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A INFLUENCIA DA PRECIPITAÇÃO NA PROLIFERAÇÃO DA DENGUE E DA LEPTOSPIROSE EM FORTALEZA-CE

Por:   •  29/3/2018  •  4.570 Palavras (19 Páginas)  •  451 Visualizações

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A característica climática de Fortaleza é representada pela sazonalidade da precipitação e por elevadas temperaturas o ano todo. A sua localização territorial favorece uma intensa insolação o ano todo, proporcionando elevadas temperaturas. A atuação de diferentes sistemas atmosféricos estabelece a sazonalidade da precipitação. Ressalta-se que Fortaleza se encontra próximo ao oceano sofrendo influencia marítima e conseqüentemente temperaturas mais amenas do que outros municípios do interior do Estado.

Zanella (2005: 172) afirma que as chuvas se concentram, principalmente nos meses de fevereiro/março/abril/maio, denominado quadra chuvosa, quando o estado fica sob a influência da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), principal sistema atmosférico causador de precipitação. Os Vórtices Ciclônicos de Ar Superior (VCAS), as Linhas de Instabilidade, os Complexos Convectivos de Mesoescala (CCMs), as Ondas de Leste, as Frentes de Brisa e as repercussões da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) muitas vezes associados a ZCIT, intensificam as chuvas na quadra chuvosa, e podem gerar precipitação nos demais meses.

As temperaturas de Fortaleza são elevadas durante o ano todo, apresentando uma média anual de 26,6°C. A média das máximas é de 29,9°C e a média das mínimas é de 23,5°C. Possui um alto índice de umidade relativa do ar, com mínima de 73% e

máxima de 82,5%, devido à influência marítima e alta taxa de evaporação (FORTALEZA, 2009: 23).

Figura 01 – Mapa de localização da área de estudo

[pic 3]

METODOLOGIA

A escolha temporal para analise da doença dengue - 2001 a 2008, e da leptospirose – 2004 a 2007 foi feita levando em consideração a maior probabilidade de registros de casos dessas doenças nos órgãos de saúde do município e do Estado.

Seguindo a linha proposta por Mendonça (1999, 2001) a abordagem climática adotada na pesquisa será elaborada em conformidade com a concepção sistêmica, sendo a manifestação dos elementos climáticos a energia do sistema clima e, a incidência das doenças em estudo influenciada por este sistema.

A pesquisa foi dividida em três momentos.

No primeiro momento, foi feito o levantamento bibliográfico e cartográfico a respeito do assunto abordado e da área de estudo, a fim de que se obtivesse um aporte teórico sobre a temática desenvolvida e sobre os procedimentos a serem executados dentro da escala de pesquisa - cidade de Fortaleza.

O segundo momento da pesquisa consistiu no desenvolvimento do banco de dados da pesquisa com o levantamento das seguintes variáveis:

- Totais de dias com chuva a cada mês e totais pluviométricos mensais e anuais junto a FUNCEME (Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos) e ao INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) entre os anos de 2001 e 2008;

- Casos confirmados de dengue e taxa de incidência, mensais e por bairro, através da SESA (Secretária de Saúde do Estado do Ceará) e da SMS (Secretária Municipal de Saúde de Fortaleza), para os anos de 2001 a 2008;

- Coleta de dados de casos confirmados de leptospirose no Centro de Controle Zoonoses do Município, referentes aos bairros de Fortaleza;

- Numero de pessoas por região administrativa, junto a Secretária Municipal de Planejamento e Orçamento (SEPLA).

A terceira etapa da pesquisa abrange o tratamento geoestatístico dos dados coletados, onde foram organizados e analisados no ambiente computacional Microsoft Excel. Para a análise da dengue foram realizados cálculos de médias mensais de precipitação, construção de gráficos justapostos e a classificação climática de acordo com XAVIER (2001), onde se divide os estado em regiões pluviometricamente homogêneas traçando um perfil pluviométrico característico entre determinadas áreas estabelecendo valores pluviométricos padrões na definição de anos muito secos, secos, habituais ou normais, chuvosos e muito chuvosos.

Na análise da leptospirose ocorreu a tabulação dos dados e da elaboração de gráficos e tabelas dos mesmos. A elaboração do banco de dados referentes à precipitação e aos casos confirmados de leptospirose, assim como os gráficos justapostos, foi feito no software Excel 2003. Também houve o lançamento do banco de dados referentes aos casos confirmados de leptospirose no programa ArcView 3.2 para a construção de um mapa de espacialização dos casos da doença no período em estudo, seguido de sua respectiva análise.

RESULTADO E DISCUSSÕES DENGUE

A respeito da caracterização pluviométrica para os anos analisados observou-se que as chuvas seguiram um padrão de comportamento, não havendo tendência

significativa em relação ao aumento ou diminuição da chuva na série investigada, todavia ocorre uma concentração de chuvas no primeiro semestre do ano, o que é considerado típico do Estado (Figura 02). Os meses que apresentaram mais dias de chuva foram fevereiro (135), março (166), abril (171) e maio (124) e os meses com maiores índices pluviométricos foram março (2515,5mm), abril (3093,7 mm), maio (1731,1mm) e junho (1274,4mm).

Figura 02 – Total de precipitação mensal entre os anos de 2001 a 2008

[pic 4]

Considerando a tipologia climática proposta por XAVIER (2001), e adotada pela FUNCEME na definição das áreas pluviometricamente homogêneas no estado do Ceará, na qual categoriza os anos em muito chuvoso (superior a 1.355,6 mm), chuvoso (1.121,6 a 11355,5mm), habitual ou normal (798,3 a 1.121,5mm), seco (625,4 a 798,2mm) e muito seco (0 a 625,3mm), de acordo com o total de precipitação da quadra chuvosa (fevereiro, março, abril e maio), verifica-se que para Fortaleza, não houve nenhum ano seco ou muito seco, isso porque Fortaleza raramente apresentara uma tipologia de ano seco ou muito seco visto que ele se localiza em na zona litorânea sofrendo ações mais freqüentes e intensas de sistemas atmosféricos causadores de chuva e atuantes no litoral como é o caso das ondas de leste, das brisas marinhas e das linhas de instabilidade. Ao contrário dos municípios que ficam mais no interior do continente.

Observando o que foi exposto nota-se que o ano de 2003 apesar de ter sido muito chuvoso apresentou apenas o 6° ano com maiores números de casos de dengue, dos

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