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OS SENTIDOS DA FORMAÇÃO CONTINUADA NA DOCÊNCICA COM JOVENS E ADULTOS

Por:   •  23/5/2018  •  3.385 Palavras (14 Páginas)  •  350 Visualizações

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Neste contexto, cabe destacar que tais características encontram-se relacionadas às particularidades que os desafios na docência em EJA oferecem, entre outros aspectos, o desafio de atuar com uma grande diversidade de educandos na mesma sala de aula acompanha a EJA desde sua criação. Arroyo (2005, p.29) ao escrever sobre a diversidade que envolve os estudantes da EJA, afirma que, “desde que a EJA é EJA, os jovens e adultos são os mesmos: pobres, desempregados, vivem da economia informal, negros, vivem nos limites da sobrevivência”. O autor ainda chama atenção para o discurso escolar que os trata, a priori, como os repetentes, evadidos, defasados, aceleráveis, deixando de fora dimensões da condição humana desses sujeitos, ou seja, desconsiderando as condições sócio-históricas que os constituem.

Diante deste perfil apontado por Arroyo (2005), a docência na EJA depara-se com jovens e adultos acompanhados de baixa estima, desmotivação e cansaço, o que contribui significativamente para sua pouca frequência em sala de aula, provocando, muitas vezes, índices altos de evasão. A avaliação também se configura entre essas especificidades, ou seja, a “rotatividade” dos estudantes em sala de aula dificulta o processo de avaliação: Como avaliar a aprendizagem do estudante se ele não está presente? Outro aspecto é a juvenilização que vem atravessando a Educação de Jovens e Adultos atualmente, o ingresso cada vez mais antecipado dos jovens nas classes de EJA é mais um dos desafios que o educador de jovens e adultos vem encontrando. É um novo perfil da EJA que se apresenta e com ele se constituem diferentes práticas educacionais, vivências, demandas, especificidades, ressaltando a relevância de um processo formativo constante.

É neste sentido que se configura a pesquisa em questão, na qual propomos investigar Qual a percepção dos educadores da Educação de Jovens e Adultos-EJA atuantes na Rede Municipal de Educação de Rio Grande-RS sobre a prática de formação continuada que participam? Com tal proposta temos como objetivo geral colaborar com a crescente qualificação dos processos de formação continuada para professores da EJA, contribuindo com a qualificação docente e da escola pública.

Com o propósito de melhor organizar a construção do trabalho apresentamos as questões que nortearam este estudo:

- Como os educadores de jovens e adultos, sujeitos da pesquisa, percebem o processo de formação continuada do qual participam na escola?

- Qual a influência da formação continuada na constituição desses profissionais?

- Que sugestões esses sujeitos apontam para formação continuada de professores da EJA?

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:

Para a realização desta pesquisa utilizou-se como suporte metodológico uma abordagem qualitativa, compreendendo a temática pesquisada a partir do dialogo, ou seja, construindo estratégias para compreender as concepções do outro a partir do que ele nos diz. Parafraseando Carlos Rodrigues Brandão sobre os diálogos nas pesquisas qualitativas, quando afirma que tal ferramenta aproxima as pessoas, consideramos que através dela criamos possibilidades de aprendizados e de saberes. O diálogo nas pesquisas qualitativas se apresenta enquanto ferramenta de aproximação entre os participantes, oportunizando o compartilhar de vivências e a interação com o outro, permitindo uma ponte entre os sujeitos, ou seja, pesquisador e pesquisado, indo ao encontro da abordagem a que a pesquisa se propõe.

Como primeiro movimento da produção dos dados realizamos um levantamento da realidade do município de Rio Grande-RS acerca da Educação de Jovens e Adultos. O levantamento dos dados foi realizado através de constantes conversas, durante o ano de 2015, com a coordenadora do Núcleo de Educação de Jovens e Adultos da Secretaria de Município da Educação –SMED, além da aplicação de questionários a totalidade dos professores atuantes na EJA no município. Tais questionários abordaram aspectos referentes a tempo de atuação na EJA, formação inicial, carga horária semanal de trabalho, número de escolas já em que atuou, importância da formação da continuada na sua constituição enquanto docente entre outras questões. Sobre esse primeiro movimento da produção dos dados salientamos que as conversas com a coordenadora do Núcleo da EJA na SMED, tinham por objetivo coletar informações gerais acerca da organização da EJA no município.

Importa ressaltar que a formação continuada ofertada aos professores municipais, na presente gestão municipal (2012/2016), está delegada às escolas. Estas apresentam à SMED, semestralmente, o chamado Planos de Ação, contendo os objetivos e ações a serem realizadas ao longo do semestre letivo, o que inclui o planejamento referente à formação continuada dos docentes. Cabe à SMED a apreciação e aprovação do documento encaminhado pela escola. Entregamos 132 questionários com retorno de 60 respondidos, o que representa a participação de 46% dos professores municipais que atuam na EJA.

A partir da aplicação dos questionários chegamos à seleção dos sujeitos de pesquisa: nove professores da rede municipal de educação atuantes na EJA. Nove respostas nos chamaram a atenção por expressarem posicionamentos claros acerca da formação continuada, ou seja, foram respostas que indicavam, a princípio, uma certa consciência sobre a formação continuada, apresentando um posicionamento crítico. Dos nove entrevistados constituíram-se três grupos diferentes de respostas: O primeiro grupo é formado por três professores (as) que definem a formação continuada como “chata”, “desinteressante”, “irrelevante”. Abaixo trazemos trechos que nos chamaram atenção por anunciar tal concepção. Tais fragmentos estão sendo identificados por pseudônimos escolhidos pelos professores. Ana Paula, Everton e Gabriela nos dizem:

Eu considero irrelevante, pois em todas que já fiz as pessoas tinham menos experiência do que a maioria dos professores que estavam fazendo a formação, não conheciam a realidade da EJA. Muita teoria e pouca prática. Não contribui nada para o meu trabalho em sala de aula (Ana Paula, 48 anos, atua mais de 16 anos no magistério, mais de 11 anos na EJA).

Os temas e palestrantes muitas vezes são desinteressantes e descontextualizados da realidade da EJA (Everton, 36 anos, atua mais de 11 anos no magistério, menos de 5 anos na EJA).

É importante para manter-se atualizado, para motivar, porém, tem vezes que é

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