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Eu trabalhei na Guarda Real da Inglaterra

Por:   •  21/11/2017  •  2.340 Palavras (10 Páginas)  •  447 Visualizações

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"Abra caminho para a Guarda Real!" Gritei. Estamos autorizados a dizer isso quando alguém está em nosso caminho. Ela não reagiu, a não ser por se afastar um centímetro de meu rosto.

"ABRA CAMINHO PARA A GUARDA REAL" Eu gritei ainda mais alto, tentando não demonstrar o pavor que crescia cada vez mais.

Ela não teve, absolutamente, nenhum respeito pela minhas ordens. Recusando-me a lidar com essa besteira por mais tempo, dei um passo para trás e apontei minha baioneta para ela. Esse era o nosso último recurso para com os turistas irritantes.

Ela imediatamente fechou a boca e desinclinou-se para uma posição mais humana. Decidi não esperar ela fazer o que diabos estivesse planejando e, então, comecei a marchar, contornando-a. Quando voltei ao meu posto, me virei e parei. Eu não podia vê-la pela minha visão periférica, o que me deu um grande alívio. "Caralho, essa porra de trabalho", pensei comigo mesmo: "Eu vou ter que contar..."

"10, 9, 8" alguém sussurrou no meu ouvido direito. Só podia ser ela. Ela estava atrás de mim.

"10, 9, 8" sussurros vieram do meu lado esquerdo. Senti todos os pelos do meu corpo eriçarem. Hilariante, não é mesmo? Um veterano de combate, matou mais pessoas do que jamais gostaria de admitir, agora estava com medo de uma turista maluca da porra.

"10, 9, 8, 10, 9, 8, 10, 9, 8", ela acelerou o seu sussurro. Em seguida, caminhou para minha frente. "10, 9, 8, 10, 9, 8", ela agora estava sussurrando incrivelmente rápido. Na verdade, sussurrando seria uma descrição incorreta. Era como se ela estivesse gritando, mas em um tom de sussurro, se isso faz algum sentido. Foi surreal. Ela inclinou-se em direção ao meu rosto de novo, sussurrando esses números malditos freneticamente.

Eu estava prestes a quebrar minhas ordens. Eu não agüentava mais. Havia algo fodido sobre esta mulher, e eu não conseguia mais lidar com isso.

"Se-Senhora", eu falava com a voz do maior medroso do mundo, "Senhora, você poderia se..."

E então, outro grupo enorme de turistas veio em nossa direção. A mulher louca se inclinou para trás, ainda olhando para mim. Ela sussurrou "10, 9, 8," mais uma vez sem nunca perder o contato visual. Em seguida, ela foi embora, tão lentamente como quando havia se aproximado de mim. Era tão estranho vê-la desaparecer na multidão. Tudo o que restou foi uma sensação estranhamente desconfortante. Isso, e um grupo de turistas “salvadores da pátria”. Nunca pensei que ficaria tão feliz em ver esses desgraçados novamente.

Depois que meu turno terminou, fui para a minha base e contei sobre o ocorrido para o pessoal. Todos eles já tiveram alguma experiência com pessoas estranhas, mas nenhuma se compara com a minha de hoje. Quando o nosso comandante chegou, os caras começaram a zoar, dizendo que fui “assediado” durante o meu turno. Ele queria dar algumas risadas, então perguntou sobre a história completa. Mas quando eu comecei a contar o que aconteceu, ele rapidamente ficou sério.

"Pare, pare", disse ele. "Você falou com ela?"

"Senhor?", Perguntei intrigado.

"Filho, você falou ou não falou com essa mulher?"

Eu não iria perder o meu salário semanal por ter quebrado essa regra estúpida de não ter permissão para falar, então eu menti. "Claro que não, senhor."

Ele pareceu se acalmar. "Bom. E se caso ela volte, faça questão de nunca responde-la, entendeu? E isso vale para todos vocês."

A atmosfera de brincadeira, rapidamente, cessou na sala de descanso. Fiquei intrigado, mas estava ainda mais cansado, então decidi ir para casa e dormir, em vez de me preocupar com turistas porra louca.

Os próximos turnos foram tão entediantes como sempre são. E não tive mais nenhum sinal da mulher, e uma vez que minha namorada estava prestes a me visitar, acabei esquecendo sobre o incidente.

Terça-feira em torno de 03:00, fui acordado por um alto barulho de batidas na porta. Por alguma estranha razão, o primeiro pensamento que passou pela minha cabeça foi da mulher de semanas atrás.

"Pequena, você se importaria de dar uma espiada pelo olho mágico para ver quem é?" Eu preguiçosamente murmurei, enquanto empurrava suavemente a minha namorada. Ela dormia feito uma pedra; Eu juro que nada poderia acordá-la. Semi-consciente, eu tropecei através do corredor, até chegar à porta. "Quem é?", Eu murmurei enquanto espreitava pelo buraco, mas estava muito escuro lá fora. "Quem é?", Eu perguntei de novo, mas a única resposta que obtive foram batidas mais fortes.

"Foda-se" Eu pensei, respirei fundo e abri a porta.

Há cerca de milhões de coisas que preferia ver na minha frente naquele momento. E só havia uma pessoa que eu não esperava encontrar em frente a porta.

Minha namorada.

Era para eu ir buscá-la hoje à noite.

Quase perdi o controle das minhas pernas. Mil coisas passaram por minha cabeça que estava tendo dificuldades para compreender o que diabos estava acontecendo.

“Obrigado por me pegar no aeroporto, seu idiota." Eu ainda estava sem palavras.

"Então, eu viajo por todo esse caminho para ver você, e você simplesmente esqueceu de mim? Sério? "

Eu não estava ouvindo. Sabia que eu estava meio sonolento quando me levantei, mas havia alguém em minha cama. Tinha certeza que não estava sonhando.

"Fique aqui", eu murmurei.

"O que houve?"

"Apenas... fique aqui."

Até hoje não sei de onde tirei a coragem para caminhar de volta para o quarto, andei lentamente até lá.

Eu sei o que você está pensando - nos filmes e livros, o cara entra no quarto e “tâm-dã”, encontra ele vazio, certo? Porra nenhuma.

Entrei no meu quarto e ele estava completamente escuro. Porém, conseguia ouvir uma respiração pesada (além da minha).

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