Mapeamento de relações lógicas e ontológicas no campo da Ciência da Informação
Por: Ednelso245 • 2/10/2017 • 2.574 Palavras (11 Páginas) • 570 Visualizações
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2 REFERENCIAL TEÓRICO
Assim que o homem foi capaz de pensar e de falar, passou a utilizar um conjunto de símbolos, também conhecido como palavras, para designar objetos ao seu redor, assim como para traduzir os pensamentos formulados eles. Além disso, foi também através das palavras que se fez entender pelos seus semelhantes. Esse modo ocorreu de uma forma muito semelhante a como as crianças aprendem a língua atualmente, com a diferença de que os elementos da linguagem (vocabulário e sintaxe) não estavam de antemão preparados e fixados (DAHLBERG, 1978). É possível definir a linguagem, portanto, como a capacidade do homem de designar objetos que estão ao seu redor e de comunicar-se com seus semelhantes.
De acordo com Dahlberg (1978), o conhecimento fixou-se através dos elementos da linguagem e a partir disso, novos conhecimentos apareceram com novos elementos linguísticos e através destes tornaram-se mais claros e distintos. O autor também explica que a partir da linguagem, foram designados significados a objetos individuais (Que estão no aqui e agora) e objetos gerais (Que se situam fora do tempo e espaço), que resultou na formação de conceitos individuais e gerais. O conceito pode ser definido como a compilação de enunciados verdadeiros sobre determinado objeto, fixada por um símbolo linguístico (verbal ou não-verbal). Percebe-se, então, que o homem se viu necessitado de que as palavras tivessem um significado, ou seja, que cada palavra representasse um conceito. A combinação do conceito com uma palavra resulta no que é chamado de signo. O signo linguístico, portanto, une um elemento concreto (imagem, som ou palavra) chamado significante, a um elemento inteligível (conceito) ou imagem mental, chamado significado.
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Ao realizar a atividade terminológica, o importante é o uso que o termo denota, endossado por uma determinada comunidade de discurso científico-tecnológico. Seu significado precisa ser claro, de forma a estabelecer os conceitos tratados e representá-los através da linguagem (FUJITA, 2003). Os termos definem-se uns com os outros em uma relação de significado, formando um sistema de conceitos representados por termos. Dessa maneira, pode-se dizer que a Teoria Geral da Terminologia (TGT) enxerga o termo sob uma ótica sincrônica (orgânica-sistemática).
Eugen Wüster (1898-1977), engenheiro austríaco pai da TGT e fundador da Escola de Terminologia de Viena, influencia com sua produção intelectual áreas tais como Linguística, Lexicografia, Biblioteconomia, dentre outras, até os dias atuais.
Abaixo podemos observar a definição de Terminologia do Dicionário de Arquivologia e Biblioteconomia:
“Conjunto organizado de termos técnicos ou científicos, em uma ou mais línguas. Os significados desses termos são explicados ou definidos de modo apropriado” (CUNHA, 2008).
Sendo assim, podemos concluir que a Terminologia trata dos conceitos (entendimento concreto de uma unidade de informação, independente de sua expressão linguística), e, portanto, a Terminologia inicia com o conceito e termina no termo (que denota um conceito).
Um dos postulados da TGT que nos permite fazer uma relação mais nítida com a Classificação é que ela se ocupa do conceito, e os conceitos tecem relações entre si, lógicas e ontológicas. Cabe destacar que as relações lógicas se dão por meio de abstração e as ontológicas se referem ao objeto em uma realidade empírica, sua relação com os outros no tempo ou no espaço. É possível compreender essas relações através da ideia da divisão em renques e cadeias.
A relação hierárquica é uma relação lógica onde se reúne conceitos que possuam características comuns entre si, através dessa relação formamos dois tipos, sendo, a cadeia (subordinação) e o renque (coordenação).
A relação de subordinação existe quando um conceito subordinado inclui a intenção do conceito superordenado, incluindo mais uma característica que o especifique. No sistema de conceitos, o conceito subordinado é também conhecido por específico e o superordenado como genérico – quando elaborados no tesauro, são designados como termo específico (TE) e termo genérico (TG). Assim, dizemos que a cadeia é uma série vertical de conceitos que pode ser descendente, tendo seu início pelo termo mais genérico ou ascendente, começando pelo mais específico.
O renque, por sua vez, é um conjunto de termos com uma característica em comum, onde “seus componentes guardam entre si uma relação de coordenação, formando uma série horizontal” (GOMES; MOTTA; CAMPOS, 2006). Seus conceitos são subordinados a um mesmo conceito, isto é, conceitos coordenados “irmãos”, a formação do renque é dada pelas características, sendo evidenciada na parte sistemática dos tesauros na característica de divisão que facilita no reconhecimento de termos equivalentes.
No quadro abaixo, podemos organizar os tipos de relações entre os conceitos, suas análises e conteúdos. São elas:
Relações:
Lógicas
Ontológicas
Relações de superodenação/ subordinação ou genérico – específicas
Por exemplo:
Árvore frutífera/ laranjeira
Partitivas:
Por exemplo:
Avião/ asa
Associativas
Por exemplo:
Indexação / índice
Na TGT temos bases mais seguras para a definição de relações não-hierárquicas (associativas) nos tesauros, que ocorrem entre conceitos que têm uma das suas características em comum. Além da TGT, podemos delimitar outros métodos classificatórios para o estabelecimento de relações entre os termos. Citaremos aqui o método de faceta oriundo da ideia de “categorias fundamentais”, estabelecido por Ranganathan.
Ranganathan, bibliotecário indiano, criou um sistema de classificação que implicou em grandes mudanças no estudo teórico da classificação. Ao observar os sistemas existentes até então, pode identificar suas limitações
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