Cultura: um conceito antropológico

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- A CULTURA TEM UMA LÓGICA PRÓPRIA

Para Roque de Barros Laraia, a afirmativa de que existem sistemas culturais lógicos e outros pré-lógicos é uma falácia, já que não há evidências empíricas que o confirmem, além de se apresentar como uma tentativa de instituir o próprio sistema como lógico e os demais como irracionais, partindo de uma lógica etnocêntrica.

Laraia cita o livro de Claude Lévi-Strauss, “O pensamento selvagem”, em que é discutido criticamente a abordagem evolucionista das sociedades, refutando a linha de pensamento de que as sociedades mais simples são inferiores por disporem de um pensamento mítico e religioso ao invés do científico. A partir disso, mesmo os homens que desfrutam de instrumentos materiais para uma análise científica, na ausência deles, devem valer-se de sua observação direta e sensorial que na opinião do autor não são necessariamente ilógicas.

Logo, na visão do autor, entender a lógica de um sistema cultural requer o entendimento das categorias constituídas por tal sistema, as quais compreendem princípios, juízos e raciocínios que estão constantemente presente na linguagem, nos hábitos e nas diretrizes sociais.

- A CULTURA É DINÂMICA

Na opinião do autor todo sistema cultural está em constante mudança, desde as chamadas sociedades simples até as mais complexas. Laraia evidencia que as sociedades pequenas aparentam ser mais estáticas, contudo nunca serão totalmente privadas de mudanças - mesmo que sejam sociedades tipicamente isoladas -, já que os homens têm a capacidade de questionar seus próprios hábitos e modifica-los. Esse tipo de mudança, de acordo com o autor é um dos processos de modificação possíveis dentro de um sistema, mudança interna, a qual é caracterizada por ser mais lenta e, por isso, quase imperceptível e por partir da insatisfação do grupo. Por outro lado, existe a mudança externa, que se dá com base no contato com outros sistemas. Nesse caso, a mudança é geralmente mais rápida e brusca.

Dentro da temática de mudanças externas, o autor destaca o processo de aculturação, o qual é bastante estudado pelos antropólogos. Assim, ele infere que esse fenômeno é resultante do contato e sobreposição de uma cultura em detrimento de outra.

Além disso, outro fator importante discutido pelo autor é o fato das mudanças rápidas provocarem um choque entre as gerações. Para ele é importante entender a dinâmica sociocultural para evitar não só conflitos dentro de uma mesma sociedade como também comportamentos preconceituosos em relação a outros sistemas culturais.