O Etnomatemática no campo: Pesagem animal com fita métrica

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Embasado nessa teoria de D’Ambrosio buscamos retratar um problema curioso que ocorre na zona rural e que pode ser levada a sala de aula como prática didática para despertar o interesse dos alunos em alguns conceitos matemáticos como funções, potenciação, etc.

De acordo com (KNIJNIK, 2000, p. 51) a Etnomatemática procura contar, ensinar, lidar com a história não oficial do presente e do passado. Ao dar visibilidade a este presente e a este passado, a Etnomatemática vai entender a Matemática como uma produção cultural, entendida não como consenso, não como a supremacia do que se tornou legítimo por ser superior do ponto de vista epistemológico.

A Etnomatemática, além de aproximar a matemática das experiências individuais ou coletivas, esse programa valoriza os saberes locais e culturais que os membros de grupos culturais distintos desenvolveram no decorrer da história, que estão desvinculados do processo de ensino e aprendizagem (ROSA; OREY, 2003).

Então, esse programa pode ser considerado como um saber e fazer matemático que busca explicações e maneiras diferentes de lidar com os problemas cotidianos enfrentados pela sociedade. Esses saberes e fazeres surgem das práticas matemáticas diárias, que são difundidas de geração em geração, que estão relacionadas com a busca pela sobrevivência e transcendência. Nesse contexto, a Etnomatemática não tenta substituir a matemática acadêmica, mas relacioná-la com a matemática presente na cultura dos membros de cada grupo (D’AMBRÓSIO, 2011).

O ensino de Matemática, nessa perspectiva, é visto como um instrumento para a compreensão, para a investigação, para a formação integral. O estudante deve ser instigado a construir a sua própria forma de manejar a Matemática, com produção autônoma e racional. Nessa perspectiva, a diversidade de contextos, os conhecimentos que permeiam e suas interrelações são tratados como pilares do desenvolvimento cognitivo uma vez que o sujeito do conhecimento deve ser considerado em sua integralidade, como um constructo social, cultural, econômico e religioso.

Sintetizando, a Etnomatemática é uma tendência da Educação Matemática que valoriza as matemáticas praticadas por grupos culturais, mas que não pretende substituir a matemática acadêmica, mas relacioná-las de forma a trazer as experiências dos alunos para a sala de aula de matemática.

E é nesse sentido de retratar um pouco da etnomatemática agrária que fizemos nosso trabalho em busca de conhecer e enriquecer o trabalho de pecuáristas que usam a Matemática informal em seu trabalho.

Entrevista

Interessados em conhecer o método de medição de peso com trena investigamos através da seguinte entrevista com o agricultor, Onofre Moreira, afim de saber que conhecimento matemático pode ser desenvolvido nesse método.

Até que série o senhor estudou?

- Até a terceira série.

Por que o senhor parou de estudar?

- Naquela época era dificil de estudar. Não era que nem é hoje não, a escola era longe tinha que andar muitas léguas de pé. E ainda tinha que ajudar os pai na roça, era bem puxado, tinha que trabalhar desde cedo.

O senhor sabe ler, escrever, fazer alguma conta de Matemática?

- Sei sim um pouco eu acho, aprendí a ler, a escrever, sei fazer conta de mais, de menos, de vez e até de dividir. Isso ai maioria aprendí com minhas irmã e na escola, até com meus filhos, mas muito também aprendí na lida diária aqui na roça.

O senhor usa essa Matemática que aprendeu na escola?

- Uso sim; a gente tem que direto fazer conta, tem que conhecer os numero, coisa muito dificil não faço não. Mas se é pra mexer com dinheiro a gente precisa de fazer conta, fazer cerca ou plantar alguma coisa na mêia tem que dividir bem certim.

O senhor acha que a Matemática que o senhor sabe é diferente da que seus filho estudou na escola?

- Á é sim, eles sabe muito mais que eu, estudaram mais né, mas nenhum deles faz conta meljor que eu, hoje já não mexo tanto com isso por que minhas vistas tá meio embaralhada.

Por que o senhor precisa conhecer o peso dos seus animais?

- Porque a gente precisa vacinar certim com as dose certa de rémedio, tem vacina que se injetar demais dá problema, prejudica o animal. Tem umas que é conforme o peso do animal senão a gente toma prejuizo. E também quando precisa vender algum gado vivo pra açougue tem que saber quantas arroba ele vai dar.

Como o senhor faz pra pesar o gado sem usar uma balança?

A gente usa uma fita, uma trena pra medir ai tira o peso. A gente passa a fita um pouco atrás do cupim e mede o comprimento cada centímetro é dois quilos e oitocentas gramas. A gente faz a conta 2800 vezes o comprimento e divide por 1000 pra dar o peso em quilo. Mas a gente só faz isso pra gado grande pra bezerro é só no olho mesmo.

Como o senhor aprendeu a calcular o peso?

Aprendi com um tio meu, mas a gente fazia na base, assim cada centimetro da fita valia 3 quilo só que depois agente fez um curso aí no INCRA e aprendeu a fazer mais certo, só que a diferença é pouca.

O senhor sabe o porquê desse cálculo?

- A isso aí não sei não mas sempre dá certo a conta.

A Matemática e os métodos

A maioria das propriedades rurais de nosso país não tem uma balança para pesar seus animais, e saber somente com avaliação visual o peso em arrobas é pra poucos. Muitas vezes nos deparamos com um grande desafio no campo: como mensurar o peso dos animais? Já que uma balança requer um alto investimento (em torno de R$ 12.000,00 à R$ 20.000,00 um equipamento). Além disso, em pequenas/médias propriedades é inviável tal investimento.

Porém, mensurar o peso dos animais é de suma importância para auxiliar no controle de rendimento, ganho de peso, avaliar desempenho da dieta, gerar indicies zootécnicos, dentre outros. Então vamos abordar algumas técnicas:

- Pode ser realizada por meio de equipamentos completos, as balanças. Esse procedimento é o mais indicado e mais exato.

- A inspeção à Vista (Olhômetro), necessário