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Nicolau Maquiavel

Por:   •  31/5/2018  •  3.025 Palavras (13 Páginas)  •  351 Visualizações

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nicolau maquiavel: MAQUIAVÉLICO? O maquiavelismo nasceu da forma como a obra de Maquiavel o príncipe foi lida, interpretada e condenada a partir do século XVI, já que os seus críticos ficaram chocados com as suas ideias de funcionamento do poder, o que ajudou a criar sobre o maquiavelismo uma visão de pensamento de astúcia e perfídia. Comumente, o termo passou a ser utilizado definindo a doutrina de Maquiavel como a negação de toda lei moral ou ética, dando origem ao adjetivo maquiavélico que se referia ao indivíduo que não media esforços para alcançar os seus objetivos e que se valia de uma conduta inescrupulosa, desleal e violenta na obtenção de vantagens. Segundo alguns estudiosos, esta concepção errônea sobre o maquiavelismo se deu pela interpretação parcial da obra o príncipe que deveria ser lida conjuntamente aos discursos. Neste conjunto de obras, Maquiavel quebra o paradigma do pensamento clássico dos filósofos gregos e romanos que considerava a ética como uma extensão da política onde o governante idealmente devia ser um indivíduo virtuoso por natureza. Para ele, na teoria o dever ser era uma boa alternativa, no entanto, na prática não funcionava assim, principalmente no contexto político em que viveu de disputa entre estados e entre famílias que queriam o poder. Para tanto, ele desenvolveu uma linha de pensamento que separava a política da ética, já que o individuo que governasse eventualmente teria que adotar medidas consideradas antiéticas ou questionáveis moralmente, não por bel-prazer, mas por necessidade de se manter no poder. Não pode se afirmar, no entanto, que o próprio Maquiavel tenha sido maquiavélico. Suas ideias eram um compêndio das análises realizadas no decorrer da sua vida sobre as formas de conquista e manutenção do poder de um principado que teriam dado certo ou que poderiam ter tido algum êxito. Maquiavel não se apropriou da defesa do que é imoral ou antiético, mas acreditava que a análise política devia vir antes da análise moral.

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o PRÍNCIPE: um manual político

O príncipe foi escrito por Nicolau Maquiavel entre os anos 1512 e 1513, mas foi publicado postumamente cinco anos depois em 1532. O método utilizado pelo autor foi identificar regularidades presentes na política e não estabelecer regras, já que possuía um caráter indutivo. Para tanto, ele baseou a sua argumentação em fatos históricos e na sua experiência em observar as formas de governo e suas disputas na manutenção do mesmo. Ao contrário dos pensadores gregos que estudavam uma forma ideal de Estado, Maquiavel aprofundou seu entendimento na fundação, desenvolvimento, persistência e decadência de organizações políticas em espaço e tempo específicos.

O príncipe, portanto, foi um compêndio que visava uma Itália unificada com um governante (príncipe) que tivesse um pulso firme e que pudesse ser amado e temido pelo povo, sobretudo, temido. Este governante deveria proteger a integridade nacional inescrupulosamente, e sem medir esforços, das nações estrangeiras.

Além disso, O príncipe se caracterizou por conter um manual de conselhos para os governantes, que para que se mantivessem no poder deveriam estar dispostos a usar de meios até mesmo questionáveis eticamente e com recorrência à força quando necessário.

Maquiavel também foi muito enfático ao defender que o Estado deveria ser militarmente forte e ter o seu exército constituído de cidadãos do próprio país, pois um Estado dependente de mercenários era considerado vulnerável.

A obra foi dividida em 26 capítulos, que podem ser agrupados em cinco partes de acordo com o tema que abordam dispostas a seguir:

Nos capítulos I a XI, Maquiavel analisa os tipos de governo por ele classificados em: principado (hereditários e novos) e república (monárquica, aristocrática e popular). Maquiavel não classifica as formas de governo em boas ou más, mas segundo a sua estabilidade. Ele ainda trata dos meios de obtenção e manutenção destes tipos de governo, ressaltando a importância do exército. Nesta parte do livro, ele demonstra a prática de medidas questionáveis na obtenção de resultados satisfatórios que acabou criando o postulado em que ‘os fins justificam os meios’.

Nos capítulos XII a XIV, Maquiavel discute a análise militar na formação de um Estado forte, defendendo um exército próprio e ressaltando as dificuldades que o príncipe pode vir a enfrentar com as suas tropas, mercenárias ou nacionais. Ele ainda destaca como uma guerra pode ser importante para o patriotismo e nacionalismo dos cidadãos.

O terceiro tema, tratado nos capítulos XV a XIX, Maquiavel descreve a conduta estimada que um príncipe devesse seguir. O príncipe deveria evitar a má reputação e louvar, mesmo que em palavras, regras de fé, religião e humanidade, embora estas regras pudessem ser violadas a qualquer momento para alcançar algum êxito, seja sobre a população, seja sobre nações estrangeiras. Pois, segundo Maquiavel, o povo admira uma fachada virtuosa e não se importa em ser ludibriado pelos poderosos, não buscando a verdade por trás das ações dos mesmos desde que estas ações mostrem algum êxito. O príncipe ainda deveria lutar com as leis e as armas, no entanto, estas últimas só poderiam ser usadas se houvessem condições favoráveis ao seu desempenho. Como foi mencionado anteriormente, era requerido do príncipe que ele tivesse pulso firme e fosse temido pelos súditos, embora não devesse adotar medidas que suscitassem o ódio deles. Isto ajudaria a evitar conspirações e ataques externos. Para toda esta ambiguidade, a conduta do príncipe deveria incorporar uma versatilidade que garantisse a sua permanência no poder.

Nos capítulos XX a XXIII, Maquiavel cuida de dar conselhos especiais ao príncipe, que visavam sua proteção. Uma das suas recomendações foi fundamentada no questionamento à utilidade de fortalezas, que só seriam úteis se o soberano temesse os seus súditos, caso contrário, ele deveria se proteger na afeição dos mesmos. Outra recomendação com base estratégica seria utilizar como aliadas pessoas que antes inspiravam suspeita, já que estas precisariam de apoio para se manterem no novo Estado e se esforçariam para deixar a primeira impressão que tiveram do príncipe de lado. O príncipe deveria ainda apresentar uma boa escolha de seus ministros e saber lidar com conselhos que tivessem interesse oculto.

Por fim, na última parte do livro,

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