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Visão de um professor na inclusão

Por:   •  22/2/2018  •  4.359 Palavras (18 Páginas)  •  241 Visualizações

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Desta forma, a inclusiva tem função de desestabilizar concepções e práticas arraigadas tanto na educação regular como na educação especial, para assim contribuir para que a sociedade se torne mais igualitária e cooperativa, em benefícios de todos.

2.1. A VISÃO DE DEFICIÊNCIA NO DECORRER DOS TEMPOS

Desde o início da existência dos seres humanos, são passados a eles, de geração a geração, normas, regras e valores. Desta forma, podemos perceber que nas sociedades primitivas, por serem nômades, e por terem uma vida totalmente fora de controle humano, que dependia da natureza, com deslocamentos constantes, é claro que alguém que não enquadra no padrão social, acaba tornando-se um empecilho, e é abandonado, sem quem isso cause sentimentos de culpa.

Na sociedade grega, em Esparta por se dedicarem a guerra, valorizavam a estética e a perfeição do corpo, se a criança nasce com alguma deficiência, logo é eliminada. Já no feudal, o, porém, passará a ser estigmatizado, pois a diferença passa ter um sinônimo de pecado. No modo de produção capitalista, o foco sai do pecado teocentrismo, e vai para o antro centrismo, que busca a perfeição que esta relacionada com a normalidade, e o imperfeito não pode esta junto da perfeição, então homem vira máquina, o corpo humano passou a ser máquina, que deve ser produtiva, e não possuir nenhum problema.

A visão de que a deficiência é uma consequência anormal foi passada para a sociedade durante sua história, e hoje a pessoa deficiente é considerada como incapaz de conduzir sua própria vida (sua identidade). Sua vida é responsabilidade dos pais, estes decidem o que é melhor para o sujeito deficiente. Estes esquecem que todo ser humano possui necessidades que precisam ser satisfeitas.

Então podemos perceber que o individuo que não se enquadram no padrão de normalidade estabelecido pela sociedade, é tratado como diferente e acaba sendo estigmatizado, segregado, excluído, sendo considerado como uma espécie de negação da ordem social.

Os indivíduos considerados deficientes, sempre enfrentaram e ainda continuam enfrentando dificuldades para conviver com a sociedade.

Eles têm tido pouca oportunidade de integração em função não apenas de suas limitações, mas também, do próprio meio social que os impede de satisfazer as suas necessidades básicas. Infelizmente, a sociedade não tem buscado alternativas para interagir com a pessoa deficiente. Pelo contrario, isola aquele que considera “indesejável” criando rótulos que automaticamente discrimina-os.

A concepção da deficiência é apontada por Omote como um fenômeno socialmente construído. Como ele explica,

A deficiência não é algo que emerge com o nascimento de alguém ou com a enfermidade que alguém contrai, mas é produzida e mantida por um grupo social na medida em que interpreta e trata como desvantagens certas diferenças apresentadas por determinadas pessoas. Assim as deficiências devem, a nosso ver, ser encaradas também como decorrentes dos modos de funcionamento do próprio grupo social e não apenas como atributos inerentes as pessoas identificadas como deficientes. (1994, p.67)

As concepções da medicina tradicional, muito presentes na educação especial, fizeram e ainda fazem com que muitos dos estudos e atitudes tenham como referencial um individua abstrato e isolado da sociedade. Segundo Tomasini,

A visão estanque e fragmentada do comportamento humano, que faz da realidade individual algo independente da sociedade e da cultura, acaba por se tornar uma concepção em que a diferença é percebida como algo inato, produto da natureza... O fato essencial é que o comportamento desviante é produzido pela sociedade, na medida em que esta estabelece sua regras de funcionamento, cujo infração configura “ o desvio”, mas, inversamente, o estabelecimento da diferença vem confirmar o estado de normalidade. (1994,p.29).

As instituições especiais, que são encarregadas de prestar assistência, tratamento e educação, para os apontados como “deficientes”, também pode gerar uma violenta diminuição da autoestima.

Embora a educação especial faça parte da educação em seu sentido amplo, ela vem sendo concebida como um saber especializado, transparecendo como uma fragmentação, refletindo consequentemente o que tem sido sua prática politico pedagógica. A postura de se responsabilizar pela educação dos excluídos não deve ser assumida vestida de neutralidade.

A educação especial é norteada pelos princípios fundamentais de normalização e integração, por meio de suas instituições mantém esses indivíduos sob seus domínios, na tentativa de incluí-los num sistema normalizador, mas com isso acaba excluindo e categorizando os indivíduos em nome da normalização. Por isso, na medida em que esse individuo ingresse em qualquer instituição que ofereça serviços especiais, separados dos normais, já se inicia todo um processo oficial de segregação. A estes indivíduos marcados por uma discussão, efetivamente não é a dada à palavra. Não perguntamos o que querem ou não, o que precisam e o que precisam e o que realmente interessa, seu saber é desqualificado, considerado não competente ou insuficientemente elaborado.

Na percepção de Mazzotta, “As ações voltadas ao atendimento escolar da pessoa com deficiência tem, historicamente, reforçado a divisão da educação em “ comum” e “especial”, tem usado como pressuposto básico que a existência de uma deficiência implica o atendimento pela via especial (Mazzotta,1982, p.79).

A escola pública apresenta, nos dias de hoje, problemas de abandono do estado quer no setor administrativo, quer no apoio direto à relação docente e discente. Dentre os problemas que ela enfrenta o mais preocupante é o fracasso escolar, representado pelos altos índices de evasão e repetência.

Na visão de Caiado, “... há uma pratica segregada à dentro da escola pública, através das quais milhares de crianças são arbitrariamente identificadas como burras loucas e deficientes (1993, p. 80)”.

Quando o aluno ingressa no ensino regular e não obtém êxito. É inicialmente isolado dentro da própria sala de aula, na primeira oportunidade, é encaminhado para uma avaliação médica e psicológica. Normalmente o diagnóstico vem a legitimar o rótulo a ele sobreposto de deficiente, com isso acaba sendo encaminhado para uma classe especial.

Em relação, observa-se um desencontro entre a finalidade da classe especial e os seus processos

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