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ESTUDO DIRIGIDO – ATIVIDADES COMPLEMENTARES III

Por:   •  15/12/2017  •  5.000 Palavras (20 Páginas)  •  484 Visualizações

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O comerciante Simeão Rodrigues pescava há 14 anos no rio doce. Os peixes sumiram. “Dói no fundo do coração a gente falar, você vê que eu estou até engasgando. É difícil pra gente...”, diz ele. A Samarco declarou que oferece auxílio financeiro emergencial para pessoas que tiveram a sua fonte de renda comprometida e esclarece que vai tratar de indenizações mais à frente em processos separados.

REPORTAGEM 2:

http://brasil.elpais.com/brasil/2015/11/14/politica/1447510027_501075.html

“Lama de Mariana pavimentou rios por onde passou. Dano é irreversível”

Responsável por monitorar impacto de mineração em Minas descreve prejuízos ambientais

Ele diz que não há como retirar rejeitos e alerta que chuvas podem piorar situação

- ELIANE BRUM | A Lama

- Sebastião Salgado : “É a maior tragédia ambiental do Brasil".

Arquivado em: Desastre Mariana

[pic 4] [pic 5]

A avalanche de rejeitos gerada em Minas Gerais pelo rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, controlada pela Vale e a australiana BHP, causou danos ambientais imensuráveis e irreversíveis. Apesar da lama não ter um teor tóxico, ela pavimentou os mais de 500 km por onde passou devastando, com impacto ainda difícil de calcular completamente para grande parte do ecossistema da região. “Podemos dizer que 80% do que foi danificado lá é perda, não há como pensar em um plano de recuperação ambiental”, explica Marcus Vinícius Polignano, coordenador do Projeto Manuelzão. O projeto ambiental, da Universidade Federal de Minas Gerais, monitora a atividade econômica e seus impactos ambientais nas bacias hidrográficas e trabalha com a revitalização dos principais rios mineiros.

Em entrevista, ele afirmou que a mineração precisa ser reinventada: "Não podemos continuar pensando que podemos fazer modelos do século XVIII em situações do século XXI".

Pergunta. Qual a dimensão do estrago ambiental causado pelo rompimento das barragens?

Resposta. É de uma magnitude que eu diria imensurável a princípio. Há várias situações. A extensão do dano é tal que estamos com a lama chegando na foz do Rio Doce, no Estado do Espírito Santo, a mais de 500 km do local do rompimento da barragem. A avalanche de lama rompeu e despejou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos. Apesar dessa lama não ter aparentemente uma composição tóxica do ponto de vista químico, a densidade por si é altamente impactante, porque ela foi fazendo um tsunami de rejeitos que por todos os lugares em que passou devastou, matou e impactou. Uma mesma onda produziu três efeitos. Ela devastou, já que arrebentou tudo que viu pela frente, ela impactou porque se consolidou, não foi passageira, se espalhou ao longo de todo esse trajeto. Ela praticamente produziu os três efeitos simultaneamente.

As comunidades que estavam no caminho perderam seu meio de vida, pequenos agricultores tiveram as fazendas devastadas

P. E como fica o ecossistema?

R. A onda foi pavimentando o trajeto, porque aquilo é uma massa com certa densidade, não é essa lama de enchente que é mais rala, ela tem densidade e uma liga, dessa forma foi pavimentando onde passou. Ela ocupou tanto o leito do curso d’água como as margens. Dependendo da região, chegou a uma faixa de 50 a 100 metros para além da borda do rio. As comunidades que estavam no caminho perderam todas as suas propriedades, perderam seu meio de vida, porque tinham pequenos agricultores que tiveram as fazendas devastadas, sem contar todo o prejuízo do ecossistema que substituído. Imagina que o ecossistema aquático foi totalmente ocupado por esse material de rejeitos.

P. E qual situação dos rios da região?

R. Essa tsunami toda chegou rapidamente aos rios. A lama saiu de um afluente, que era o Gualaxu , passou para o Rio do Carmo e atingiu o Doce que é o rio principal, que configura a bacia. Então foi descendo rio abaixo, trazendo outros efeitos, matando todos os peixes já que a densidade da lama retirou o oxigênio da água. Há cenas chocantes de peixes pulando para fora da água. Um quadro absolutamente tétrico, horrível, inimaginável. O rio Doce tinha uma biodiversidade bem diversificada, cerca de 80 espécies diferentes. Todos os sistemas se interligam, tem espécie no fundo do rio outro debaixo de pedra, isso foi tudo alterado, são danos imensuráveis, porque o que perdeu em cada metro que a onda passou é absurdo, você perdeu e terá um reflexo na qualidade e quantidade da diversidade aquática que sobreviveu.

Ou começamos outro modelo ou vamos continuar enterrando biodiversidades, pessoas e histórias

P. Há uma previsão de recuperação do rio Doce?

R. No caso do rio Doce, como ele é maior, como tem outros afluentes, isso ajuda na recuperação. Acho que em 10 anos talvez ele consiga ter um padrão melhor, mas mesmo assim, dada a dimensão, ainda é uma estimativa que não vai ter como medir.

P. E as comunidades ribeirinhas qual a extensão do dano?

R. Todas as comunidades também ao longo do curso da água tiveram seu abastecimento comprometidos. Quanto mais próximo do rompimento, maior o comprometimento. Essas comunidades vão ficar sem água potável por um tempo que a gente ainda não dá para calcular. Como a intensidade foi diminuindo ao longo do percurso, existe uma tendência que o rio Doce em alguns pontos melhore essa qualidade de uma forma mais rápida. Talvez no prazo de uma semana a água possa ser tratada e distribuída para a população. Mas, em compensação, esse material foi todo sedimentando ao longo do rio. E essa situação pode piorar no próximo período das chuvas, já que grande parte do material que foi despejado pela lama de resíduos vai ser levado para dentro do rio, contribuindo de uma forma absolutamente incalculável para o assoreamento do rio Doce, de importância nacional que esse ano já teve dificuldade para conseguir chegar até a foz nesse época de seca.

São danos imensuráveis na qualidade e quantidade da diversidade aquática que sobreviveu

P. Ou seja, a chuva

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