Oligopólios do Ensino Superior no Brasil
Por: YdecRupolo • 30/3/2018 • 1.850 Palavras (8 Páginas) • 585 Visualizações
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físicas, embora com estruturas organizacionais radicalmente diferentes daquelas do
campus tradicional. Elas incluem grandes companhias comercializadas e “escolas de um
campus único, do tipo familiar, que atendem a um nicho extremamente estreito”.
(Borrego, 2002). O crescimento do setor tem sido fenomenal: o número de IFPs
graduadoras aumentou de 165 para 721 entre 1981 e 1999, e o número de matrículas
cresceu em quase 48% entre 1996 e 2000, comparado aos 5.7% do setor tradicional.
Houve um posterior aumento de 21% nas matrículas entre 2002 e 2003. 8% dos que
oferecem cursos de quatro anos e 28% dos que oferecem cursos de dois anos estão
agora no setor com fins lucrativos, e as IFPs controlam 41% do mercado de ensino à
distância por via eletrônica. Está se tornando também uma área cada vez mais atraente
para os investidores: o ensino superior com fins lucrativos deu um retorno de 108%
desde o ano de 1999. Algumas instituições sem fins lucrativos correm um risco
crescente de serem incorporadas por empresas educacionais (Blumenstyk, 2003;
Borrego & Blumenstyk, 2001; Kely, 2001; Morey, 2001; Phillips, 2003).
As IFPs nos EUA tornaram-se aptas ao serviço de assistência financeira ao estudante
em 1970, mas escândalos nos anos 90 com relação ao recrutamento agressivo de alunos
candidatos ao sistema de assistência gerou um certo descrédito por parte do governo
central. A vida tornou-se consideravelmente mais fácil, porém, sob a atual
administração Bush, que tem “sido pródiga em louvores às instituições” (Burd, 2003).
Sally Stroup, principal lobista de Washington para o grupo Apollo, foi indicada em
outubro de 2001 como secretária assistente de educação pós-secundária do
Departamento de Educação.
Os sistemas de ensino superior da Europa, com seu controle estatal mais forte, têm sido
mais resistentes à entrada das IFPs, mas há sinais de mudança. Enquanto a experiência
da Universidade de Buckingham no Reino Unido não levou a uma onda de
privatizações (a instituição é, de qualquer forma, sem fins lucrativos), a Alemanha abriu
as portas ao ensino superior com fins lucrativos com o estabelecimento da Hanseatic
University, cujos cursos estão previstos para terem início no outono de 2004, e em
breve deverá estar incluída na bolsa de valores (Chapman 2003). Portugal, já com um
terço de seus alunos em instituições privadas, é um dos alvos principais das companhias
de ensino, assim como a Europa Central e Ocidental, à medida que aumenta a demanda
por qualificação para as novas economias capitalistas.
As maiores proporções de alunos matriculados nas IFPs, porém, podem ser encontradas
nos países de baixa e média renda, particularmente na Ásia, mas também em partes da
América Latina e África. Discutivelmente, a companhia de ensino de maior êxito fora
dos EUA é National Institute for Information Technology (NIIT) da Índia, que possui
ampla rede de centros de treinamento pós-secundários de IT, bem como produção de
softwares educacionais, o que lhes confere um movimento financeiro anual de US$ 167
milhões com cerca de 500.000 alunos. A África do Sul tem o maior número de IFPs
estabelecidas do continente africano, inclusive a companhia Educor, com cerca de
300.000 alunos (Tooley, 2001).
Enquanto os países de baixa renda não têm, como regra geral, um numero suficiente de
alunos com o poder acquisitivo para sustentar um grande número de universidades
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Mercantilização do Ensino Superior
Observatorio Latinomericano de Políticas Educativas (OLPED/LPP)
Noviembre 2004
privadas, as chances nos países de média renda são muito boas. Devido à cobertura
geralmente precária dos sistemas de ensino superior existentes e à falta de
regulamentação, as IFPs podem entrar no mercado regular de graduações (bem como
nos mercados de alunos maduros, vocacional ou de ensino à distância) e têm um grande
potencial de expansão. As Filipinas têm o setor de ensino com fins lucrativos mais bem
instituído da Ásia, contando hoje com mais de 47% do total de matrículas e 66% das
instituições, mas também existem setores em crescimento na Jordânia, Malásia,
Vietnam, China, Tailândia e Indonésia (Levy, 2002; Maas, 2001). 44% de todas as
instituições de ensino superior no Brasil são agora com fins lucrativos (INEP, 2003), e o
setor está crescendo por toda a América Latina, apesar do controle estatal
tradicionalmente
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