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Análise do Filme Segundas ao Sol.

Por:   •  17/3/2018  •  1.659 Palavras (7 Páginas)  •  429 Visualizações

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necessidades externas a ele, com isso o trabalho torna se um sacrifício para quem o exerce, bem também como uma mortificação. do trabalhador (Marx 1872).

Já José ( Luis Tosar) é um personagem, quieto, que sente se humilhado por estar desempregado, em certo momento ele rouba um sapato, para a esposa, e não consegue ver mau nisso, pois o armário de onde ele o pegou, pertencia a pessoas da alta burguesia, e ele sente se injustiçado por ver tantos calçados para um dono só. Segundo Birman o excesso provoca um cenário, onde a potência do ser se esvai; ele se torna cinzento. Ele cita Dionísio que vê-se desencantado. Assim a existência mostra-se deserta. O sujeito está no universo do desalento e os autores citados por Birman para completar a descrição desse cenário são Sennett, com a sua noção de corrosão de caráter, e Eheremberg, com a noção de fadiga de si mesmo. (Birman 2012).

Santa (Javier Bardem), é um personagem que representa a resistência operária, isso fica muito claro em vários trechos do filme, mas o que mais chama a atenção, é que durante um ato de protesto contra o fechamento do estaleiro Aurora, ele quebra uma lâmpada, por esse atentado contra uma propriedade privada, a justiça determina que ele pague o valor de U$$ 40,OO, como forma de punição, o fato expõe as injustiças da “justiça”, que não leva em consideração os motivos que levaram o réu a quebrar a lâmpada, no caso ele a quebrou em um ato de protesto para defender seu emprego.

Em certo momento da história Santa (Javier Bardem), vivê um momento de ideologia, quando lê uma história infantil, para um menino dormir, ele revolta se quando se depara com a história da cigarra e da formiga, pois nela a formiga era “trabalhadora, enquanto a cigarra era “preguiçosa”, ele relaciona a história com o seu atual desemprego, e frustra se, pois a cigarra em sua opinião não trabalhou, porque não teve oportunidade para isso. Segundo Engels o trabalho é a condição básica para a existência de todos os seres humanos, e é através dele que o homem se humaniza. ( Engels 1876).

Há um personagem que chama bastante atenção no filme, Amador (Celso Bugalho), ele representa um ser humano que perdeu sua identidade está vazio desprovido de sentido na vida. Segundo Dejours qualquer pessoa, que tenha passado pelo processo de demissão, e que não consiga reempregar se acaba sofrendo com a dessocialização progressiva, Isso acaba levando á doença mental e física, pois vai contra as bases da identidade, e gera um grande sofrimento pelo medo da exclusão. (Dejours 1999).

Esse mesmo personagem, incomoda se com a lampada sempre acesa do bar, frequentado por ele, quando questiona o dono do estabelecimento Rico (Joaquin Climent), sobre o fato, esse lhe diz que a responsabilidade pela conta de luz não diz respeito a Amador, pois não é ele quem há paga. Em uma cena posterior, Santa (Javier Bardem) percebe que Amador (Celso Bugalho), incomoda se com a lampada acessa, pois em virtude de seu desemprego, falta lhe tudo em seu lar. E ele já não têm condições de pagar a suas contas de moradia. Percebe se nessa cena as desigualdades sociais geradas pelo Capitalismo, que segundo Birmam, insere o ser humano em um mercado consumista, onde o sujeito perde a si mesmo e cai em um grande vazio.( Birmam 2012 ).

Na obra de Engels e Marx os autores falam sobre os antagonismos gerados pelo capital, que beneficia apenas aos burgueses modernos,e o resultado disso e que estabeleceu se novas classes, e novas formas de lutas, (Marx & Engels 1848)

Pode se perceber essa “luta”, quando Amador (Celso Bugalho), que representa no filme, a crise do “proletariado”, falece, e Santa (Javier Bardem) juntamente com Serguei (Serge Riaboukine) dirigem se a um velório de um membro de uma certa organização, e de lá saqueiam uma coroa de flores para o humilde funeral do desempregado falecido, a diferença social entre os dois velórios é explicita, e a não aceitação da desigualdade fica bem evidente.

O filme termina com os amigos no ferry boat, em um dia de sol, percebe se que eles perdem a noção de temporalidade, o personagem Santa (Javier Bardem) está sempre perguntando, aos “companheiros”, que dia é, e esses sempre lhe respondem, que é “segunda feira ao sol”. “A predominância do espaço sobre o tempo é a encruzilhada fundamental por onde se realiza e se operacionaliza a constituição das formas de subjetivação hoje” (Birman 2012 pag. 95).

Referencias Bibliográficas:

BIRMAN, Joel. O sujeito na contemporaneidade: espaço, dor e desalento na atualidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2012.

CABRAL, João Francisco Pereira. "Capital, Trabalho e Alienação, segundo Karl Marx, Brasil Escola. Disponível: em<http://brasilescola.uol.com.br/filosofia/capital-trabalho-alienacao-segundo-karl

Marx.htm>. Acesso em 20 de junho de 2016.

Engels, Friedrinch.(1876). O Papel do Trabalho na Transformação do macaco em homem, A Dialética do Trabalho. São Paulo. Expressão Popular.

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