FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E A CONTRIBUIÇÃO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO: UMA REFLEXÃO NA PRÁTICA
Por: Lidieisa • 13/6/2018 • 3.245 Palavras (13 Páginas) • 360 Visualizações
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Acreditamos em uma formação que se fundamenta em uma concepção pensada e elaborada com o foco no espaço da escola, respondendo às necessidades de formação requerida pela realidade, ou seja, uma política de formação docente processual e dinâmica, atenta às novas demandas de conhecimentos, próprias do mundo contemporâneo.
À qualidade na educação, dimensionada na ação do professor, subjaz um entendimento de que este tem direito a um saber científico, humano, tecnológico, crítico, amplo, que é caracterizado diferentemente das propostas pontuais desenvolvidas nos treinamentos aligeirados.
Na EJA, a problemática da formação dos professores é complexificada, seja porque a do tipo aligeirada não atende às necessidades dos professores sem nenhuma formação inicial escolar, nem aos professores que já têm uma formação inicial.
Sabemos que os professores da EJA não possuem conhecimentos teórico-metodológicos que fundamentem suas práticas docentes nessa modalidade. Esses professores vivem realidades que exigem um conhecimento e um fazer diferenciados, pois estão em contato com um novo tipo de aluno, diferentes em relação ao perfil, aos interesses e às condições de vida.
Acrescido a esses problemas, outros também comprometem a atuação deste professor, um deles é a visão restrita da sociedade quanto a EJA, que é colocada paralelamente ao sistema, como uma educação compensatória, complementar e não como uma modalidade de ensino da educação básica que requer uma atenção especial, visto a clientela especifica que atende.
São desafios postos para esses professores, cujo único espaço de formação e discussão dessa realidade se limita a contatos aligeirados e temáticos em serviço, incentivados pelas próprias instituições. Essas dificuldades passam pelo próprio campo de atuação dos professores, ou seja, a dificuldade de concretizar, por meio de ações consistentes, o modo específico de ser da EJA, que recebe tratamento compensatório e assistencialista, o que tem tornado difícil a sua construção como um campo de direito e sua configuração pedagógica. Essa complexidade acompanha tudo o que se relaciona à EJA: alunos, escola, conteúdo, metodologia e os profissionais, estes precisam de profissionalização específica.
A partir da década de 1990 que a formação de professores torna-se um tema preponderante, ao nível nacional e internacional, ao lado de outros temas em observância aos acordos e intenções proclamados pela Conferência Mundial de Educação para Todos (1990), como parte integrante das metas de universalização da educação. A valorização e o reconhecimento da importância do desenvolvimento profissional docente tornaram-se um consenso estratégico, embora limitado ao nível do discurso e restringido às metas fiscais e orçamentárias, para a melhoria dos índices educacionais e da qualidade da educação. Esse consenso está representado na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira - Lei nº 9.394/1996. As atribuições concernentes às atividades dos professores, desde as rotinas restritas á sala de aula, acrescentando outras que exigem um novo perfil profissional de professor. A LDB, no seu art. 13, concede aos professores as seguintes atribuições:
I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II -elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III- zelar pela aprendizagem dos alunos; IV- estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos período dedicados ao planejamento, á avaliação e ao desenvolvimento profissional; VI- colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade (BRASIL, 1996).
O que podemos perceber, nas orientações expostas na legislação sobre a atuação profissional dos professores, é a presença de elementos novos que ampliam o papel social de sua profissão. Conceitos como participação, articulação, elaboração do trabalho coletivo na escola se constituem mudanças nos padrões da formação de professores.
Desse modo, a ampliação da dimensão social da formação profissional, legalmente atribuída, demanda a formação continuada para um direito do professor, portanto, deve ser colocada como política pública de interesse de nacional e organizada na relação com as necessidades práticas que se apresentam cotidianamente pelos professores.
Libâneo e Pimenta (1999, p. 261) afirmam que “valorizar o trabalho docente significa dotar os professores de perspectiva de análise que os ajudem a compreender os contextos históricos, sociais, culturais, organizacionais nos quais de dá sua atividade docente”. Daí a importância do investimento no desenvolvimento profissional dos professores, que envolve formação inicial e continuada articuladas a um processo de valorização identitária e profissional dos professores.
Ainda estes autores, dizem que visto a natureza do trabalho docente, o ensinar como contribuição ao processo de humanização dos alunos, requer dos processos de formação o desenvolvimento de conhecimentos, atitudes, competências e valores que permita aos professores a construção dos seus saberes-fazeres docentes a partir dos desafios que o ensino como prática social lhes coloca no cotidiano.
É fundamental que os professores tenham oportunidades de formação adequadas, capazes de garantir o aperfeiçoamento continuo, visto que as atividades atribuídas a ele no dia-a-dia, como por exemplo, planejamento, metodologia de ensino, avaliação, seleção, contextualização, construção do conhecimento, entre outras, que requer preparo e senso critico. Nesse sentido, Gadotti (2002, p. 17) enfatiza que “a formação continuada do professor deve ser concebida como reflexão, pesquisa, ação, descoberta, organização, fundamentação, revisão e construção teórica e não como mera aprendizagem de novas técnicas, atualização em novas receitas pedagógicas ou aprendizagem das últimas inovações tecnológicas”.
A formação continuada de professores é o processo de desenvolvimento que ocorre na vida profissional, depois da formação inicial e que está articulada com a sua prática pedagógica, no contexto do cotidiano escolar. É um processo permanente, continuo e dinâmico que se consolida no cotidiano pessoal e profissional dos professores, que ocorre, principalmente, na organização do trabalho pedagógico e no espaço e tempo da escola.
As escolas tornam-se, assim, lugares de formação, de inovação, de experiência
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