Aborto: A Dignidade da vida humana
Por: ksstudent • 13/6/2018 • Monografia • 7.479 Palavras (30 Páginas) • 641 Visualizações
INTRODUÇÃO
Ao olharmos para o mundo atual percebemos o progresso científico e tecnológico em todas as atividades humanas. Por outro lado, assassinatos, assaltos, perseguições, abandono de menores, uso de drogas, fome, miséria e aborto; evidenciam que não houve progresso nos campos ético e existencial. Vivemos em um mundo destituído dos valores humanos mais genuínos – um vazio axiológico – onde se perde o respeito pela vida e pela dignidade humana.
O avanço científico possibilitou ao homem fantásticas proezas; mas também aumentou as possibilidades de destruição da vida. Países desenvolvidos cientificamente e tecnologicamente não servem de exemplo no campo ético. Uma Bioética globalizada – que visa unicamente defender interesses ideológicos e econômicos – deixa de lado o respeito à dignidade humana.
Valores morais, como o bem comum, a solidariedade, a fraternidade e o altruísmo foram substituídos por uma moral relativista, utilitarista e hedonista, onde o que se quer, e tecnicamente se pode fazer, deve ser feito. É a ética do desejo e da técnica. Tudo pode ser negociado, perdendo-se a noção de critérios objetivos de conduta. Supervaloriza-se o princípio de autonomia dentro de uma ética subjetivista, e não se considera a lei natural que obriga igualmente todos os indivíduos; então a razão autônoma pode justificar qualquer conduta. Os direitos dos mais fortes são atendidos com o sacrifício de valores
fundamentais, como a vida humana inocente, frágil e indefesa. É o direito da força, uma negação do próprio direito.
O homem deseja liberdade, mas não percebe que ela se fundamenta na sua própria natureza, enquanto ser finito; razão porque não é ilimitada: há de se respeitar o direito dos outros inclusive dos mais fracos e indefesos. A liberdade está intimamente ligada à verdade, sem o que, ela própria se contradiz: faz-se necessário o respeito à verdade para uma autêntica liberdade. No entanto, a desinformação, uma forma de violência apoiada pelo extraordinário poder dos meios de comunicação do poder social, é usada na difusão de idéias contra a vida humana, na manipulação de estatísticas e de pesquisas de opinião.
A prática do aborto contraria frontalmente o mais fundamental dos direitos humanos: o direito à vida. Uma época em que se luta na defesa dos animais coloca em discussão o direito de viver de seres humanos inocentes. Esse espírito de solidariedade humana para com os animais, louvável em si, evidencia, entretanto, um contraste com a falta de solidariedade aos mais fracos de sua espécie, os indefesos nascituros. Abandonando os valores perenes que deveriam orientar a humanidade, restou um vazio ético-existencial com perdas substanciais do sentido de vida. Dentro dessa perspectiva cultural, encontramos um empenho, decidido e sistemático, para destruir os princípios que fundamentam os valores da vida, quer no seu início, como o aborto provocado, quer no seu fim, como o suicídio assistido e a eutanásia.
Esse estudo pretende fornecer elementos para uma séria reflexão àqueles que, sinceramente abertos à verdade, entendem ser o aborto provocado um problema da mais alta importância em nossa época, por envolver o próprio sentido da vida humana.
CAPÍTULO I
A DIGNIDADE DA VIDA HUMANA
Como ponto de partida, vamos considerar a grande dignidade da vida humana, do ser humano, a dignidade inviolável da pessoa humana em comparação com todos os seres que povoam esse mundo.
Quem ainda não parou um momento para admirar a estupenda beleza, a grandiosidade da natureza que nos envolve? Certamente, todos nós já contemplamos, muitas vezes, a indiscritível beleza do reino animal: as borboletas, os pássaros, os peixes, todos os animais de pequeno e grande porte! O reino vegetal: as plantas, as flores, os frutos, os arbustos, as árvores gigantescas! Quanta perfeição!
E os rios, os mares, os astros, a aurora, as galáxias, o espaço infinito!
Imaginemos tudo isso sem a existência do ser humano: o único ser capaz de admirar tanta beleza e de utilizar tantos bens para a criação de outros; o único ser capaz de considerar a si próprio e à natureza que o rodeia; o único ser capaz de formular juízo de valores e de se esforçar para viver segundo esses valores, com sentido ético; o único ser capaz de projetar-se além de si próprio na busca de suas origens e ao encontro de seu fim último; o único ser que tem plena consciência de que vai morrer, e ao mesmo tempo anseios de eternidade e felicidade completas.
Sem o ser humano, para que serviria a natureza tão rica? Que sentido teria? Portanto, coroando o sentido da natureza, temos o ser humano com sua alma racional,
consciente de sua própria existência e dotado de sabedoria que lhe permite contemplar o mundo que o cerca.
Não há dúvida de que tudo existe para o uso da humanidade, para ser admirado, estudado, utilizado e administrado pelo homem para seu próprio bem, isto é, para o bem de todos os homens e de cada homem em particular. Mas nunca para a desvalorização do ser humano, nunca para diminuir a sua grande dignidade, pois a vida humana, o dom da vida, é um bem indivisível, é um valor que tem de ser respeitado por si mesmo, desde suas origens. Por isso, não deve ser negado, nem destruído, nem manipulado em circunstância alguma, mesmo como meio para atingir qualquer fim. "Deus criou o homem à Sua própria imagem. Não há aqui mistério a grande obra do Criador. Os homens são tão persistentes em excluir a Deus da soberania do universo, que degradam ao homem, e o despojam da dignidade de sua origem".[1]1
“Gênesis indica uma criação “especial” do homem. O texto nos diz que Deus o formou do pó da terra e soprou nas suas narinas o fôlego da vida, de tal maneira que ele se tornou uma alma vivente (2:7). O homem foi criado à imagem de Deus (1:27). Os primeiros capítulos de Gênesis ensinam claramente que o homem, desde o início, estava separado das espécies animais, era moralmente responsável.”[2]2
CAPÍTULO II
O INÍCIO DA VIDA
“Sabemos com certeza absoluta que a ontogenia humana – o surgimento de um novo ser humano – está contida nos gametas masculino (espermatozóides) e feminino (óvulo) e se produz pela fusão dos gametas – isto é, pela fecundação do óvulo pelo espermatozóide, constituindo-se assim um novo núcleo, o zigoto, com o código genético nitidamente distinto do dos gametas cuja fusão foi a causa de sua origem.
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