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O PAPEL DO GESTOR NA EDUCAÇÃO DE UMA NOVA SOCIEDADE

Por:   •  3/9/2018  •  16.949 Palavras (68 Páginas)  •  317 Visualizações

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escolar deve, então, criar condições materiais necessárias para a realização da ação pedagógica, condições essas que configuram o âmbito da prática.

• “Curvando a vara” da administração:

Saviano enuncia a “teoria da curvatura da vara” dizendo que para endireitar uma vara torta não basta colocá-la na posição correta; é preciso curvá-la para o lado oposto, em um movimento rigoroso e radical. Saviano denunciava que, na década de 70 início dos anos 80, a “vara da Educação” pendia para uma exacerbada preocupação com os métodos pedagógicos, com o tecnicismo. A “vara” apontava para o lado da chamada Escola Nova, que julgava “as pedagogias novas como portadoras de todas as virtudes, enquanto as tradicionais eram portadoras de todos os defeitos (...)” (Saviano, 1993). Para o crítico, era necessário não recuar ao ensino tradicional, mas chegar a um equilíbrio.

Contrapondo-se à administração tradicional, surge, na década de 80 (sob influência da redemocratização no Brasil), a gestão democrática, com suas variantes gestão compartilhada, gestão participativa, etc., mais diferentes no nome que no conteúdo.

E na década de 90, para que lado aponta a “vara da Educação”? Para o participacionismo, seria a primeira resposta. Ela encontra-se, entretanto, retorcida por modismos, patrocinados por aventuras e descontinuidades da política educacional oficial. Ela não está torta, apenas tombada no chão.

A sociedade pluralista e tolerante, na qual convivem diversas tendências, tem um ritmo tão rápido que acaba por confundir pluralismo com ecletismo e síntese com justaposição. O resultado é uma gestão escolar disforme, “que é tudo e nada ao mesmo tempo” (Machado, p.78).

Embora algumas experiências de gestão participativa tenham obtido sucesso, o modelo não se multiplicou. Na prática, surgiram formas de reconcentração do poder ao diretor, esquemas sutis de manipulação, fragmentação, populismos e omissão.

A tão criticada verticalidade burocrática foi substituída pela horizontalidade burocratizada. Surge uma vastidão de comissões, colegiados e conselhos. Os membros desses grupos tornaram-se debatedores de problemas quase sempre insignificantes; e dotados de uma ilusória sensação de participação.

Enquanto a verticalização resultou em enfraquecimento e falta de autonomia da unidadade escolar, a horizontalidade burocratizada redundou em lentidão na tomada de decisões e na ação.

Propõe-se neste texto uma reflexão que busque um novo padrão de gestão, uma inflexão correta da “vara administrativa”.

• O novo padrão:

É fundamental a revitalização da função do diretor de escola. Do modelo tradicional, é importante resgatar que “administrar é planejar, organizar, coordenar” (Motta, 1987/89). A direção surge como a articuladora do projeto pedagógico, e sua função para o ensino estaria resgatada e fortalecida. Como articuladora, a direção criaria, a cada momento, as condições de partilha de poder, garantindo a participação e o trabalho verdadeiramente coletivo.

A gestão democrática também não pode ser descartada. Porém, para que ela ocorra na prática, é preciso uma escola com mais autonomia, com objetivos educacional e de gestão claros e sinceros.

Essa direção, comprometida com a transparência e a qualidade de ensino, seria um dos fatores a “embalar” a escola. E, assim como foi responsável pelo “engessamento” ou “adormecimento” da escola, a direção pode ser a força que a fará despertar.

2. O gestor educacional de uma escola em mudança.

• Introdução:

A maneira como estão sendo formados os gestores educacionais, no curso e Pedagogia deixa muito a desejar, pela inadequação da base teórica associada à prática. Os critérios utilizados na seleção de candidatos, em São Paulo, não coincidem com as exigências do cargo e com as necessidades para enfrentar os desafios colocados à frente dos diretores, supervisores, orientadores e educacionais, etc.

A propósito das propostas de gestão da mudança, não se trata de simples transposição de modelos e/ou soluções da empresa comum para a escolar, mas de busca de inspiração da empresa comum, a partir de uma compreensão dos problemas educacionais, para ajudar na solução dos problemas da empresa escolar.

Em todas as propostas se encontram a contextualização e a necessidade de mudanças, uma vez que a escola não age no vazio, mas num contexto sócio-histórico-social e o uso das modernas tecnologias é uma realidade na atualidade.

O ponto de partida do autor, para analisar o processo de formação, seleção e capacitação dos diretores de escolas públicas do Estado de São Paulo, foi um concurso público para cargos de diretores de escola, realizado pela Secretaria do Estado.

Buscou-se saber se o desempenho do diretor é apenas rotineiro ou se ele procura entender as mudanças nas condições atuais de trabalho e de falta de estímulo para lançar-se em uma atividade com tantas dificuldades e incertezas.

A consciência de assumir a direção como um membro ativo da comunidade escolar deve estar presente em toda a gestão educacional, porque a escola precisa mudar para acompanhar toda a sociedade.

• A formação atual dos gestores educacionais:

Os atuais gestores (supervisores, diretores, coordenadores, orientadores, etc.) são formados em Pedagogia (licenciatura plena), conforme Resolução CFE 02/69, anexa ao Parecer CFE 259/69, com base na Lei n°5540/68, já revogada pela nova LDB, Lei n°9394/96.

Entre a formação e a atuação dos gestores, há um enorme descompasso, porque os cursos de Pedagogia têm se mantido resistentes às mudanças na educação, que exigem repensar o ato de educar e pensar seriamente na educação continuada.

Os gestores educacionais buscam orientações para seus problemas administrativos com colegas experientes ou aguardam “ordens” da Diretoria de Ensino, em vez de buscar soluções próprias, o que exige maior conhecimento dos fatores envolvidos – capacidade de análise da situação e discernimento –, que não foi propiciado na sua formação e nem na sua capacitação.

As formas de seleção e de formação, assim como os regimentos escolares, não têm favorecido uma prática administrativa eficaz. A escola, hoje, requer gestores dinâmicos, criativos, que propiciem a autonomia prevista na legislação.

O gestor deve estar preparado para realizar um trabalho não prescrito, porque “ser dirigente

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