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O livro “A bagaceira”, publicado em 1928

Por:   •  21/4/2018  •  2.433 Palavras (10 Páginas)  •  354 Visualizações

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Principais Obras:

- Reflexões de uma cabra, 1922;

- Discursos de seu tempo, 1964;

- A Paraíba e seus problemas, 1923;

- A palavra e o tempo, 1965;

- A bagaceira, 1928;

- O ano do Nego (memórias), 1967;

- O boqueirão, 1935;

- Eu e eles, 1970;

- Coiteiros(romance), 1935;

- Quarto minguante, 1975;

- Ocasos de sangue, 1954;

- Antes que me esqueça (memórias), 1976.

Resumo da Obra

O romance se passa entre 1898 e 1915. O título desse romance denomina o local que se juntam, no engenho, os bagaços da cana. Figuradamente, pode indicar um objeto sem importância, ou ainda, gente miserável. Devido ao sol implacável, Valentim Pereira, sua filha Soledade e o filho adotivo Pirunga abandonam a fazenda do Bondó, na zona de sertão. Encaminham-se para as regiões dos engenhos, no rejo, onde encontram acolhida no Engenho Marzagão, de propriedade de Dagoberto Marçau, cuja mulher falecera por ocasião do nascimento do único filho, Lúcio, este sendo mandado para a cidade para estudar direito. Passando as férias no engenho, conhece Soledade, e brota um forte afeto, mas o rapaz hesita em dar plena sequência ao flerte por não ter convicção de que seria capaz de amá-la no contexto urbano e intelectualizado, no qual ele vivia. Retorna para a academia e quando volta, em férias, à companhia do pai, toma conhecimento de que Valentim Pereira se encontra preso por ter assassinado o feitor da fazenda Manuel Broca, suposto sedutor de Soledade. Lúcio, já advogado, resolve defender Valentim e informa o pai do seu propósito: casar-se com Soledade. Dagoberto não aceita a decisão do filho e não vê outra saída se não contar a verdade para o filho, que tinha sido o autor da desonra de Soledade. Pirunga, tomando conhecimento dos fatos, comunica a Valentim e este lhe pede, sob juramento, velar pelo senhor do engenho, até que ele possa executar o seu dever, matar o verdadeiro sedutor de sua filha. Em seguida, Soledade e Dagoberto, acompanhados por Pirunga, deixam o engenho e se dirigem para a fazenda do Bondó. Cavalgando pelos tabuleiros da fazenda, Pirunga provoca a morte do senhor de engenho. Marzagão é herdado por Lúcio, com a morte do pai. Em 1915, por outro período da seca, Soledade já com a beleza destruída pelo tempo, vai ao encontro de Lúcio para lhe entregar o filho dela com seu pai, ou seja, o irmão de Lúcio.

Personagens

Protagonistas

- Lúcio: Humano, idealista, sonhador, apaixona-se por Soledade, com quem mantém um romance puro. Não compartilha as ideias de seu pai, Dagoberto Marçau, para quem "hoje em dia não se guarda mais na cabeça: só se deve guardar nas algibeiras.” Acreditava que se podia desmontar a estrutura anacrônica do engenho: “Quanta energia mal empregada na desorientação dos processos agrícolas!”. A falta de método acarretava uma precariedade responsável pelos apertos da população misérrima. A gleba inesgotável era aviltada por essa prostração econômica. “A mediania do senhor rural e a ralé faminta".

- Soledade: Filha de Valentim Pereira representa a beleza agreste do sertão. Aos olhos de Lúcio, a sertaneja. "não correspondia pela harmonia dos caracteres às exigências do seu sentimento do tipo humano. Mas, não sabia por que, achava-lhe um sainete novo na feminilidade indefinível. As linhas físicas não seriam tão puras. Mas o todo picante tinha o sabor esquisito que se requintava em certa desproporção dos contornos e, notadamente, no centro petulante dos olhos originais."... "Era o tipo modelar de uma raça selecionada , sem mescla, na mais sadia consanguinidade." A presença da sertaneja no engenho colocará uma barreira ainda maior entre Dagoberto e Lúcio. Por causa Soledade Valentim se torna assassino e Pirunga causa a morte do senhor de engenho.

Antagonistas

- A seca: Mais precisamente o Sol, o principal antagonista, não libertando os sertanejos da fuga: “fugiam do sol e o sol guiava-os nesse forçado nomadismo”. Assim era o sol do sertão em tempo de seca, “um beijo de morte, longo, cáustico, como um cautério monstruoso”, em vez de ser “o beijo da fecundidade”.

- Dagoberto Marçau: Proprietário do engenho Marzagão, simboliza a prepotência, contrapondo-se à fraqueza dos trabalhadores da bagaceira. Considera-se "dono” da justiça e seu código é simples: "O que está na terra é da terra". Se ele é o senhor da terra, tudo que nela dá é da terra (ou seja, dele próprio). "Se ele é o senhor da terra, tudo que nela se encontra lhe pertence, até os próprios homens que trabalham no engenho.” Assim pensa e assim age. Seduz Soledade, vendo na sertaneja semelhança com sua ex-mulher.

Personagens Planos

- Valentim Pereira: Representa o sertão: destemido, arrojado e altivo. Como bom sertanejo pune pela honra de uma mulher, mata o feitor Manuel Broca, apontado como sedutor de sua filha. Mas a "ideia fixa da honra sertaneja" vai além: a cicatriz que lhe marcava o rosto era resultado de uma briga mortal com um amigo, que desonrara uma moça, neta de um "velhinho", de quem o tempo quebrara as forças. O diálogo entre Valentim e Brandão de Batalaia (assim se chamava o "velhinho") é bem ilustrativo: "Que é que vossamecê manda? Ele respondeu que só queria era morrer. Eu ajuntei: E por que não quer matar?...”.

- Pirunga: Filho de criação de Valentim Pereira, a quem tributa lealdade. Ama Soledade, mas seu amor não encontra receptividade. Assim como Valentim, simboliza o sertão: valente, intrépido e altivo. Por ocasião da festa no rancho, vai a defesa de Latomia enfrentando a polícia. "O sertanejo fazia frente a toda tropa na confusão do conflito corpo a corpo. Seu olhar fuzilava na treva como um sabre desembainhado."

Outros

- Latomia: empregado e brejeiro.

- Milonga: (mãe preta) brejeira.

- Manoel Bronca: feitor e brejeiro.

Tempo

Cronológico

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