são lançados ao mar.

O poema ainda questiona se tudo o que vê naquelas práticas são reais ou meras ilusões, de tão horrendas que são. Ele ainda invoca alguns personagens importantes da história brasileira, para que se manifestem e impeçam a continuidade da escravidão.

Trecho do poema “Navio Negreiro – Tragédia No Mar”

(...)

Parte - IV

Era um sonho dantesco... o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho.

Em sangue a se banhar.

Tinir de ferros... estalar de açoite...

Legiões de homens negros como a noite,

Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo às tetas

Magras crianças, cujas bocas pretas

Rega o sangue das mães:

Outras moças, mas nuas e espantadas,

No turbilhão de espectros arrastadas,

Em ânsia e mágoa vãs!

E ri-se a orquestra irônica, estridente...

E da ronda fantástica a serpente

...

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