CONTRIBUIÇÃO DA MATEMÁTICA PARA A MELHORIA DO ENSINO NA ESCOLA DO CAMPO “PEDRO MARCONDES RIBAS”
Por: Jose.Nascimento • 24/6/2018 • 2.741 Palavras (11 Páginas) • 509 Visualizações
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Procurando uma educação de qualidade para o campo que garanta a apropriação dos conhecimentos, chega-se à conclusão que ainda não se tem claramente o que é o conhecimento escolar dentro da perspectiva campo e como sistematizar os saberes para chegar até a sala de aula. Para encontrar o verdadeiro sentido da qualidade de ensino, o profissional da educação do campo deve entender as dimensões históricas, sociais, políticas e econômicas na busca de suportes concretos.
Deve-se tomar consciência de todo o ambiente que o cerca, não adotar posturas conformistas que se adéquam somente a uma visão de aluno e sociedade, pois é na escola que o aluno formará opiniões e buscará respostas para seus questionamentos.
Então, um dos papéis fundamentais da formação dos professores, além da formação teórica-prática, é torná-los capazes de identificar a sua função dentro da escola, não deixando que ela se transforme em algo sem sentido e desmotivador para seus alunos, mas que possa se transformar em um ambiente que atenda as necessidades do aluno, a sua realidade, seus anseios, e não do sistema em que se está inserido:
“[...] Esta seria uma das marcas de especificidade da formação: entender a força que o território, a terra, o lugar tem na formação social, política, cultural, dos povos do campo. Sem as matrizes que se formam sem entender a terra, o território e o lugar como matrizes formadoras, não seremos capazes de tornar a escola um lugar de formação. [...] A compreensão da especificidade desses vínculos entre território, terra, lugar, escola é um dos componentes da especificidade da formação de educadoras e educadores do campo [...].” (ARROYO, 2007, p.163).
O professor, responsável direto (não isolado), pela construção de cidadãos críticos, autônomos, capazes de ler o mundo, enfim, de suma importância para o bem da sociedade, não recebe um reconhecimento compatível. Um salário melhor e um plano de carreira razoável são estímulos de extrema importância para se evoluir na profissão.
É primordial prever tanto o aprendizado inicial para exercer a profissão como a atualização constante.
Percebe-se que é necessário criar uma política de certificação nacional, que ofereça algum benefício aos participantes, diferenciando o profissional que estuda e investe na qualidade do seu trabalho.
Nota-se que a obrigatoriedade do curso superior não é garantia de qualidade, pois muitas instituições não oferecem o mínimo necessário para formar educadores.
Além de bons salários e de formação adequada, é preciso garantir uma gestão escolar competente, com condições de mediar os interesses de todas as partes, inclusive dos pais e da comunidade.
Estar atentos às demandas dos professores, bem como seus anseios e expectativas, pois é impossível querer resolver os problemas que a educação vem apresentando, sem que se ouça o docente, que é o responsável por executar na prática as decisões do governo.
O ENSINO DA MATEMÁTICA NAS ESCOLAS DO CAMPO
Quando analisamos dados das avaliações realizadas nas escolas públicas brasileiras quanto à aprendizagem da matemática, os resultados são muito preocupantes.
Os índices apontam para a enorme dificuldade dos estudantes em aplicar o que lhes é ensinado, demonstrando a necessidade urgente de planejar, repensar, remodelar, enfim, a necessidade de fazer diferente.
Dentro desta dinâmica, o processo educativo nas escolas públicas brasileiras tem sido alvo da crítica na medida em que não contribui significativamente para tais anseios sociais. Levantamos aqui a hipótese de a causa estar focalizada na dissociação do ensino escolar com os interesses do aluno, acarretando déficits de aprendizagem e consequentemente fracasso escolar.
A matemática enquanto uma área do conhecimento humano possui características intrínsecas ligadas às atividades cotidianas. Na lida com o campo, o trabalhador está constantemente mensurando, dimensionando, somando, o que faz normalmente com destreza, pois são ações que ele aprendeu a fazer de acordo com suas necessidades. Temos aqui a essencialidade da matemática em nossas vidas.
Enquanto ciência, a matemática ajuda a resolver questões que possibilitam, facilitam, e agilizam meios e processos. Enquanto disciplina escolar deveria servir ao indivíduo como instrumento para solução de problemas diretamente ligados à suas ações cotidianas.
Planejar o que se pretende fazer é um ato que acompanha o homem desde os primórdios da evolução humana. As pessoas de maneira geral planejam suas ações desde as mais simples até as mais complexas tarefas. O planejamento auxilia a execução das ações que irão transformar e melhorar suas vidas ou as das pessoas que as rodeiam. Na escola, o planejamento está presente em todos os setores: da administração à sala de aula.
Ao dar aula “o professor, de início, faz o trabalho inverso: uma re-contextualização e uma re-personalização do saber” (BROUSSEAU, 1996, p.299), isto é, apresenta-o a partir de situações que possibilitem aos alunos dar sentido aos conhecimentos com os quais pretende trabalhar.
O ensino da geometria apresenta grande dificuldade, tanto para os alunos quanto para os professores e com a falta de recursos existente na escola do campo, bem como os problemas enfrentados pelos alunos, a prática desta se torna ainda mais complexa, assim a geometria utilizando o cotidiano do campo busca-se facilitar a aprendizagem da mesma e inspirar os alunos a gostarem da disciplina e deste modo assimilar melhor o conteúdo.
A PRÁTICA OBSERVADA
Entendemos que a matemática é universal, e que tem seu papel fundamental em nossas vidas, haja vista que os cálculos estão presentes em nosso cotidiano. Ao observá-la, do ponto de vista educacional compreendemos que a mesma é essencial e que também pode ser vista e empregada de forma natural no dia a dia da atividade humana, CARRAHER (1989) destaca que:
Enquanto atividade humana, a matemática é uma forma particular de organizarmos os objetos e eventos do mundo, podemos estabelecer relações entre os objetos de nosso conhecimento, medi-los, contá-los, somá-los, dividi-los etc. e verificar os resultados das diferentes formas de organização que escolhemos para nossas atividades. (CARRAHER, 1989 p.13).
Para dar sentido ao trabalho prático desenvolvido com os alunos, vamos dar ênfase ao estudo da geométrica que traz relação direta com a vida no campo, pois no campo
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