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Pierre Boudier - Campo Científico

Por:   •  5/6/2018  •  1.702 Palavras (7 Páginas)  •  272 Visualizações

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Quando Bourdie se refere ao acumulo do capital científico, trata sobre a busca pela obtenção de publicidade/poder a todo custo. Essa luta faz com que pesquisadores precipitem-se ao buscar a publicação de suas obras na imprensa cotidiana, uma forma de antecipação de resultados, buscando o que estamos a comentar, o prestígio/reconhecimento, em nome da distinção entre publicação e publicidade.

No texto Boudieu reforçar sua tese de que uma comunidade científica fará o possível para assegurar o acúmulo de dados que ela possa utilizar com precisão. Essa luta traz resultados negativos à comunidade científica como um todo. Nossas universidades estão caindo no funcionalismo e perdendo sua essência e deixando de fazer jus ao título e dever de universalição do conhecimento. Um exemplo disso são os trabalhos de extensão que cada vez menos obtêm resultados positivos, até pela falta deles.

Bourdieu destaca que o acumulo do capital científico é o resultado das lutas que atravessam o campo científico. Pois, na tentativa de se distinguir daqueles que o precedem, o “aspirante” à consagração científica tem de necessariamente incorporar as ideias, os conceitos, os métodos e as teorias já produzidas e sistematizadas numa construção nova, que tenta superar as anteriores.

Os dominantes, para Bourdieu, são aqueles que conseguem impor através de “suas” conquistas no campo científico uma definição de ciência segundo o que eles têm, são e fazem. Sobretudo aos seus concorrentes, ou seja, o obtentor do domínio é aquele que têm e consegue de forma legítima com que os seus concorrentes sejam também seus seguidores.

Os intelectuais que ocupavam as posições dominantes no campo, os mais prestigiados e reconhecidos por seus pares eram exatamente os que além da autoridade científica, conquistada por suas trajetórias no campo acadêmico e científico, detinham visibilidade no campo político. Segundo Bourdieu, é essa distribuição desigual de legitimidade no interior do campo científico que pode explicar a frequente tendência dos pesquisadores a se concentrar em torno dos problemas de pesquisa mais prestigiosos e, portanto possíveis de conseguir maior visibilidade e autoridade científica aos que a eles se dedicam.

Seguindo o texto, Bourdieu entende que as hierarquias no interior do campo científico se constituem pela posse de uma parcela maior ou menor de legitimidade científica e a atribuição dessa forma de legitimidade que implica a autoridade científica é tarefa dos próprios pares concorrentes no interior do campo. É tanto mais um processo interno ao próprio campo quanto maior for o grau de autonomia do campo ou da disciplina científica considerada.

O texto de Boudieu mostra que as decisões que os pesquisadores devem tomar com relação ao investimento à pesquisa também sofrem influencia de seu poder intelectual, grau de instrução, riscos que a pesquisa traz, grau de reconhecimento e importância de seu capital atual.

Assim as ambições científicas são medidas através da relação estatística que estabelece o prestígio de um pesquisador e o prestígio de seus títulos escolares de origem (grandes faculdades de renome mundial, instituições de influência no mundo acadêmico). Bourdieu afirma que de fato o efeito do prestígio das instituições não se exerce somente de maneira direta interferindo no julgamento das capacidades científicas manifestadas na quantidade e na qualidade dos trabalhos, ou de maneira indireta por meio de contatos com os mestres mais prestigiados.

O campo científico, assim como a sociedade, está dividido entre dois pólos: os dominantes e os dominados. Bourdie observa três possibilidades estratégicas para esses agentes: a) a conservação por parte dos dominantes; b) a de sucessão – a ascensão “por dentro” do campo, em que os agentes buscariam ascender e acumular crédito nos limites autorizados do campo, tendo, assim, uma carreira previsível e os lucros prometidos, sucedendo, com o tempo àqueles que estão na hierarquia superior; c) de oposição – “ascensão por fora”, em que os pretendentes se recusam a aceitar o ciclo de troca de reconhecimento com os detentores da autoridade científica. Nesta caso, a acumulação primitiva se fará mediante um rompimento, uma revolução, tendo como consequência a obtenção de todo o crédito, sem nenhuma contrapartida para os até então dominantes. Bourdieu encarra esse rompimento como parte da estratégia dos agentes na busca de crédito científico. Todos querem maximizar os lucros, obter, acumular e manter seu capital científico, a autoridade/competência científica reconhecida.

Porém, com mais cuidado, percebe-se que a própria revolução contra a ciência estabelecida se faz no campo científico, onde teríamos uma revolução permanente, um rompimento contínuo.

Em Bourdieu a comunidade científica tem a sua existência negada, e transforma-se em mercado científico, só que não um mercado de concorrência perfeita. A chance de cada agente ser bem-sucedido depende da posição na estrutura do campo, do mercado. Nem todos têm as mesmas oportunidades. O campo científico de Bourdieu é um espaço socialmente predeterminado, e não o resultado puro e simples da interação dos agentes.

Para Bourdie o campo científico é um corpo de conhecimentos como muitos outros, produzido por atores interessados na/da sociedade capitalista, ainda que ele explicite as condições de autonomia da produção científica que podem levar ao “progresso da razão”.

Bourdie faz críticas e desvelamentos sobre a universidade contemporânea, o que de fato impulsiona toda uma comunidade acadêmica. Uma nova forma de visualizar os relacionamentos. Nos mostra as reais faces do que acredita como campo científico.

O desvelamento de Bourdie no texto contribui para uma visão diferente do que seja o campo científico, o campo de produção das ideias. Observarei com um olhar mais maduro a comunidade acadêmica e suas variações. Pierre Bourdie desmonta todo o deslumbre que temos da universidade em um primeiro contato nos trazendo o que verdadeiramente temos que buscar e nos preparar. Traz à tona a “realidade que não enxergamos por trás dos muros”. Concordando e discordando com outros pesquisadores sobre o real entendimento de campo científico.

Aprendemos

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