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O Patriarcado na Colonização Brasileira

Por:   •  25/6/2018  •  1.817 Palavras (8 Páginas)  •  402 Visualizações

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A dimensão do patriarcado não se deu só com as mulheres negras, mas também sobre as mulheres brancas. Visto que as mulheres brancas da época escravocrata possuíam condições essenciais para respeitar sem contrariar o poder do patriarca. Os portugueses trouxeram para o Brasil uma forma particular de organização familiar, que se configurava em um pai e uma mãe casados perante a lei, dentro dos princípios da igreja católica, pois somente através dessa família se poderia educar os filhos dentro da moral cristã. Com isso se institui dentro da colônia um modelo de família cuja a figura central seria o patriarca dessa família, que possuía o domínio sobre seus filhos, esposa, e também sobre os escravos, os criados, e quem mais fizesse parte da família, pois nesse período as famílias eram muito extensas. Sendo uma família organizada em um modelo de autoridade, onde se tinha a divisão sexual do trabalho para se estabelecer as relações de hierarquia.

A sociedade colonial atribuía a mulher a imagem de fragilidade, pureza, formosura, docilidade, obediência e sujeição. Seriam essas as qualidades indispensáveis para uma mulher daquela época. Os pais procuravam transmitir os valores conservadores para as suas filhas, fazendo com que as moças se afastassem do pecado e se aproximassem da vida devota e recatada. A castidade, a virgindade é muito propagada em torno das religiões, por isso se tinha a cobrança da virgindade. Os casamentos aconteciam por interesses, na maioria das vezes devido a acordos políticos com o objetivo de conservação de poder econômico. Era comum os casamentos a partir dos 15 anos, aquelas que não conseguissem casamento antes dessa idade eram consideradas solteironas. O marido era escolhido pelo pais, sendo o casamento único e exclusivamente uma constituição voltada para a reprodução. Nesse espaço de dominação masculina, os irmãos mais velhos também usufruíam de inúmeras regalias, inclusive tendo o direito de controlar a vida de suas irmãs. Desse modo as mulheres deveriam prestar obediência a todo momento, primeiro ao pai e aos irmãos mais velhos, e depois ao seu marido. Aquelas mulheres que não obedecessem eram mandadas para o convento, muitas das vezes, as mulheres viam na ida para o convento a saída para não estarem submetidas aos casamentos arranjados. Existia um confinamento absoluto das mulheres no espaço social, o casamento era além da vida religiosa a clausura doméstica. Não saiam com frequência, e as poucas vezes que saíam era para irem a missa, ou em dias de festas, sempre acompanhadas pelos pais ou pelos maridos. Até para irem a igreja deveriam estar acompanhadas, não costumavam receber visitas, levavam uma vida restringida pelo isolamento, com um controle rígido da sua sexualidade. Muitas mulheres brancas incorporavam a ideia imposta pelo patriarcado, onde tinham apenas o dever de atender as vontades sexuais dos homens, mesmo que em detrimento dos seus própios desejos. Não vivenciavam sua sexualidade de maneira plena. Todas as relações que as mulheres daquela época vivenciavam se dava em torno da submissão aos princípios morais vigentes, a conduta social da mulher era diferente comparada a dos homens, que eram estimulados a iniciarem sua sexualidade bem cedo, inclusive as própias escravas iniciavam a vida sexual dos homens, eles tinham total liberdade, enquanto às mulheres tudo era proibido. As mulheres eram encarregadas apenas de desempenhar as funções domésticas, sendo os papéis sexuais desse período claramente definidos, onde o homem era encarregado de manter e prover as condições de sobrevivência da família, já a mulher era responsável pelo cuidado, amparo, os valores, a estrutura emocional e a educação dos filhos, à mulher cabia exclusivamente o papel de manter somente a condição de existência de reprodução do ambiente familiar.

No Brasil colonial a igreja tinha no matrimônio a concepção de uma base familiar sólida, onde a subordinação sexual, as tradições e costumes conservadores são fatos inerente desse período. O poder do patriarca era tão grande que ele podia controlar a justiça, a política, a produção de riqueza, pois eram os donos de terra, senhores de engenho. A autoridade do patriarca se estendia tanto no interior, quanto no litoral, pois eles tinham essa influência política de um grupo político sobre os demais, o que assegurava a união entre parentes e obediência dos escravos. O que estava no centro do processo de colonização do Brasil era justamente a família, o que fez com que a tradição patriarcal portuguesa somada com a colonização agrária e escravista resultassem na construção do patriarcado no Brasil.

Diante desse contexto é que o patriarcado é alicerçado em uma sustentação material e também ideológica muito forte. Por isso a necessidade de se ter a mulher como objeto de satisfação masculina, de deleite sexual, e consequentemente são consideradas como inferiores, sendo colocadas em posição de subalternidade, onde consequentemente se tem a negação dos seus valores.

3-CONCLUSÃO:

A partir de toda essa conjuntura histórica do processo de colonização do Brasil, onde se tem a apropriação da mulher, se estabelecendo a posse e o poder sobre ela; a lógica do patriarcado vai estar associada as relações de sexo, raça, e classe, de maneira intrínseca e dialética.

A relação de escravidão sobre as mulheres, desigualdade entre grupos, relações de hierarquia, de domínio e poder sobre o corpo da mulher, mostra esse papel sexual que se revelou o fundamento da nossa sociedade patriarcal. As mulheres sofreram historicamente relações de opressão, de violência, dentro da lógica do patriarcado. O patriarcado tem essas marcas, características fortíssimas dessas violências e opressões das quais as mulheres do período colonial viveram. A construção histórica do patriarcado está ligada desde os marcos da senzala, da chegada dos portugueses na terra brasileira, tendo essa exploração sexual das índias,

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