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RESENHA DO FILME DE GLÁUBER ROCHA - DEUS E O DIABO NA TERRA DO SOL

Por:   •  17/12/2018  •  1.240 Palavras (5 Páginas)  •  481 Visualizações

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O filme nos traz diversas críticas que merecem destaque. A cena da partilha do gado entre Manuel e o coronel Morais demonstra a tensão entre classes, na qual o mais fraco sofre as penas pela morte de seu gado devido ao clima árido. Outro momento que merece destaque é quando o coronel ataca o vaqueiro, nos deixando bem claro a posição de coronel. Ele trata Manuel como se fosse uma propriedade ou um animal que pode receber punições por não ter obedecido. O desfecho da situação é injusto, pois, reagindo àquele abuso e tendo se oposto contra a classe opressora, o vaqueiro paga com a morte de sua mãe.

Contudo, nesse filme, seria possível classificar quem é do mal e quem é do bem? Mesmo depois de vê-lo e revê-lo, acredito que a dúvida de quem estaria do lado de Deus nesse vai e vem permanece presente: o fanático religioso que se mostra cruel; o cangaceiro justiceiro que quer trazer a justiça ao sertão.

O fim do filme também nos deixa com muitas dúvidas que não são respondidas, mas só pelo fato de levantarem um questionamento já se tornam interessantes. Percebe-se no filme a dualidade entre os personagens que, em determinados momentos são bons, representando Deus, e, em outros momentos, são maus, representando o Diabo. Os personagens possuem bondade e amor, mas, em razão dos seus sofrimentos, são capazes de matar, inclusive crianças, tudo pela sobrevivência. Quando Manoel, vivendo sua vida pacata, mata o coronel Moraes e posteriormente abandona a companheira; quando Rosa mata o beato Sebastião, após ele assassinar uma criança; quando o cangaceiro Corisco aceita o casal em seu bando; quando Antonio das Mortes é convencido a matar homens, mulheres e crianças, além do beato, por um padre.

Entrando mais na parte técnica do filme, vale destaque para a grande quantidade de câmera na mão que foi usada, através da qual, a instabilidade da imagem ajuda muito na tensão criada em algumas cenas mais frenéticas com cavalgada, tiros, brigas com facão, etc. O filme, apesar disso, varia no seu andamento, tendo um ritmo ora lento, dramático e contemplativo ora acelerado e ‘'barulhento'' em todos os sentidos. Nesses momentos de mais ação, tudo grita: a expressão e movimentação dos personagens, os cortes da montagem (utilizados tanto para falsear como para função narrativa) e principalmente a belíssima trilha sonora. Nos momentos mais contidos, os planos são longos; e os cortes, limitados.

A fotografia do filme acompanha muito bem o gênero dramático do texto. Não chega a ter um contraste característico de filmes Noir, porém consegue muito bem passar uma melancolia através dos brancos extremamente estourados e dos pretos muito presentes. Intencionalmente ou não, a escolha de enquadramentos, locações e composição dos quadros provoca um notável isolamento de qualquer outra realidade brasileira, fazendo parecer, durante os momentos em que se assiste ao filme, que a única perspectiva de vida é a que se tem no sertão nordestino, de dor e sofrimento.

Na época da filmagem da obra aqui analisada, não havia a captação de som direto. A solução tomada para a parte auditiva do filme se resumia a dublagem e foley. Em Deus e o diabo na terra do sol, esses recursos são usados e passam desapercebidos de uma forma muito interessante e que pode não incomodar até mesmo quem está mais acostumado a assistir a filmes com cores e som direto. Além disso, em alguns momentos chave, a trilha sonora preenche muito bem o vazio técnico de som não deixando que a nossa atenção saia de quadro.

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