Muita coisa junta e misturada
Por: Juliana2017 • 4/11/2018 • 5.420 Palavras (22 Páginas) • 341 Visualizações
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1.2 TENDÊNCIAS SOCIAIS
No Brasil, um dos principais clientes das indústrias farmacêuticas é o próprio governo brasileiro. As compras do governo são realizadas em larga escala para abastecer o Sistema Único de Saúde (SUS), ou seja, hospitais da rede pública que atendem grande parte da população brasileira, principalmente classes de baixa renda. Ainda, o Estado firmou uma parceria com a indústria farmacêutica para conseguir implantar o programa Farmácia Popular. Tal programa oferece 112 medicamentos com redução de até 90% sobre o seu valor de mercado. Ainda, remédios selecionados para doenças como diabetes e hipertensão são adquiridos de forma gratuita por pacientes que apresentem receitas médicas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2015). Entretanto, a Interfarma indica que o governo possui uma dívida de aproximadamente R$ 1 bilhão, sendo 57% do total de responsabilidade da esfera federal. Apesar dos programas visarem maior acesso da população, o Estado não possui recursos financeiros para arcar com tal responsabilidade junto a indústria farmacêutica gerando uma crise de abastecimento na rede pública (LEAL, 2015).
Entretanto, os problemas não são exclusivos do governo. De acordo com um estudo publicado pelas Nações Unidas no Brasil, há um claro conflito de interesses entres as farmacêuticas e a sociedade. Enquanto a população brasileira necessita uma saúde pública desenvolvida e de remédios a preços justos, as farmacêuticas possuem interesses pessoais visando o lucro. As grandes empresas precisam manter seus acionistas satisfeitos por meio de crescimento e retorno financeiro, por isso, não mantém em seu portfólio produtos antigos, porém eficazes e de preços mais acessíveis. Ao invés disso, lançam no mercado produtos novos e mais caros, tornando o acesso por parte da sociedade mais difícil devido a situação econômica do país (ONUBR, 2016).
Outro ponto relevante para o segmento é a pirâmide etária do país. Nos últimos 70 anos, a pirâmide etária brasileira foi invertida, ou seja, houve um declínio na taxa de fecundidade do país, fazendo com que as faixas etárias mais avançadas fossem maiores do que aquelas mais novas. Desta forma, a populaça idosa do país tende a ser a predominante nos próximos anos, demandando mais medicamentos e cuidados. Para a indústria farmacêutica é uma oportunidade de desenvolver novos medicamentos para atender essa demanda. Além disso, as novas gerações estão desenvolvendo síndromes que ganham cada vez mais espaço: depressão e stress, por exemplo, que atingem cada vez mais a população brasileira (PORTAL BRASIL, 2016).
1.3 TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS
Apesar do momento político e econômico que o país está enfrentando, diversas empresas do segmento farmacêutico realizaram aportes para desenvolvimento no Brasil em 2017. Entre elas a Roche, que irá totalizar um aporte de R$ 300 milhões até 2020 para construção de sua nova fábrica no Rio de Janeiro, e a Pfizer, que investiu R$ 27 milhões em sua nova planta em Itapevi. A tendência é que cada vez mais as fábricas sejam voltadas para implementar as tecnologias e, desta forma, otimizar suas produções.
Ainda, em termos de medicamentos, a Roche aposta para os próximos anos no desenvolvimento de produtos com a molécula atezolizumabe, utilizada para criar remédios voltados a imuno-oncologia, ou seja, tratamentos para cancêr, principalmente de bexiga e pulmão. Já a Pfizer investe em medicamentos para imunologia, oncologia, vacinas e doenças raras. Em 2016, a empresa colocou no mercado seu primeiro medicamento biossimilar e acredita que esse é o caminho para o crescimento para os próximos anos, devido a avançada tecnologia (VALÉCIO, 2017).
1.4 INFLUÊNCIAS NO SETOR
O setor farmacêutico, assim como demais setores da economia, sofre influência do ambiente externo, ou seja, variáveis que são incontroláveis pelas empresas que atuam no setor. Dentre eles, estão os âmbitos citados acima: econômico, social, tecnológico, além de político e legal. Entretanto, há fatores que destacam-se entre os elementos.
O câmbio é um elemento crucial para a atuação das indústrias farmacêuticas no Brasil, uma vez que grande parte de seus insumos são importados e a alta do dólar frente a moeda nacional encarece seu produto final, sendo necessário repassar o preço ao consumidor ou diminuir o lucro da organização. Ainda no âmbito econômico, os impostos altos interferem na competitividade dos medicamentos, principalmente aqueles enviados à demais estados devido a alta alíquota do ICMS.
Já no ambiente social, além da pirâmide etária ser um fator influenciador - devido tanto ao aumento da população idosa, quanto as novas síndromes apresentadas pelas novas gerações - o desemprego é um elemento importante a ser considerado. Com o aumento do desemprego, mais pessoas recorrem ao sistema público de saúde e opções de remédios mais baratos, como genéricos ou medicamentos distribuídos de forma gratuita pelo governo, influenciando diretamente no faturamento das empresas. No âmbito tecnológico, a competição é mais acirrada dentro do próprio segmento. As empresas precisam competir entre si para desenvolverem tecnologias de forma mais rápida e eficiente do que suas concorrentes, garantindo uma vantagem competitiva no mercado.
2 PANORAMA DO SETOR
2.1 TAXA DE CRESCIMENTO
O setor farmacêutico, diferentemente do quadro econômico nacional nos últimos anos, obteve uma taxa de crescimento de 45,6% do faturamento total nos últimos 4 anos. O setor teve um aumento em unidades vendidas de 5,1% e aumento de 13,2% de faturamento em setembro de 2016 ao comparar com outubro de 2015 segundo informações do QuintilesIMS.
De acordo com a consultoria GlobalData, espera-se até 2020 que a indústria farmacêutica tenha um valor de mercado de 48 bilhões de dólares. O Brasil atualmente ocupa a sexta posição dos países com maior consumo de medicamentos, nos próximos anos estima-se que o país alcance a quarta colocação.
O grande crescimento setorial é resultado da mudança da estrutura etária da população. Segundo o economista do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco Estevão Scripilliti “houve expansão no contingente de idosos, que continuará ocorrendo. Além disso, há um aumento da expectativa de vida no Brasil. Essa combinação de mais idosos vivendo mais faz com que a demanda por remédios e outros bens cresça” (SCRIPILLITI, 2017, s.p.). Outro aspecto que fortaleceu o mercado foram
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