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Resenha: Serviço Social - Identidade e Alienação

Por:   •  19/10/2018  •  1.358 Palavras (6 Páginas)  •  360 Visualizações

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A “questão social” era vista nos EUA de forma bem reducionista, como manifestação de problemas individuais, nitidamente concebida como atividade reformadora de caráter. Enfatizou-se a busca por conhecimentos científicos nas áreas da psicologia, psicanálise, medicina e até direito.

Já na Europa, as lideranças das Sociedades de Organização da Caridade entendiam que, em vez de agir sobre o indivíduo para mantê-lo ajustado à sociedade, era preciso agir sobre esta, obtendo clareza na compreensão da estrutura da sociedade e nos problemas que nela ocorriam. A linha psicanalítica americana foi substituída pela sociologia na Europa, assim como a abordagem individual deu lugar à grupal, apesar de conservadora (com influências de Auguste Comte – pai do positivismo, sociedade passível de ser controlada por leis sociais, caminhando naturalmente para o equilíbrio e o progresso -, Fréderic LePlay – economista conservador, defendia a tese que de que a base da sociedade era a forte organização da família, da religião e da propriedade – e Émile Durkheim, grande nome da escola sociológica francesa, considerado o pai da Sociologia por muitos, via implicações morais nos problemas sociais, justificando a ação de controle seja no Estado, seja na própria comunidade).

O pensamento conservador associado à Igreja Católica, que foi se tornando presença dominante no serviço social europeu, trouxe para a prática social, ainda mais, a dimensão de controle, repressão e ajustamento aos padrões estabelecidos pela sociedade burguesa constituída.

Não eram os interesses dos trabalhadores enquanto classe que mobilizava as ações dos agentes sociais. Eram, na verdade, os interesses da burguesia que determinavam as ações da prática social. Havia então sempre uma tentativa de equacionar os conflitos e de recuperar o equilíbrio aparente, de forma a garantir a regularidade do processo social, se mostrando como freio do movimento do proletariado que lutava por melhores condições de vida e trabalho, salários dignos, legislação social e trabalhista e não ações oscilantes entre o controle repressivo e a caridade.

Com discurso e prática cujas origens são do séc VXII, com São Vicente de Paulo, os agentes sociais atuavam nos primórdios do séc XX na maior parte dos países europeus. Era então, de interesse da burguesia, patrocinar o desenvolvimento de prestação de práticas assistenciais e de prestação de serviços, anulando a dimensão política dos problemas sociais, transformando-os em manifestações particulares, dando-lhes um tratamento “terapêutico”. Assumindo uma face humanitária, o Estado e a burguesia procuravam implementar práticas assistenciais tendo como objetivo crucial bloquear o desenvolvimento da consciência de classe do proletariado e sua organização política, mantendo uma falsa representação de Estado paternal, bom e protetor.

A legitimação do serviço social e sua prática não se deram pela população usuária, porém da classe dominante – os mandantes da prática – e depois os contratadores dos serviços profissionais dos assistentes sociais. Para os primeiros – usuários – trazia a marca da imposição e repressão. Era uma prática que atendia às necessidades capitalistas. Para outros – assistentes sociais – se aliarem com Estado e Igreja e atender os desejos da burguesia era uma forma de ampliar os espaços de atuação, se consolidando como grupo profissional específico. A marcha associativa dos assistentes sociais não se dirigiu para a construção de organismos voltados para a prática política ou reivindicação profissional.

Surgiu, da 1º Conferência Internacional de Serviço Social, em Milão, a União Católica Internacional de Serviço Social – UCISS, que contando com grande apoio da Igreja e da burguesia, se tornou núcleo de sensibilização e mobilização para leigos, entendendo-a como forma de ampliar seu alcance. A concepção religiosa de mundo correspondia uma concepção religiosa de prática, que demandava, para sua operacionalização, qualidades morais e pessoais, além do domínio de conhecimentos científicos e habilidades técnicas.

A UCISS assumiu, a partir da década de 30, a formulação de uma concepção de ensino que abrangia fundamentalmente quatro áreas: científica, técnica, moral e doutrinária. As qualidades pessoais, a vocação, a disposição para servir continuavam como elementos essenciais, aos quais era preciso acrescentar o preparo técnico-científico para o adequado exercício da prática social.

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