Artigo - Indústria Cultural
Por: Ednelso245 • 29/5/2018 • 3.092 Palavras (13 Páginas) • 351 Visualizações
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Compreendo a ‘televisão como ideologia’(...), ou seja, a tentativa de incutir nas pessoas uma falsa consciência e um ocultamento da realidade, além de (...) procurar-se impor às pessoas um conjunto de valores como se fossem dogmaticamente positivos... Além disto, (...) existe um caráter ideológico-formal da televisão, ou seja, desenvolve-se uma espécie de vício televisivo em que por fim a televisão converte-se pela sua simples existência no único conteúdo da consciência, desviando as pessoas por meio da fartura de sua oferta daquilo que deveria se constituir propriamente seu objeto e sua prioridade. (ADORNO, 1963, p. 80)
A mídia consegue modelar o comportamento e a autoimagem das pessoas e ainda influenciar o consumo de determinados produtos, afinal, desde a década de 50, ela exerce um papel decisivo nas atitudes de consumo musical.
- PROBLEMA
O processo de criação da indústria cultural no século XIX atrelado ao processo de avanços tecnológicos na atualidade possibilitou a ocorrência de reprodução em série dos bens de consumo culturais fazendo com que uma parcela significativa de indivíduos passasse a ter acesso a modalidades artísticas até então restritas as classe dominantes, tornando a música, por exemplo, assimilável a um vasto público. Essa assimilação só é possível devido ao fato de que a indústria fonográfica investe em estratégias de sedução que acabam por gerar um problema: a avaliação qualitativa da música é descartada em prol de uma quantitativa. Ou seja, a música perde o seu caráter de arte – sua singularidade, perpetuidade, intencionalidade e gratuidade – para se tornar uma pseudoarte, que se baseia na abrangência de seu público e o fundo lucrativo de mercado. Daí a afirmação de Adorno que não podemos considerar como sendo arte os produtos da indústria cultural:
A arte séria recusou-se àqueles para quem as necessidades e a pressão da vida fizeram da seriedade um escárnio e que têm todos os motivos para ficarem contentes como podem usar como simples passatempo o tempo que não passam junto às máquinas. A arte leve acompanhou a arte autônoma como uma sombra. Ela é a má consciência social da arte séria. O que esta – em virtude de seus pressupostos sociais – perdeu em termos de verdade confere àquela a aparência de um direito objetivo. Essa divisão é ela própria a verdade: ela exprime pelo menos a negatividade da cultura formada pela adição das duas esferas. A pior maneira de reconciliar esta antítese é absorver a arte leve na arte séria ou vice-versa. Mas é isto o que tenta a indústria cultural. (ADORNO e HORKHEIMER, 1986, p. 127).
E, podemos ainda dizer que, a indústria cultural coloca a cultura de massa como sendo de entretenimento e mercadoria, coincidindo assim com a liquidação do sujeito autônomo na sociedade capitalista. Coincidência esta que provoca drásticas consequências na formação de caráter do sujeito, como afirma Adorno:
A indústria cultural se apropriou do conceito psicanalítico da personalidade formada de muitas camadas e utiliza-o para apanhar o consumidor no laço tão completamente quanto possível e colocá-lo psicodinamicamente a serviço dos efeitos premeditados. Põe-se em prática uma divisão precisa entre satisfações permitidas, satisfações proibidas e a recorrência das satisfações proibidas numa forma um tanto modificada e defletida. (ADORNO, 1973, p.553)
1.2 JUSTIFICATIVA
A relação da indústria cultural com a música na atualidade vem sendo cada vez mais necessária para a manutenção dos grandes poderes da comunicação de massa. Através da televisão, do rádio, da internet, do celular os indivíduos da sociedade moldam os seus conhecimentos, formam sua opiniões e se espelham no que veem e escutam para a criação de uma identidade. No caso da música, interpretam as canções e as integram em suas rotinas. Porém, com a divulgação de músicas de baixa qualidade sem teor artístico, muitas vezes a criação dessa identidade pode se tornar equivocada, estereotipada e, principalmente, alienada. Para que isso não ocorra é preciso entender e pesquisar sobre a influência da indústria cultural em nosso cotidiano.
Quanto mais firmes se tornam as posições da indústria cultural, mais sumariamente ela pode proceder com as necessidades dos consumidores, produzindo-as, dirigindo-as, disciplinando-as... (ADORNO e HORKHEIMER, 1986, p. 135).
Sendo assim, o presente trabalho busca, através de pesquisas bibliográficas;
Pesquisa Bibliográfica: é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Não recomenda-se trabalhos oriundos da internet (CARLOS, 2008, p. 50).
E também com uma pequena pesquisa feita com alunos do Centro Universitário de Patos de Minas (UNIPAM), mostrar se as escolhas musicais dos indivíduos na sociedade atual são resultados de uma identificação genuína do público com a obra ou uma resposta positiva às estratégias da indústria do entretenimento. Para conseguir uma resposta é necessário verificar quais os fatores levam as pessoas a se identificarem com a música e se há uma interferência por parte do consumo cultural em seu comportamento e influência das preferências musicais na formação de sua identidade.
- OBJETIVOS
Este trabalho tem como objetivo mostrar como a música foi modificada, passando a ser usada para fins lucrativos, usando de manipulação verbal, visual e auditiva.
Além de que, essas manipulações afetam diretamente ou indiretamente no comportamento, criando estereótipos e grupos sociais, principalmente de jovens, que tomam determinados artistas como símbolos a serem seguidos, os meios de comunicação tem um papel primordial para divulgação dessas músicas que não possuem finalidade intelectual, não possuem uma verdadeira intencionalidade do artista.
Por possuir uma capacidade ímpar de tornar as emoções potencialmente mais marcantes, a música tem sido utilizada como meio de manipulação muito eficaz, seja incitando o consumo de produtos ou vendendo uma imagem e até mesmo uma ideia e crença.
Estudos sobre o comportamento humano em relação ao som possibilitaram a criação de produtos culturais ou de mercado que gerassem no ser humano os efeitos desejados por quem os produziu. O cinema, desde seu início, aproveitou a música como grande reforço emocional em suas produções. E a publicidade fez o mesmo. (NOGUEIRA, 2011)
- REFERENCIAL TEÓRICO
Essa
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