NICOLAU MAQUIAVEL O PRÍNCIPE
Por: Hugo.bassi • 28/6/2018 • 4.822 Palavras (20 Páginas) • 371 Visualizações
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2.PROBLEMATIZAÇÃO
A complexidade dialética do caráter de Nicolau Maquiavel, explícito com grandiosidade em sua obra “O Príncipe”, vem dividindo a opinião dos críticos em duas vertentes distintas durante séculos. São estes os “maquiavelistas” (ou anti-maquiavel) e os “maquiavelianos”.
Os “maquiavelistas” acusam-no de ser um mero oportunista político, partidário dos vencedores, violador de valores como justiça e compaixão, divulgador de idéias subversivas do núcleo do poder e defensor dos déspotas.
Da parte dos simpatizantes “maquiavelianos”, suas teses são sustentadas, principalmente, pelas próprias palavras de Maquiavel, que sempre contestou a hipocrisia de se mascarar com aparência honesta uma ação indigna. Defendem, portanto, seu caráter historiador, que pretendia desmistificar o poder e despojá-lo de qualquer moralidade aparente através da revelação dos procedimentos dos bastidores do poder.
Apesar da impossibilidade de qualquer consenso de ideias, buscar-se-á mostrar, no decorrer desta pesquisa, estas diversas teorias, teses e especulações que problematizam o verdadeiro objetivo de tão intrigante obra.
3.JUSTIFICATIVA
O presente trabalho visa expor a importância do pensamento de Maquiavel no que se refere à concepção de Estado, de poder e de política, além de considerar as diversas formas como um verdadeiro príncipe pode conquistar e preservar-se no poder.
Tal percepção do mundo em que estava inserido contribuiu de maneira particular para o desenvolvimento da Ciência Política, visto que sua obra revolucionou as teorias políticas subsequentes à sua publicação, além de ter abordado uma nova visão do Estado, livre das ideologias idealistas do passado e apresentando-o tal como é na realidade.
A grandeza dessa obra de inestimável sabedoria política reside no fato de haver definido as constantes da ação política, evidenciando sua extrema atualidade para a compreensão da problemática política contemporânea.
Sugerindo a discussão dos problemas morais, filosóficos, políticos e religiosos, seu “manual” é uma forma de compreender e justificar o poder que organiza a sociedade e domina o indivíduo. Além disso, foi uma forma de mostrar ao povo as diferentes facetas dos governantes, provocando, ainda hoje, um questionamento das pessoas sobre a realidade política em que vivem.
Por fim, o estudo dessa obra torna-se de suma relevância para o campo do Direito, já que proporciona o surgimento de análises da realidade político-social e de um exame empírico da psicologia humana, propondo o estudo da verdade efetiva dos fatos.
4 OBJETIVOS
4.1Objetivo Geral
Aprofundar o estudo da obra de Maquiavel, tendo em vista um objetivo metodológico definido que nos conduza a uma assimilação sistemática dos reais propósitos do autor, lembrando algumas importantes teorias a esse respeito.
Para isso, durante o trabalho, serão expostas e analisadas as principais problemáticas levantadas por Maquiavel, incluindo-se, portanto, as possíveis formas de conquista do poder e sua manutenção, o conhecimento dos fundamentos de um Estado forte e soberano, dentre outras.
Dessa forma, serão abordados os principais aspectos que tornam o livro “O Príncipe” tão importante e inovador quanto à concepção da política e do poder.
4.2 - Objetivos Específicos
I. Contextualizar a vida e a obra do autor
II. Analisar os principais tópicos abordados por Maquiavel, no que diz respeito aos fatores, considerados fundamentais, que possibilitam a conquista e a manutenção do poder.
III. Caracterizar a visão de Maquiavel quanto ao Estado e os limites da moral, inseridos no contexto do poder.
IV. Abordar o caráter dualístico quanto às interpretações dos objetivos da obra.
CAPÍTULO V
VIDA E OBRA DE MAQUIAVEL
Maquiavel nasceu em Florença, em 03/05/1469 e morreu em 21/06/1527, aos 58 anos. Esse foi o período áureo do renascimento (pré-renascimento – 1350/1450; auge do renascimento – 1450/1550). Maquiavel conseguiu seu primeiro emprego público no ano de 1498, já durante um período instável na vida política da península, e ficou nesse emprego durante 14 anos, quando os Médicis assumiram o governo de Florença (1512) e dissolveram a república, mantendo-o exilado dentro do próprio território italiano.
No ano seguinte ele começa a escrever “O Príncipe” e “Comentários Sobre a Primeira Década de Tito Lívio”. Maquiavel, que sempre quis trabalhar no Estado e pelo Estado, ficou afastado das funções públicas até 1520, quando recebeu o encargo público de escrever sobre a história de Florença. Só que sete anos mais tarde, quando ele pensou que poderia realmente se sentir livre, pois os Médicis foram depostos e a república restituída, os novos republicanos o acusaram de ser aliado da família deposta.
Na época de Maquiavel, o quadro político da Europa apresentava-se da seguinte forma: em Portugal, Espanha, França e Inglaterra, a tendência à centralização do poder político coincidiu com a própria formação da nação. O mesmo não ocorreu com a Itália e a Alemanha, onde a tendência à centralização do poder foi local. Tal centralização se deu por motivos econômicos e sócio-políticos. Pouco a pouco, o feudalismo deu espaço ao mercantilismo que influenciou as relações sociais, gerando novos grupos capazes de disputar o poder político, pois a posse da terra não era mais o único medidor de riquezas.
Os comerciantes aumentaram sua esfera de influência e sentiam necessidade de homogeneizar os meios de troca, isto é, as moedas, os pesos e medidas, ajudando a fortalecer o poder real. Ainda no plano político, os poderes do Sacro Império e do Papa começaram a se enfraquecer.
A Itália era constituída por uma série de pequenos Estados cada qual com um desenvolvimento político, econômico e cultural diferente. Tal quadro favoreceu o surgimento de contínuos conflitos, além de permitir que por várias vezes a Itália fosse invadida pelos Estados que já estavam consolidados (especificamente a França e a Espanha). Apesar do grande número de pequenos Estados a Itália era dominada por cinco grandes forças: no sul da Itália, tínhamos a influência do Reino de Nápoles (Aragão),
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