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A INVESTIGAÇÃO PSICOSSOCIAL: Políticas Públicas de Assistência Social

Por:   •  27/11/2018  •  11.216 Palavras (45 Páginas)  •  286 Visualizações

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Ainda segundo a autora foram realizados pela ABRAPSO (Associação Brasileira de Psicologia Social), dois encontros muito importantes além de outros para a Psicologia Comunitária, foram eles o de 1981 realizado em São Paulo onde foram apresentados trabalhos da década de 70 e o encontro de 1988 realizado em Belo Horizonte no qual foram apresentados trabalhos da década de 80. Nestes encontros houve um contraste da preocupação da saúde mental com a educação popular.

Na concepção de Lane (2002), as diferentes experiências comunitárias apontam para o grupo como condição essencial para o conhecimento da realidade comum e para a necessidade de uma ação comunitária organizada. O indivíduo manifesta a sua singularidade em termos afetivos e motivacionais que só acontecem quando ele se relaciona com os outros, isto é, na vida grupal, é nela que nos identificamos e nos diferenciamos do outro. As principais ferramentas para que esta relação aconteça são: a linguagem e o pensamento, que constituirão os conteúdos da consciência.

Segundo Sawaia (2002), a descoberta da comunidade deu-se nos anos 60, tendo o seu pico nos anos 70 a 80, quando foi incluída no discurso das ciências humanas e sociais, principalmente no que se refere às práticas na área da saúde mental. Na psicologia este conceito só apareceu por volta dos anos 70 em um avanço da psicologia social que se autodenominou de comunitária, sempre comprometida com seu objeto de estudo, no caso a realidade, dando especial atenção aos excluídos da cidadania.

Para Heller (1984:289) apud Sawaia (2002), na psicologia social o conceito de comunidade representou uma teoria crítica, na qual o mundo é interpretado e em seguida transformado. O conceito de comunidade engloba a prática realizada fora de instituições e consultórios.

Com a civilização e o avanço do capitalismo, apareceu o confronto entre os valores coletivistas e os valores individualistas, o conceito de comunidade sempre é contrário ao individualismo. A comunidade permite olhar a sociedade do ponto de vista de quem vive nela, isto é de uma forma coletiva (SAWAIA, 2002).

Segundo Sawaia (2002), apesar do conceito de comunidade ter se iniciado na área clinica para humanizar o atendimento aos doentes mentais, ele se espalhou principalmente na America Latina através de políticas desenvolvimentistas, sendo seu objetivo educativo e preventivo. Desta forma as primeiras experiências estavam sob a orientação do Estado e foram associadas à educação popular e à medicina psiquiátrica comunitária. Havia um esforço entre o Estado e a população em prol de melhores condições de vida nas comunidades e assim, com elas integrar a comunidade nacional. Os psicólogos que ali trabalhavam passaram a dar uma maior ênfase à subjetividade.

Ainda na visão da autora, apenas no final da década de 70 com o domínio das ideias marxistas, a psicologia tomou seu lugar a serviço do povo a fim de superar a exploração e dominação, o psicólogo passou a se tornar militante com o objetivo de conscientizar a população a favor de si mesma, conscientizando a comunidade da exploração e alienação, também organizando movimentos de resistência e reivindicação, pois havia a negação da exclusão no capitalismo.

Na comunidade, todos devem participar para o indivíduo não se alienar e considerar o outro o dono do saber. Desta forma torna-se necessário que o sujeito defenda suas ideias respeitando a dos outros, é um exercício de sensação e reflexão para que o mesmo se sinta membro do processo. A tomada de consciência faz com que o sujeito sinta os valores comunitários como necessidade individual, para serem transformados em ações (SAWAIA, 2002).

Em geral os trabalhos comunitários do psicólogo começam a partir de um levantamento das necessidades e carências em relação à saúde, educação e saneamento, vividas por um determinado grupo da população. Detectadas essas necessidades e carências usam-se métodos e processos de conscientização, estabelecendo condições apropriadas para o exercício da plena cidadania e a nível político questionam-se todas as formas de opressão e dominação. Trabalha-se para que aos poucos esse grupo vá assumindo o papel de sujeitos de sua própria história, ativos na busca de soluções para os problemas enfrentados e conscientes dos determinantes sócio-políticos de sua situação, desta forma o psicólogo social comunitário é capaz de sintetizar o ponto de vista da comunidade e coordenar o seu processo de transformação (CAMPOS, 2002).

De acordo com Freitas (2007), verifica-se no Brasil no início dos anos 90 uma expansão do trabalho dos psicólogos em vários setores e segmentos da população, envolvendo diferentes referenciais teóricos e filosóficos.

Ainda segundo a autora nesse período (década de 90), o termo psicologia da comunidade passa a ser utilizado mais frequentemente, se refere aos trabalhos realizados por psicólogos, relacionados às questões de saúde, ao movimento de saúde. Esta atividade é realizada através da mediação das instituições, normalmente públicas, as quais objetivam ampliar e democratizar diversos serviços para a população. Desta forma o psicólogo tem o papel de trabalhador social dentro destes movimentos de saúde, já que nestas instituições surgem problemáticas de saúde coletiva, o que contribui para que a psicologia seja vista como uma profissão de saúde. Salientando que isto acontece concomitantemente com a psicologia na comunidade e a psicologia comunitária.

Segundo Macedo et. al. (2011), na década de 2000, observou-se a ampliação principalmente no que diz respeito à políticas de saúde, segurança pública e assistência social. Desta forma tanto o Sistema Único de Saúde (SUS) quanto o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) têm grande importância na institucionalização da profissão nos aparelhos do Estado além de serem responsáveis pela inserção dos psicólogos em vários municípios do país.

Ainda de acordo com Macedo et. al. (2011), a necessidade de que a assistência social no Brasil deixasse para traz políticas de favor e clientelismo fez com que fossem criados novos preceitos e formas organizativas e ainda que fosse financiada pelas três instâncias do governo.

Na visão de Yamamoto & Oliveira (2010) apud Macedo et. al. (2011), estes novos preceitos e formas de organização ganharam força com Constituição de 1988 quando a Assistência Social foi incluída no capítulo da seguridade social, também em 1993 com a aprovação da Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS) que caracterizou a assistência social como uma política não contributiva para

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