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A Violencia no Futebol

Por:   •  23/3/2018  •  3.403 Palavras (14 Páginas)  •  348 Visualizações

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de federações e rachas entre elite e povo não serão abordados aqui por não serem o foco da pesquisa. O que se pode dizer do surgimento dos clubes é que junto com eles surgiram suas torcidas. Aqueles que não podiam jogar pelo seu clube iam aos jogos pra torcer. O esporte se popularizou de vez na década de 30 com a ampla divulgação nas rádios. Os estádios lotavam e começavam as rivalidades entre torcidas. O sentimento do ser humano de ser o melhor, de vencer, de ver a humilhação do adversário começava a surgirem grandes proporções.

3.2 O Aparecimento das Torcidas Organizadas. As primeiras torcidas uniformizadas surgiram também na década de 30. Principalmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Eram considerados torcedores símbolos que mantinham os membros sob extrema disciplina. Apesar disso não existiam inimigos, mas adversários superados pela festa das bandeiras.

As torcidas uniformizadas da época tinham em comum com as torcidas organizadas de atuais o fato de acompanharem o time aonde quer que ele fosse, planejavam o espetáculo com antecedência. Talvez a grande diferença entre as uniformizadas da década de 30 e as organizadas de hoje é que no cenário atual, os jovens parecem dar mais importância a fazer parte deste grupo de torcedores do que propriamente do seu time. Vários autores sugerem que a mudança de relacionamento entre torcedor e o futebol ocorre por volta da década de 70, quando aquele excede a paixão pelo clube. Era época de ditadura militar, e como o futebol era definitivamente o esporte do povo e sempre “se tirou partido dele”, não foi diferente com o governo militar, que o incentivou e divulgou amplamente.

As primeiras torcidas organizadas de São Paulo foram a Gaviões da Fiel e Camisa 12, ambas do Sport Clube Corinthians Paulista, a Torcida Jovem¸ do Santos Futebol Clube e a Torcida Tricolor Independente do São Paulo Futebol Clube. É nessa época que podemos apontar o início violência no esporte, que será abordada mais a frente. Devido ao grande fanatismo que imperava nas torcidas a rivalidade deixou de ser um espetáculo e passou a ser uma mostra de força, e com a consolidação em vias da organização burocrática dessas torcidas na década de 80, foram apontadas como as principais causadoras da violência que estava ocorrendo no futebol. Surgiram várias torcidas organizadas por todo o Brasil, associadas aos seus respectivos clubes, porém a já citada Gaviões da Fiel e a Mancha Verde da Sociedade Esportiva Palmeiras foram com certeza as de mais destaques por causa da violência.

Há diversas teorias para o surgimento das Organizadas. Há quem diga que foi uma tentativa de se opor à Ditadura Militar. Outros que eram um mero jogo político de dirigentes de clubes que se aproveitavam dos “acertos” com as organizadas usando-os como massa de manobra de políticas internas. Outros diriam que as organizadas sinalizavam a autonomização crescente no futebol, se tornando um mundo a parte, com suas próprias regras, seus próprios costumes. Talvez, essa ideia, seja o principal motivo de não conseguirmos acabar com a violência. Mais a frente analisaremos mais a fundo esse ponto. Aos poucos mais torcedores foram aderindo as organizadas, de acordo com Santos (2004, p. 87) “O lazer foi um dos motivos do aparecimento e adesão dos torcedores a essas torcidas, pois muitos deles me disseram que aderiram às organizadas porque gostavam da festa promovida por elas.” Ela vai além e discorre da seguinte forma: “A promoção dos espetáculos nas arquibancadas, na medida em que os torcedores sabem do poder que possuem de influenciar no decurso da partida, também pode ser considerada um dos motivos da constituição das organizadas.

“Disputar à bandeira mais bonita, os fogos, as músicas entoadas pelas baterias e as cores das torcidas, alem de frequentes, são elementos propiciadores de outras análises.” (Santos, 2004, p. 87) Também pode se analisar o surgimento desse grupo numa tentativa de autoafirmação, coincidindo com a própria reordenação da sociedade. Naquela época, a crise do Estado, da sociedade e das possibilidades individuais faria com que os jovens buscassem essa forma de negar a impotência diante do quadro social. Em todo o caso esse grupo peculiar estava formado e fixado na sociedade, mas se o futebol é pra ser um espetáculo o que leva a esse comportamento violento presente em vários estádios de futebol pelo país, de forma isolada em alguns casos e em outros generalizados.

3.3 O comportamento violento do homem. Até agora visualizamos que a violência já esteve presente desde os primórdios do esporte. Na história do surgimento do futebol vimos que na Itália a violência era extrema, chegando a causar a proibição do esporte. É claro que esse quadro de agressões não acontece só no futebol, a história da humanidade é manchada por vários confrontos que chegaram a mudar os rumos da sociedade.

Através de uma pesquisa é possível perceber que o quadro se agravou a partir dos anos 90, com constantes mortes, depredação de estádios, vandalismo. A necessidade de uma intervenção do Estado era evidente. Porém vamos analisar apenas alguns aspectos psicológicos que levam um esporte que deveria ser de diversão e entretenimento se tornar manchete nas “sessões de tragédias”. Não é possível identificar apenas um fator como determinante como ponto inicial para atos de violência dentro dos estádios ou fora deles, porém, é um conjunto de fatores que influenciam no comportamento do homem, no caso do torcedor e na grande maioria das vezes do “torcedor organizado”. Olhando pelo lado da Fisiologia o ambiente de um estádio de futebol é repleto de hormônios em alta. A testosterona, principal hormônio masculino prevalece numa partida de futebol, e infelizmente esse hormônio também eleva nossa adrenalina que pode nos levar a perder o controle emocional por um momento ocasionando ataques de raiva em momentos inoportunos. Antes disso, acontece que os torcedores organizados estão mais vinculados à instituição “torcida organizada” do que ao clube. E as torcidas levam seus próprios livros de condutas para todo lugar, independente da conduta pregada pela sociedade. São verdadeiros fanáticos que dariam sua vida por seus companheiros torcedores. Preste bem atenção nesse detalhe, na grande maioria das vezes o torcedor está dando a sua não pelo clube de coração, mas pelo voto que fez com seus colegas torcedores de defender uma “moral desmoralizada” imposta por uma instituição que se diz apaixonada por futebol; e, contrário disso, só pratica a violência. Aqui, quero abrir um ponto rápido e interessante que não havia sido discutido até então.

A violência retratada nessa pesquisa ela não se diz necessariamente da agressão a um indivíduo ou

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