MULHERES VÍTIMAS DE AGRESSÃO: DECISÕES, SENTIMENTOS E PERCEPÇÕES FRENTE AO EPISÓDIO
Por: SonSolimar • 22/9/2017 • 2.423 Palavras (10 Páginas) • 614 Visualizações
...
Nesse sentido, a problemática vem se tornando prioritária para a Organização Mundial de Saúde desde 1996 e vem despertando estudiosos quanto ao assunto em todo o mundo. No ano de 2006 houve um acontecimento histórico marcado pela luta contra a violência doméstica, culminando na aprovação da lei n° 11.340, também conhecida como lei Maria da Penha que cria mecanismos para coibir e punir a violência doméstica ou familiar (JONG, SADALA e TANAKA, 2008).
A mulher se torna vítima desse acometimento de forma seqüencial, “chamado de ciclo da violência”, sendo semelhante a um ritual. Primeiramente acontecem os desentendimentos, humilhações, intimidação, provocações mútuas. Posteriormente surgem estratégias de ameaça como a separação e o impedimento de relacionamento com os filhos, sendo finalizada a situação conflituosa com a agressão física. Pode ocorrer reconciliação, fase nomeada de ”lua-de-mel” (SOUSA, NOGUEIRA E GRADIM, 2013).
Para se falar de violência voltada às mulheres é de grande relevância compreender que existem desigualdades de gêneros, sendo estas responsáveis pela máxima expressão de violação dos direitos humanos das mulheres o que repercute em seus direitos à saúde, à vida e à integridade. Ambos os gêneros são expostos à violência. Os homens à violência no ambiente público e as mulheres sofrem com uma realidade violenta expressada dentro de seus lares, sendo praticada na maioria das vezes por seus companheiros e familiares (POLÍTICA NACIONAL DE ENFRENTAMENTO À VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES, 2011). Acontece há segundos durante um dia e ainda não é reconhecida como deveria (ILHA, LEAL e SOARES, 2010). Diante do exposto, segundo MOREIRA, BORIS e VENÂNCIO, 2011 a violência sexual é a denúncia mais temida pelas mulheres, por conta do medo, da vergonha e preconceito que estão envolvidos.
A sociedade que sofre atualmente com numerosas conseqüências desastrosas que a violência de gênero pode proporcionar é a mesma sociedade que na antiguidade estabeleceu valores desiguais. Ao homem foi instituída hierarquia de poder que o faz dominante sobre a mulher (DANTAS E MÉLLO, 2008).
Para GOMES et al, 2012 a violência entre parceiros íntimos ocorre mais nas regiões do norte e nordeste, nos estados menos desenvolvidos onde se caracteriza claramente a desigualdade de gêneros. Nas regiões pouco desenvolvidas e com uma população de baixo poder aquisitivo se torna mais marcante a cultura do domínio do homem sobre sua parceira, refletindo a assimetria de poder entre o casal. Essa construção familiar que dar poder e força a um membro e oprime o outro proporciona um ambiente de grande vulnerabilidade à pessoa da mulher.
“Em relação aos aspectos emocionais envolvidos são freqüentes os sentimentos de medo da morte, sensação de solidão, vergonha e culpa (MATTAR et al, 2007; p.02)”. É constatado que além de agressões ao corpo físico ocorre também importante seqüela á saúde mental, permitindo um desequilíbrio emocional à vítima (SILVA & AQUINO, 2008).
Mediante a problemática, percebe-se a importância do setor saúde que pode ser a primeira e única porta de entrada de uma mulher que está vulnerável aos atos violentos e até mesmo de seus filhos que também sofrem com o agravo. Nessa perspectiva, faz-se necessário que os profissionais estejam qualificados e sensíveis ao reconhecimento do caso (LETTIERE, NAKANO e RODRIGUES, 2008).
Depois de reconhecida a repercussão agravante que tem a violência sobre a Saúde Pública, se faz entender também que não é somente uma questão de saúde, mas que outros aspectos estão correlacionados, tais como: o jurídico, o epidemiológico, o social e o psicológico (JONG, SADALA e TANAKA, 2008).
Diante de toda a repercussão que a violência proporciona à vítima e às pessoas que a cercam que são secundariamente atingidas observa-se a importância dessa temática provocando discussões com intuito de buscar estratégias favoráveis para esse público que se encontra em situação de vulnerabilidade. A partir daí a temática do estudo torna-se relevante, nos fazendo compreender que é necessário dar voz a essas mulheres para perceber quais sentimentos estão envolvidos e qual a melhor maneira de intervenção para trazer a solução ao caso.
2. JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA PARA SUA ATIVIDADE PROFISSIONAL.
O conhecimento é uma virtude que é adquirida e aperfeiçoada ao longo dos anos e no momento em que me encontro desejo grandemente caminhar pelas estradas da pesquisa como forma de enriquecer o arcabouço do entendimento no meu eu. E quando se fala em Saúde da Mulher e da Criança o interesse se torna ainda maior, pois é uma área em que me identifico e que inspiro o aprofundamento das suas teorias e práticas.
3. OBJETIVOS.
3.1 Geral:
Conhecer os sentimentos e as percepções das mulheres vítimas de agressão e suas decisões frente ao episódio vivenciado.
4. ESTRATÉGIAS UTILIZADAS PARA O DESENVOLVIMENTO DO PRÉ-PROJETO.
4.1 Tipo de estudo
Estudo descritivo com abordagem qualitativa que segundo Lobiondo-Wood e Haber (2001), são aqueles em que os fatos são observados, analisados, classificados, registrados e interpretados, sem que haja intervenção do pesquisador neles.
Para Minayo (2007) a pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se ocupa, nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode ou não deveria ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com um universo dos significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das atitudes.
4.2 Local do estudo
A pesquisa será realizada em uma instituição que disponibiliza serviço a mulheres vítimas de violência.
4.3 Sujeitos da pesquisa
Os sujeitos da pesquisa serão constituídos por mulheres vítimas de agressão, cujo critério de inclusão é ter idade igual ou superior a 18 anos de idade e aceitar participar do estudo no período de coleta. Serão excluídas aquelas que não atenderem aos critérios de inclusão. Não delimitamos amostra por se tratar de uma pesquisa qualitativa, em que serão observados o critério de saturação, que acontece quando as respostas dos sujeitos entrevistados começam a se repetir (MINAYO, 2004).
4.4 Técnica de coleta dos dados
A
...