O Início dos veículos autônomos não é tão recente, se deu no Japão em 1977
Por: Sara • 9/10/2018 • 3.286 Palavras (14 Páginas) • 274 Visualizações
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2. Benefícios desta Tecnologia
O funcionamento desta tecnologia possibilita o gerenciamento de tráfego, tornando-o fluido e homogêneo, assim otimizando as vias. Uma vez que o algoritmo conheça as posições dos veículos e controle suas velocidades, já há controle o suficiente sobre as variáveis para calcular as possíveis rotas e rearranjar o fluxo de veículos.
O controle destas mesmas variáveis retira o fator humano no que se trata da condução do veículo, logo, evitará a falha por parte do condutor. Perigos como utilizar smartphones ao conduzir, ou ainda direção embriagada, serão fatos do passado, que não mais colocarão vidas em risco, nem a do usuário nem as de quem o cerca. Além disso, não seriam necessárias leis de trânsito como a lei seca e fiscalização por parte de governo, gerando menos gastos. Também seriam desnecessários semáforos, sinalizações de trânsito ou qualquer outra forma de orientação para o “condutor”, uma vez que este não precisa mais conduzir.
O terceiro fator principal de um veículo autônomo é o conforto causado pela disponibilidade de tempo para os usuários. Estes já não mais precisarão enfrentar o estresse gerado por uma “fechada”, a ansiedade de um semáforo vermelho ou qualquer outra atividade relacionada à condução, podendo utilizar este tempo para fazer o que desejar dentro do veículo, inclusive o repouso, possibilitando aumento em sua produtividade, aproveitando um momento, atualmente, majoritariamente contraproducente.
3. Complicações
Observando diversos surgimentos de tecnologias que hoje nos circundam e tornam a vida tão mais fácil, é interessante pensar nas influências para a criação destas. Seriam as influências oriundas das necessidades da sociedade? Ou, ainda, essa busca pela substituição de nossa realização de tarefas por mecanismos que realizem tais trabalho incessantes? Seria isso um reflexo de nossa busca constante por comodidade ou a busca por comodidade é um fruto do treinamento que meios tecnológicos inovadores em ascensão com suas influências nos propõem? As necessidades são intrínsecas à sociedade e desenvolvemos tecnologias para melhorar nossa situação, todavia ao introduzirmos uma nova tecnologia de antemão presume-se que esta criará naturalmente novas necessidades. Será realmente de forma natural que novas necessidades surgem ou de forma artificial por marketing e incentivo para criação de capital de empresas que estas novas necessidades são naturalmente e premeditadamente incluídas no surgimento da tecnologia, visando a garantia de um nicho no mercado? De uma forma ou de outra, já é razoável pensar que o veículo autônomo se encaixará neste cenário, mesmo antes de ter sido criado e implementado em nossas vidas.
Contudo, mesmo visando estes três aspectos importantes – gerenciamento de tráfego, segurança e conforto –, que devem melhorar a vida do indivíduo, é imprescindível que analisemos os aspectos sociais que esta melhoria causará, o que o indivíduo trocará para obtê-la.
Para gerenciar o tráfego, haverá uma constante formação de dados processáveis sobre localização do indivíduo, lugares que costuma frequentar e o que costuma a fazer. O indivíduo entregará para um algoritmo diversos dados, e, muitas vezes, sequer estará consciente de tal feito. ZUBOFF já nos alerta sobre os riscos desta coleta de informação massiva e sua utilidade para fundamentar uma nova lógica de acumulação de capital baseada numa vigilância constante. Ora, estaremos entregando nossa privacidade, nossas informações pessoais, pelo gerenciamento do tráfego, sem questionar se vale a pena abdicar do direito de estar anônimo e poder se deslocar sem o malefício de estarmos sendo vigiados. Isto para não citar questões de data-fusion, conforme explica CHAMAYOU, este complexo processo de obter dados massivamente e processá-los, permite que tenhamos nossos eventos diários caracterizados e esquematizados. Uma vez que isto tenha ocorrido, suas implicações são as mais diversas possíveis, desde criarem ao nosso redor uma “bolha”, que direciona nosso desenvolvimento individual e nossas relações sociais.
O algoritmo estará num cotidiano em que situações de tomadas de decisões são algo corriqueiro. Espera-se que o algoritmo tenha condições para tomar as decisões que um humano tomaria diante de cada escolha que encontra, entretanto há questões com um cunho filosófico profundo, das quais apresentaremos alguns exemplos posteriormente no texto, mas, de antemão, não é razoável admitir que caiba a um algoritmo escolher, somente ao próprio humano.
O humano não estará mais conduzindo nem prestando atenção no caminho, já que não será mais necessário que o faça. Deste modo, para imprevistos com questões como as levantadas, não haverá tempo para que o humano tome conta da situação e a gerencie. Desta forma, mesmo se não for devido, caberá ao algoritmo tomá-la de uma forma ou de outra. Pode-se realmente confiar nos critérios do algoritmo? Pode de fato ocorrer uma viagem tranquila permitindo que o veículo, e somente o veículo, sempre pense nas questões de trajeto? A discussão é além do pensamento acerca de crescimentos concomitantes do transporte e da jurisdição para suas mediações, pois, se já é difícil garantir tal crescimento, mais difícil ainda, senão impossível, é garantir que o algoritmo não seja programado com algum viés, conforme discutiremos.
3.1 Quem dominará o algoritmo?
Um algoritmo, tal qual uma peneira, filtra as atitudes do indivíduo que se encontra governado por ele. Mesmo que a maior parte das pessoas não tomasse um caminho diferente diariamente, o algoritmo tirará a possibilidade de que o faça, pois todo algoritmo tem seus limites, e, por conseguinte, seus usuários também o estão, uma vez que estejam em sua dependência.
Quem cria e gerencia o algoritmo tem o controle da sua expansão, e, seja por necessidade, seja por conforto, muitos se submetem a algoritmos todos os dias. Tal como o do veículo autônomo, muitos se submetem ao domínio do mestre do algoritmo.
Desta forma, neste tópico queremos tratar de questões importantes e pertinentes ao desenvolvimento desta tecnologia e detalhes sociais imediatamente inerentes a ele, embasados em situações semelhantes. Contudo, não nos cabe de fato levantar possibilidades de candidatos a dominar este algoritmo, mas, sim, questionar se há dominação neste ou em demais algoritmos, e, caso haja, quais as possíveis implicações para quem for um usuário dessas tecnologias, especialmente a aqui tratada,
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